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CHRISTOPHER UCKERMANN

Já faz algumas horas que estou deitado em minha cama, mas não consigo dormir. Ainda estou pensando em tudo o que aconteceu hoje e minha mente vaga entre o desastroso show de talentos e minha conversa com Dulce em seu quarto.

Eu não pensei que Dulce fosse reagir desse jeito, mas agora vejo que a melhor coisa que fiz foi convencer o diretor a não expulsá-la. Dulce precisa de ajuda, ainda não entendo por quais motivos tenta chamar atenção, mas já percebi que ela se esconde atrás do deboche e da rebeldia. Não entendo essa necessidade que sinto, mas eu preciso conhecer a verdadeira Dulce. Eu quero muito ajudá-la.

Meu relógio indica que são quatro horas da manhã, talvez seja melhor transformar essa insônia em algo produtivo, já tem alguns dias que estou querendo aumentar meu treino, mas ando sem tempo com a faculdade e preparando as aulas, então vou começar hoje.

Jogo o lençol para o lado, levanto e arrumo minha cama. Todo um banho gelado para despertar meus músculos e visto minha calça de corrida, uma camiseta branca e abro meu guarda roupa em busca de um casaco, esse horário ainda costuma fazer frio do lado de fora e vai demorar um pouco até meu sangue esquentar.

O casaco que Dulce devolveu está pendurado ali e automaticamente o pego e levo até meu rosto. Seu cheiro doce parece impregnado no tecido, ela parece ter usado esse casaco por muito tempo.

"Agora que estou saindo daqui, acho que não tem problema nenhum eu confessar as coisas que fiz enquanto usava este casaco e pensava em você."

Consigo ouvir sua voz soar outra vez, o sarcasmo nítido em seu tom, o brilho divertido em seus olhos, mas sempre tem algo acompanhando-o. Algo que desconheço... Não entendo porque ela sempre me olha desse jeito, como nenhuma mulher me olhou, pelo menos, não que eu tenha percebido.

Ela não pareceu envergonhada quando ficou seminua em minha frente, nem mesmo tentou se cobrir. Ela parecia querer mais daquilo, seus olhos simplesmente escureçam quando tocou os próprios seios e se aproximou de mim. Quando perguntou se eu queria tocá-la, parecia ansiosa por isso e, talvez, se ninguém tivesse entrado na sala, ela seria capaz de levar minhas mãos até lá e guiá-las.

Sinto um volume se formar em minha calça e afasto casaco do meu rosto, jogando-o para longe. Tento respirar fundo, mas minha respiração está pesada demais, eu preciso parar de pensar nisso...

— Deus me perdoe por estar falhando nessa provação, mas eu vou me esforçar mais, eu prometo senhor.

Saio do quarto e começo a correr pelo pátio do colégio, focando em sempre colocar um pé na frente do outro e tirando Dulce da minha mente. Depois que eu me exercitar, vou até a igreja e vou me confessar, eu preciso do perdão de Deus e não pretendo mais falhar.

DULCE MARÍA

A única coisa que eu gostava nessa maldita prisão era das aulas de Christopher, porque era divertido provocá-lo e ficar observando-o enquanto eu pensava em todas as obscenidades possíveis que queria fazer com ele, mas agora que estou com raiva dele, tudo se tornou um tédio.

Anahí está bastante chateada comigo pelo que fiz no show de talentos e pelo que ela viu no camarim, ela nunca aprovou que eu provocasse tanto o seminarista e me passou um longo sermão sobre eu quase metê-lo em problemas se outra pessoa entrasse. Por esses motivos, nessa última semana esse lugar se tornou um verdadeiro tédio e não estou com vontade de fazer nada além de ficar em minha cama, com meus fones no máximo.

Hoje é sábado e o primeiro dia do meu novo castigo. Em outro momento eu ficaria feliz em passar o dia atrás de Christopher, mas eu já disse o quanto estou com raiva? Eu estava a um passo de me livrar disso daqui, de voltar para minha casa e ele me prendeu de novo.

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