Capítulo 3

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Leonard Brown Davis

— Calma, Flash - acaricie sua crina. Flash é da raça Puro-Sangue Inglês, totalmente negro. Foi um tanto complicado de domá-lo mas quando o encontrei ele era bem pequeno, no máximo tinha uns três meses, e foi um achado e tanto pois essa raça é cara, não que hoje eu dia eu não tenha condições mas convenhamos que na época eu não tinha lá esse patrimônio que tenho hoje em dia.  

    Não costumo falar muito do meu passado, acredito que ele é melhor oculto, não permito que ninguém toque no nome daquele crápula perto da minha mãe, ela já sofreu demais na mão dele, não precisa lembrar de tudo agora que ele morreu. Tem cinco anos que o velho faleceu, cinco anos que eu herdei tudo que ele tinha, sendo elas muitas terras, algumas fazendas, mercados etc. O velho era um ser humano desprezível, mas ninguém pode falar que ele não era bom em negócios.

— Esse cavalo não é meu amigo- Bruce negou se afastando. Segurei uma risada enquanto descia de Flash.

— Você que é um medroso, meu amigo - neguei colocando Flash de volta no estábulo - sabe que é você quem vai cuidar dele quando eu precisar resolver assuntos fora da cidade, não sabe?

— Eu? Mas nem a pau que eu vou chegar perto desse bicho, eu cuido de todos, a Amora é tão dócil, deixa eu cuidar dela, coloca o Mali pra cuidar dele.

— Mali fica no curral e nas plantações, sabe bem disso, você foi criado no meio de cavalos, cara, por quê tem tanto medo desse? - perguntei em um tom de brincadeira, cruzando os braços.

— Quer mesmo saber o porque? Olha o tamanho dele, eu sou magro, se esse bicho pisa em mim eu chego do outro lado do mundo, e ele não gosta de mim, sempre que eu chego perto ele vem pra cima- Bruce sempre foi dramático, desde a época do colégio.

— Por que ele quer carinho, não adianta querer que ele se acostume com você se nem ao menos chega perto do coitado.

— E se depender de mim não vou chegar mesmo - resmungou saindo do estábulo. Soltei uma risada enquanto abria a camisa, esse calor do interior é um inferno, e olha que já estou acostumado a 32 anos.

    Encarei o relógio no pulso e já ia dar 17:00, o que me fez correr logo para casa, tinha prometido a minha mãe que a ajudaria em casa, acabei ficando mais do que deveria. Sim, eu sou um homem de 32 anos que ainda mora com a mãe, mas eu tenho uma justificativa.

    Eu sempre fui o cara romântico, que sonhava com uma família muito diferente da que eu tive, então eu só tinha em mente sair da casa da minha mãe, para uma minha com minha esposa, infelizmente meus planos de casar com 24 anos não aconteceu e aqui estou eu, com 32 anos já desacreditado de que irei encontrar minha possível alma gêmea, eu sei, meio bobo de se falar assim, mas na minha mente, isso é vivo até hoje.

    Mas enquanto isso não acontece, vou continuar morando com a minha mãe, pelo menos consigo distraí-la depois de anos sofrendo.

    Entrei no carro o mais rápido que pude e dirigi até em casa, minha sorte é que era uns 10 minutos de distância do celeiro até em casa, então seria rápido. Como esperado, cheguei em casa já estacionando e saindo do carro, pareço uma criança que fez besteria e corre para esconder antes que os pais descubram.

    Passei pela porta de casa sem fazer barulho, se eu conseguir subir para meu quarto em silêncio e tomasse um banho, dona Leonora não ficaria tão brava por eu ter atrasado quase uma hora e ainda entra em casa todo sujo.

— Não adianta subir na calada, mocinho - e parece que meu plano foi por água abaixo.

— Oi, mãe - virei com um sorriso inocente no rosto. Minha mãe estava sentada na poltrona bordando seus panos de prato.

Na noite em que eu te encontreiOnde histórias criam vida. Descubra agora