Gratitude Party

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        Amherst, Massachusetts. 1858.

...

      Após um mês do nascimento da minha sobrinha, seus pais decidiram dar uma festa em gratidão. Não era novidade a posição que Sue havia adquirido perante a alta sociedade, e como a mais nova socialite da região, era quase uma obrigação dar festas por motivos fúteis. Mas essa não. Essa festa sim tinha um propósito nobre.

       O andamento dos preparativos estava como Austin gostava, "às carreiras". Como sempre contratando gente irrelevante para ajudar, gente que mais atrapalhava do que outra coisa, enquanto Sue, estava finalmente deixando o leito. Seus dias de resguardo haviam chegado ao fim e ela podia finalmente sair para ver a luz do Sol. Mattie crescia rápido demais, engordando e aprendendo aos poucos a sorrir para nós, o que me matava de amores. Já era de se esperar que eu fosse me tornar a tia mais babona de Massachusetts, e de um certo modo eu estava pronta para aceitar o posto, sendo não só tia mas babá em tempo integral. Mattie só sossegava no meu colo, e parecia só aceitar a mamadeira quando eu punha em sua boca. Gostava de me ouvir cantar e contar histórias, eu até recitava alguns dos meus poemas. Seu sorrisinho banguela era a aprovação, e assim, ambas construíamos uma belíssima amizade.

       Já estava no entardecer, e conforme as horas iam passando, os retoques eram dados para que tudo saísse exatamente como o desejado. Mattie se encontrava em meu colo, agitada. Ficar com ela era a melhor parte do meu dia, considerando que quando precisava fazer isso, não podia fazer nada em casa. Uma maravilha!

                    一Por que está me olhando com esses olhões? 一pergunto como se ela pudesse me entender. 一Eu sei, deve ser um prazer imenso poder desfrutar da minha companhia. Seus olhinhos brilham tanto... Se parecem com os da sua mãe, sabia? 一sorrio.

                    一Quem vê assim até pensa que quer ser mãe 一diz Lavínia ao entrar no cômodo, me dando um leve susto.

                    一Como ousa interromper um momento tão íntimo?

                    一Não seja ridícula. A coitada da Mattie deve estar de saco cheio de você.

                    一Ela literalmente só fica serena comigo. Com vocês, berra sem parar. Não é de mim que ela está de saco cheio.

                    一Isso não é verdade!

                    一Faça o teste 一estendo a bebê em sua direção. Vinnie a pega relutante.

       Assim que Mattie migra dos meus braços para os de Lavínia, abre a cara a chorar. Seu rostinho inchado e seus olhinhos transbordando lágrimas são demais para mim, me fazendo pegá-la de volta.

                    一Eu sei, meu amorzinho, a tia Vinnie é chata, eu sei 一digo enquanto tento acalentá-la. 一Viu?

                    一Isso não é justo! Você nunca gostou de crianças, sequer tem paciência com elas e eu que sempre soube lidar melhor, a minha sobrinha tão doce te escolhe?!

                    一Temos uma conexão 一digo em deboche.

                    一O que houve? Ouvi os gritos da Mattie 一minha mãe adentra ao cômodo, ainda de avental.

                    一Nada, é só mais um dos ataques de ciúme da Lavínia.

                    一Lavínia, volte para a cozinha! Ainda não terminamos.

       Vinnie sai pisando duro como uma criança emburrada. Volto, então, a atenção para a neném em meu colo.

                   一É, minha querida... Você terá muito entretenimento nessa casa quando crescer.

Com amor, Emily.Onde histórias criam vida. Descubra agora