Bianca poderia dizer com propriedade que aquela tinha sido sua pior festa em toda vida. E de festas ruins ela tinha um vasto rol para escolher. Saber que Rafaella estava na estrada sozinha no meio da noite deixou a morena a ponto de um surto. Procurou Caon e só se acalmou quando um dos funcionários da fazenda levou o rapaz para ajudar a amiga.
Bianca estava se sentindo uma idiota.
Uma idiota por ter estragado a festa de Rafaella, não por ter brigado com ela. Ainda estava magoada. Uma mágoa que dificilmente se dissiparia facilmente, uma vez que a morena nutria muitos sentimentos negativos sobre a loira. Existia uma briga travada silenciosamente desde a época que eram pré adolescentes. Tinha muito tempo, mas Bianca ainda se recordava, aparentemente Maria Júlia também.
— E aí, vai fingir que não lascou um beijão na agrogirl gostosa no meio da festa do Caon?
Bianca suspirou ao se lembrar da cena dividida com Rafaella há minutos atrás. Se fechasse os olhos ainda sentiria o corpo da mulher agarrado ao seu. O cheiro delicioso invadindo o seu espaço, as mãos firmes na cintura. Suspirou novamente.
— A gente ficou, grande coisa.
— Você ficou com ela no meio de todo mundo, Bia. — Mari começou atraindo atenção das duas outras — E fez isso pra marcar território. Vocês estão tendo alguma coisa mesmo ou foi coisa de momento?
— Até parece que você não conhece a nossa amiga, Mari. Essa aí deve tá dando volta na agrogirl, mas não admite que gosta dela.
— Para de falar isso! Por favor. Eu tô angustiada demais pra pensar no que eu fiz agora.
Os olhares trocados entre Flayslane e Mariana foram significativos, ambas pensaram a mesma coisa sobre a resposta da amiga.
— A gente ia passar a noite aqui, Bia. O Caon falou pra gente ficar num dos quartos pra não voltar dirigindo pra cidade.
Bianca concordou com um aceno sabendo exatamente o que Mariana queria dizer com aquilo. Era oficial. A festa tinha acabado para elas.
Caon demorou a voltar, mas como tinha dito que elas poderiam ocupar qualquer um dos quartos disponíveis, as três escolheram o primeiro que acharam na grande casa. Bianca foi a primeira a se jogar na cama, encarando o teto em completo silêncio.
Pensou em mandar uma mensagem para Rafaella perguntando se ela estava bem, mas chegou à conclusão de que não estaria respeitando o espaço que ela tinha pedido. E Rafaella tinha respeitado o seu quando ela precisou.
— O que aconteceu, Bia?
— Eu não sei, Mari. Não sei mesmo.
Bianca piscou algumas vezes tentando entender como chegou ali sozinha e não acompanhada por Rafaella. Aquilo tinha sido uma crise de ciúmes? Não, Bianca não aceitava aquela possibilidade. Não aceitava porque não queria reproduzir o que já tinha vivido por muito tempo e que quase a destruiu.
Foi pensando nisso que começou a chorar. Não sabia muito bem porque começou a chorar, mas chorou. Chorou sendo acolhida pelas duas amigas que com toda calma do mundo ficaram em silêncio consolando a morena. Flay encarava Mariana com uma expressão bem próxima de "e lá vamos nós", imaginando que teriam uma noite longa de conversas e conselhos.
Rafaella estava irritada, mas não era uma completa idiota. Depois de meia hora caminhando em completo silêncio e escuro, a mulher viu uma das caminhonetes de Caon se aproximar. Aceitou mesmo a contragosto a carona e voltou para casa em completo silêncio.
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Caso Indefinido - Rabia
FanfictionNuma pacata cidade do interior de Goiás, Rafaella vivia sua vida monótona e sem grandes acontecimentos ao lado dos amigos e da garota que tanto era apaixonada. Dona de um sorriso fácil e simpatia envolvente, a jovem só desejava uma única coisa em su...