— Eu sinto muito, Rafa! — com lágrimas nos olhos e o queixo trêmulo, Bianca pediu tentando tocar em Rafaella.
— Não foi sua culpa.
— Mas eu sinto muito!
Rafaella revirou os olhos, se aproximando da mais baixa. Talvez se dissesse aquilo encarando os olhos castanhos, Bianca acreditaria em suas palavras. Aquele desastre não era culpa de Bianca, tão pouco sua culpa, o único culpado era Rodolffo e todos sabiam disso, até mesmo ele que havia fugido no momento em que tudo apertou.
— Vamos! Eu disse pras mocinhas entrarem na viatura! Estão esperando o quê? Um tapete vermelho? — a estupidez do policial fardado fez Rafaella revirar os olhos com raiva da falta de educação do velho. Certo que era feriado e que ninguém merecia trabalhar aquele dia, só desejava um pouco de paciência por parte do velho.
— Por favor, seu polícia, eu já falei que a culpa é minha e não da Rafa...
— Pelo amor de Deus, Bi, fique quieta! — Rafaella pediu abaixando a voz para somente Bianca escutar, mas foi em vão. A morena estava decidida a se sacrificar pela amada. Aquela altura, com o álcool correndo em suas veias, era isso que Bianca acreditava. Um sacrifício pelo amor da sua vida.
— Me prenda, mas não prende ela!
— Bianca, fique quieta.
— Rafaella, controla sua mulher que eu não sou pago para assistir show de bêbado.
— Bianca...
— Mas, Rafa, a culpa foi minha!
Rafaella suspirou percebendo que não tinha escolha. Teria que ir de acordo com o que Bianca queria, ou talvez fossem presas por desacato e tudo o que ela menos precisava era de outro inquérito em seu nome.
— Certo, Bi, a culpa foi sua. Agora vamos pra delegacia, tudo bem?
— Tudo bem, mas eu não vou na mesma viatura que ela! — apontando o dedo com raiva para a mulher encostada na lataria da viatura, Bianca sentiu o sangue ferver em ódio. Era como se ela estivesse adorando o caos que tinha instalado em poucas horas.
— Não adianta desdenhar do prato que você comeu, Bi.
— Não seria cuspir no prato que comeu? — surgindo pela primeira vez ali depois da confusão, Gizelly se pôs ao lado de Rafaella cruzando os braços em frente ao peito.
— Cala a boca, Gizelly. — ordenou Rafaella entre dentes. Não precisava de mais uma bêbada fazendo seu show.
— E quem é você?
— Sou advogada da Rafaella. Doutora Gizelly.
— Eu... — atordoado por aquela situação, o policial começou, pensando duas vezes no que iria dizer. Cansado e irritado, resolveu dar fim àquilo tudo. — Vocês três entram na porra dessa viatura. E você... — disse apontando para Gizelly que mantinha a pose séria. — Dá o fora daqui.
— Ei, você não pode...
— Por favor, Gi. Eu ligo se precisar.
Pondo fim no desastre, Rafaella abraçou Bianca pelos ombros, caminhando até a viatura. Encarou feio a mulher que estava encostada no carro, como se dissesse para ela sair de sua frente, mas ela nem mesmo se importou. Sorriu abertamente, mostrando os dentes sujos de sangue pela briga recente. Rafaella desejou voltar a se jogar contra aquele corpo e enchê-lo de porrada.
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Caso Indefinido - Rabia
ספרות חובביםNuma pacata cidade do interior de Goiás, Rafaella vivia sua vida monótona e sem grandes acontecimentos ao lado dos amigos e da garota que tanto era apaixonada. Dona de um sorriso fácil e simpatia envolvente, a jovem só desejava uma única coisa em su...