Por amarte así

Capítulo 6

A manhã do dia seguinte chegou tão rápido que Dulce  sentiu como se nem tivesse ido para casa, no dia anterior. E para piorar ainda mais, a professora de biologia já começou o dia querendo inventar moda em sua aula.

 

Professora: Quero que façam duplas! – Ela disse em seu tom alto a frente de todos. – Façam duplas, eu disse duplas e não trios e quartetos turma. – Ela disse olhando para certas pessoas. – Vamos lá, façam duplas… só vou dizer mais uma vez, quero duplas e não trios!

Ucker: Faz comigo, senhorita mau humor? – Perguntou Ucker esbanjando o seu lindo sorriso para Dulce 

Dul : Eu não sou mal humorada. – Ela disse de cara feia.

Ucker: Tem certeza? – Ele riu achando graça.

Dul: Tá bom… Não importa, senta logo aqui, para essa mulher parar de gritar logo. – Disse Dulce dando um leve puxão na cadeira do colega.

Professora: Agora que todas as duplas estão formadas. – Disse a professora ainda em tom alto a frente de todos. Quero que façam as páginas onze e doze, vale dois pontos e é para hoje, só aceito hoje! - Terminou de falar sentando-se a sua mesa.

 

Dulce até estava ouvindo o que a velha professora estava falando, mas não estava prestando a mínima atenção em seu conteúdo. Estava mais preocupada com esse novo garoto estranho, que estava sentado ao seu lado. Pensou em puxar assunto com o menino, mas optou pela opção de abaixar a cabeça e tentar dormir até a hora do intervalo. Tentativa que foi inútil já que o novato começou a tagarelar.

 

Ucker: Perfeito! Esta vendo senhorita mau humor?! – Ele sorriu implicando com a veterana.

Dul: Eu… não… sou… mal… humorada! – Ela disse com raiva levantando a cabeça rapidamente.

Ucker: Claro que é, olha para você, toda nervosinha porque te chamei de mal humorada. – Ele ainda sorria.

Dul: Eu odeio que me chamem assim. – Ela olhava de cara feia para o colega.

Ucker: Para de ser assim Dul, seja mais… – Ele gesticulava com as mãos. – Mais… solta… Mais sorridente. – Ucker forçou um sorriso com a mão, levantando os cantinhos da boca de Dulce 

Dul: Não. – Ela tirou rapidamente a mão dele de seu rosto. – Eu vou dormir. – Disse com raiva e abaixou a cabeça.

Ucker : Levanta a cabeça Dulce! – Ele colocou a mão em seus cabelos que hoje estavam soltos. – Eu já fiz o dever, mas vai ter que ficar conversando comigo para fingir que fez também.

Dulce: Você já fez o dever? Onde? – Ela levantou a cabeça depressa.

Ucker : Em casa, fiz até a página vinte e três, eu gosto dessa matéria. – Ele disse abrindo o livro.

Dul:  Você é mesmo louco, sabia? – Ela disse sem acreditar.

Ucker : Louco ou não, eu fiz o dever e você não vai ter que fazer nada, além de conversar comigo é claro. – Ele sorriu como se ganhasse uma batalha.

Dul: Do que você quer conversar? – Perguntou sem animação alguma apoiando a cabeça em uma das mãos.

Ucker: De tudo, me fale de você, do que gosta de fazer, se tem ou se já teve um namorado, quantos anos você tem, com quem mais você mora… essas coisas.

Dul: Eu gosto de muitas coisas, não tenho e nunca tive um namorado, tenho dezesseis anos, moro com minha irmã e minha mãe… Mais alguma coisa? – Ela disse ainda seca.

Ucker: Olha Dulce, eu to tentando ok? – Quem pareceu meio irritado agora foi ele. – Mas já que você não tá afim, deita e dorme mesmo, é melhor para você e para mim… – Ele se virou para frente se ajeitando a cadeira. - Por isso que não tem amigos… – Disse baixo.

 

Foi exatamente o que ela fez, deitou a cabeça na carteira, mas não conseguiu dormir, ficou o tempo inteiro pensando no que havia acabado de ouvir.

Dulce nunca teve amigos, não sabe nem como se faz um. Esse jeito rancoroso que ela tem é pura defesa, não tem culpa de ser uma menina cheia de preconceito nas costas. Sempre teve todas as pessoas lhe criticando, jogando coisas, sendo ruins com ela.

E pela primeira vez na vida uma pessoa está sendo legal, mas infelizmente ela não está conseguindo abaixar a guarda.