Amherst, Massachusetts. 1858.
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Não queria me levantar da cama. Não queria ver a luz do sol. Meu corpo inteiro doía, enquanto a minha mente se convertia em um milhão de pensamentos negativos. Lavínia já tinha subido para me chamar para o café pelo menos umas dez vezes, me fazendo até trancar a porta por causa disso. Não queria ver pessoas, falar com pessoas e nem me envolver em nada que tivesse pessoas. Queria voltar a dormir, me afundar nos lençóis e me fingir de morta pelo resto da semana, do mês, da vida. O fato de ter ferido alguém que só me proporcionou coisas boas, me fazia querer pular de cabeça da janela. Não suportava o peso de estar dentro da minha própria pele, queria poder me livrar de mim mesma.
Mais batidas na porta, tampo os ouvidos com o travesseiro na tentativa de ignorá-las.
一Emily, saia já daí! É uma ordem! 一era minha mãe.
Pela primeira vez quis desrespeitá-la e mandá-la para o inferno, mas me contive. Não sabia se estava preparada para olhar para Freddie.
Quando parece que a porta vai ser derrubada, a destranco e abro, encarando minha mãe.
一Está se fazendo de surda? 一ela questiona, me fazendo apenas ignorá-la e caminhar até as escadas.
Ao descer, dou de cara com Lavínia e papai sentados à mesa comendo. Ambos voltam a atenção para mim e minha mãe reclamando sem parar atrás.
一O que está havendo? Para que esse escarcéu? 一meu pai pergunta ao largar o jornal sobre a mesa.
一Sua filha que decidiu nos estressar hoje 一ela responde, ainda histérica.
Me aproximo para pegar um pedaço de pão apenas, dando as costas logo em seguida e a ouvindo gritar outra vez:
一Ei, para onde pensa que vai?
一Qualquer lugar no qual eu possa me suicidar em paz 一respondo calma, dando uma mordida no pão e me virando novamente.
Caminho até a minha estufa nos fundos de casa, abrindo a porta de vidro e sendo recebida por todas as minhas flores das mais variadas espécies, cores e aromas. Sorrio ao vê-las, pegando um regador que está posicionado num dos cantos e o enchendo de água numa bica para regá-las. Ninguém podia me perturbar ali, era um dos meus locais favoritos no mundo no qual ninguém ousaria invadir, só a minha irmã:
一O que foi? Me conta 一ela diz ao entrar.
一Nada, ué!
一Você não acorda assim a toa, só faz cerimônia para sair do quarto quando algo ruim acontece. Brigou com Freddie? Notei que está sem o anel.
一Não 一continuo regando.
一E então?
Me viro para ela.
一Promete não começar com um dos seus interrogatórios se eu contar?
一Prometo 一beija os dedos cruzados. Suspiro.
一Nós dois rompemos.
一É o quê!? 一ela se altera. 一Como assim?
一Primeiramente, controle seus ânimos! Não quero que a mamãe ou o papai venham aqui me encher.
一Emily, por quê? Vocês pareciam tão felizes...
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Com amor, Emily.
Romansa1857. O ano em que Emily Dickinson (Hailee Steinfeld), uma poetisa na qual o mundo nunca viu igual, se encontra em um particular dilema: encontrar um marido ideal para enfim sair da casa de seus pais. É claro que a mesma nunca quis nada disso, óbvi...