Para dar um jeito nas dores nas costas, Rafaella achou uma única saída. Deitada no sofá da antiga casa, a mulher recebia uma massagem deliciosa da mãe que ao receber a notícia do tombo da filha, se prontificou em ajudar. Seu falecido marido havia tido algumas quedas e a mulher sabia como ajudar a cuidar.
— Tem que ser mais cuidadosa, minha filha. Cavalo é coisa séria, pelo amor de Deus.
— Eu vou ser. Não montarei mais no Encantado. Já entendi o recado dele.
Genilda pareceu satisfeita com a resposta da filha, finalizando a massagem que fazia há alguns bons minutos. Rafaella se vestiu, ocupando um lugar no móvel ao lado da mãe. Por algum motivo desejou passar a noite ali, sem fazenda, sem a casa que tecnicamente era dela.
Desejou voltar à faculdade, mas estava tão difícil conciliar as duas coisas.
— Aliás, dona Genilda, eu fiquei sabendo de uma coisa e não gostei nadinha. — a senhora de idade fingiu não saber do que a filha estava falando, mas claramente sabia. Só precisava convencer Rafaella e mais ninguém.
— O que foi, querida? — questinou se levantando para guardar o óleo de massagem usado a pouco tempo.
— Eu não estou namorando a Maju. E aquela aliança não devia estar no dedo dela. Por que mentiu pra ela?
— Ué, você é uma mulher tão séria. Imaginei que gostaria de oficializar o caso com a moça. Que inclusive eu apoio e muito. — Rafaella sentiu uma vontade imensa de contrariar a mãe, dizendo que nunca nem chegou perto de querer oficializar alguma coisa com Maria Júlia. A vontade foi tanta que nem percebeu a falsidade da mãe.
— Mamãe, isso foi terrível! Agora tenho um problema nas mãos. Como vou explicar que eu não quero compromisso?
— Mas você quer. Ou não quer?
— Não com ela! — Genilda arqueou as sobrancelhas, fingindo surpresa ao ouvir o óbvio. — Eu não quero a Maju. Não dessa forma.
— E vai me dizer que você quer a Bianca.
— Vou. Eu sou completamente apaixonada por ela. Ainda não consigo acreditar que nossa tentativa falhou daquela forma. — o tom de voz inconformado transparecia o quanto aquele assunto incomodava a fazendeira. Genilda percebeu que estava no caminho certo, só não iria exagerar para não chatear a filha.
— Bom, eu já disse o que eu acho. Se não for dar certo com a Maju, pode dar com outra moça. Você tem muitas opções desde sempre. Esse rostinho lindo ninguém resiste. — o aperto nas bochechas da filha causou um riso baixo na mulher mais velha. Não era por ser sua filha, mas Rafaella era irresistível de adorável. Uma verdadeira princesa.
— Eu já disse que eu quero a Bianca!
— Namorando a menina que ela mais desgosta? É desse jeito que você demonstra que quer ela? — Rafaella ficou calada sem saber o que dizer. Não estava namorando a loira, e nem iria fazer aquilo, mas sobre um ponto sua mãe estava certa. — Na minha época as coisas eram diferentes. Seu pai não ficava paquerando alguém que eu desgostava. Muito pelo contrário. Ele era um doce comigo. Como você costumava ser com ela, aliás.
Rafaella se calou. Odiava o fato da mãe estar certa, mas não mais do que odiava o fato de ter perdido o timing com Bianca. Agora não podiam tentar novamente, longe de todos os comentários maldosos de Rodolffo, porque Bianca estava com seu amigo.
Uma história que não fazia o menor sentido para a fazendeira.
— Eu quero ela, mãe.
— Não sei, você não parece ter tanta certeza.
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Caso Indefinido - Rabia
FanfictionNuma pacata cidade do interior de Goiás, Rafaella vivia sua vida monótona e sem grandes acontecimentos ao lado dos amigos e da garota que tanto era apaixonada. Dona de um sorriso fácil e simpatia envolvente, a jovem só desejava uma única coisa em su...