Mulher de palavra

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Bianca não precisou de muito para capturar toda a atenção de Rafaella assim que se sentou na mesa. Trocando de lugar com Mariana, que aceitou instantaneamente ao perceber que Caon estava ao lado de Rafaella, a agrogirl sentou-se na cadeira descansando o braço no encosto da cadeira de Bianca.

Se fosse em um lugar onde as fofocas não corriam soltas, as duas se passariam facilmente por um casal.

Mas estavam em uma cidade com pouco mais de 14 mil habitantes. Todos se conheciam, e todos sabiam dos detalhes dos acontecimentos.

— Você nem avisou que chegaria hoje, sua cretina!

A risada envolvente da mulher causou em Bianca sensações que não sentia a muito tempo. Inconscientemente, a morena se aconchegou em Rafaella, aproximando a cadeira até onde podia.

— Desculpa, tive uns problemas durante o dia.

— E resolveu? Esses problemas.

Ao notar o olhar irritado da loira do outro lado da mesa, Bianca sentiu surgir de dentro de si uma vontade de marcar território, percebendo que seu braço envolvia a cintura de Rafaella num aperto forte.

Encarou Maria Júlia do outro lado novamente, franzindo o cenho ao notar um sorrisinho de canto nascer nos lábios vermelhos e inchados. Do que aquela vagabunda estava rindo?

Antes que pudesse continuar naquela troca de olhares, Bianca sentiu Rafaella deslizar o nariz pelo seu cabelo, tirando a morena daquela perca de tempo.

— Resolvi. Cê tá cheirosa demais, Biazinha. Veio ver alguém interessante hoje?

— Não. Achei que quem eu queria ver não apareceria.

— Ah, é? Posso saber quem é?

Antes que Bianca pudesse dar continuidade naquela brincadeira gostosa, Rodolffo voltou à mesa com aquela cara de quem não tinha feito nada. A vontade que a morena tinha era de jogar uma das garrafas de vidro naquela cara feia dele.

Não soube dizer quanto tempo ficou encarando o homem que agia com naturalidade, só saiu do transe quando sentiu Rafaella beijar sua testa com tanto carinho que fez Bianca se derreter por completo.

— Desculpa, Rafa, eu vou embora. Não estou me sentindo bem.

A mudança na mulher foi tão brusca que arrancou olhares curiosos dos amigos sentados à mesa, mas Rafaella nem se importou, muito menos Bianca.

— O que está sentindo?

— Não é nada. Só um pouco de cansaço. Não é nada demais.

— Tem certeza?

O tom de voz preocupado de Rafaella quase fez Bianca contar toda a verdade. Gritar que Rodolffo tinha tentado beijá-la no corredor que dava acesso ao banheiro, mas porque aquilo era tão incômodo assim? Será que Rafaella ficaria tão sentida com aquela informação? Talvez, e Bianca não queria causar sentimentos ruins para sua agrogirl.

Estavam em um clima gostoso, e na verdade, elas não tinham nada além de amizade.

— Tenho sim, Rafinha.Vou deixar minha parte com a Flay e vou buscar meu rumo. Foi bom te ver hoje. Estava com saudades.

O sorriso que Rafaella deu à Bianca era tão sincero e apaixonado, que por um longo período deixou a morena sem palavras. Ficaram naquela troca de olhares por tanto tempo que só saíram dela quando alguém da mesa chamou por Rafaella. Era Caon perguntando alguma coisa que Bianca não fez questão de saber o que era.

Mas a resposta chamou a atenção da morena.

— Não, já tô indo embora. Sabe como é, cansaço da viagem. Dirigi sozinha e a estrada é cansativa.

Caso Indefinido - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora