Repelente

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Rafaella foi a primeira a acordar naquela manhã. A cortina estava aberta e os raios do sol maltratava os verdes sensíveis pela iluminação.

Piscou os olhos algumas vezes, notando que ainda estava nua e que Bianca agarrava sua cintura com força. Foi incapaz de evitar o sorriso no rosto. A posse da morena era adorável, assim como seu biquinho entreaberto ressoando enquanto dormia profundamente.

Pensou em voltar a dormir, mas assim que fechou os olhos ouviu batidas fortes na porta. O som alto acordou Bianca no susto, fazendo o coração da morena bater desenfreado no peito. Rafaella a abraçou instintivamente, puxando o corpo para voltar a deitar em seu peito.

— Calma, é só a minha mãe.

Bianca arregalou os olhos ainda mais assustada. Se Genilda entrasse e visse as duas peladas em um colchão no chão, a cena se explicava por si só. A senhora ficaria horrorizada, e com razão.

Rafa? Filha, por que a porta tá trancada?

Rafaella riu, se contendo para não fazer muito barulho e a mãe ouvir sua risada. Bianca diferentemente, tinha os olhos arregalados e o coração a mil. Não estava achando graça daquilo, nenhum pouco.

Estava apavorada.

— Mãe, eu tô podre de sono, a gente pode se falar mais tarde?

A encenação de Rafaella era digna de Oscar. O bocejo no final foi o desfecho perfeito para convencer a senhora do outro lado da porta de que a filha tinha acabado de acordar com as suas batidas na porta.

— Tá bom, filha, a mãe tá indo caminhar. Daqui a pouco tô de volta.

Ouviram passos se afastando do quarto e então Bianca pôde finalmente respirar aliviada. A risada rouca de Rafaella fez a morena bater no ombro com a palma da mão. Era um absurdo ela estar tão tranquila quando tinha a mãe na porta a um passo de pegá-las no flagra.

— Para de rir, sua besta!

— Você ficou toda nervosinha. Tá devendo quem, Bi?

— Você é idiota, viu?! Uma grande idiota.

— E você é uma gostosa.

Bianca não estava preparada para aquilo. Tinha transado com Rafaella, a sua Rafinha, e tinha adorado. Tanto que estava quase se rendendo às carícias ousadas da mulher em suas costas enquanto tinha o corpo maior entre os braços. Quase.

— Eu tenho que ir. Meu Deus! Minha mãe vai me matar!

— Relaxa, Bi, fala que estava comigo.

Bianca encarou Rafaella como se ela fosse uma lunática. Se a mãe soubesse daquela loucura, a morena estaria totalmente fodida. Mônica tinha um amor irracional por Rafaella, o sonho da mulher era ter a garota como nora.

A morena definitivamente não precisava daquela perseguição dentro de casa.

Esgueirou para fora do colchão sentindo a falta do calor que emanava do corpo de Rafaella instantaneamente. Ainda estava nua, e sentiu as bochechas queimarem ao perceber o olhar safado de Rafaella.

— Para de olhar!

— Bi, cê pediu pra eu meter com força ontem, o que tem eu olhar pra você pelada?

O rosto de Bianca mais parecia um tomate maduro, tamanha vergonha que sentia. Tinha feito aquilo de fato, mas era diferente. Entre quatro paredes no escuro da noite até a dama mais contida se transforma em uma amante voraz. Com Bianca não seria diferente.

Caso Indefinido - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora