CHRISTOPHER UCKERMANN
Passei os últimos dias tentando esquecer do meu reencontro com Dulce, e ainda tive que encarar as mensagens que Maite me mandou, precisei pedir desculpas a ela e expliquei que estava tentando fugir de uma aluna, ela riu da situação - talvez se soubesse da história toda não teria rido - disse que não tinha nenhum problema, mas continua flertando comigo a cada palavra e eu não sei como cortar isso, porque sou o principal culpado.
Pensar em Dulce e me esquivar de Maite acabou desviando o meu foco principal para esses dias de folga, que era procurar algum projeto social que eu possa me voluntariar sempre foi algo que eu gostei de fazer e sinto falta de trabalhar com as crianças. Quando chegar em casa à noite, vou começar a pesquisar isso.
Hoje é dia de aula, mas toda a preparação que fiz para encontrar Dulce outra vez, foi em vão. Ela não estava na sala quando cheguei, até pensei que estava atrasada, já que nunca foi um exemplo de pontualidade, mas ela não apareceu em nenhum momento, então consegui dar a aula menos tenso, interagi com meus alunos e expliquei o assunto de um jeito mais leve. Ela não ter aparecido foi realmente muito bom.
Quando a aula termina, eu decido ir jantar no shopping que tem próximo ao apartamento que estou alugando, ainda não matei toda a saudade que eu sentia da culinária brasileira. Escolho um rodízio de churrasco e estou prestando tanta atenção no cardápio exposto na porta que acabo me esbarrando em alguém.
— Desculpa! — franzo o cenho ao encarar o homem à minha frente, porque é muito familiar.
— Christopher? Não acredito que é você!
— Christian? — ele assente animado e sorrio largamente — Quanto tempo eu não tenho notícias suas!
— A última coisa que soube é que você ia virar padre! — ele me olha de cima a baixo e ri — Graças a Deus isso não era verdade!
— Eu quase virei, para ser sincero. Entrei para o seminário, mas acabei desistindo
— Nossa, ainda bem! Seria um desperdício — ele sorri de lado e sorrio sem graça. Ele está dando em cima de mim? — Está esperando alguém? — nego com a cabeça — Vamos pegar uma mesa juntos então! Temos muito para conversar!
Concordo prontamente e escolhemos uma mesa. Christian e eu fizemos faculdade juntos e éramos amigos, mas depois cada um seguiu seu rumo e eu entrei para o seminário, então perdemos o contato. Eu conto para ele sobre o mestrado que fiz na Europa e um pouco de minha vida e ele faz um grande resumo de sua também.
— Eu amo dar aulas a crianças, por isso acabei entrando em um projeto social para dar aula também — arregalo os olhos — Porque está surpreso assim?
— Porque eu estava disposto a chegar em casa hoje e pesquisar por algum projeto que eu pudesse me voluntariar. Será que lá tem vaga?
— Sempre tem vaga, o lugar está crescendo cada dia que passa e a Candy não nunca diz não a nenhuma criança — ele sorri largamente — Ela é a dona do projeto, você vai gostar bastante, é de nossa área, apesar de ser mais nova.
— Só de ter criado esse projeto, já mostra que é uma pessoa de bom coração — sorrio — Quando você pode me levar lá?
— Vou dar aula lá à tarde, quer me acompanhar? — concordo prontamente — Tenho certeza que vai se apaixonar por lá.
— Espero que sim, estou precisando de um propósito e ensinar a criança é algo que amo.
***
Acordo extremamente animado no dia seguinte e acabo chegando em frente ao local meia hora antes do horário combinado com Christian e fico esperando dentro do carro, porque não quero atrapalhar sua aula. É uma enorme coincidência que o local se chame Centro Cultural Sandro Botticelli, o nome que sempre quis dar quando conseguisse ter um projeto assim. Deve ser um sinal de Deus que vou encontrar um pouco de paz nesse lugar.
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Redenção
Fanfiction+18| FINALIZADA | Dulce María é uma jovem de dezessete anos que acabou de se formar no ensino médio e se aproveita da fortuna dos pais para aprontar todas pela cidade. Por causa disso, seus pais a enviam para um colégio interno religioso, onde a ob...