Capítulo 2

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Sina Deinert

  Nunca tinha visto um homem tão lindo como aquele, mas tinha uma coisa obscura em seu olhar; ele parecia infeliz, doente e frio

  Ele me olhou e uma quentura tomou conta do meu peito, senti uma vontade de abraçá-lo, de fazer carinho até o fazer sorrir.

  Loucura! Eu não tinha lugar na minha vida para relacionamentos e quem iria querer namorar uma manca? Ninguém.  (Legal agora eu sou um ninguém)

- Vamos ver o que você sabe sobre ballet? - chamei Nina, que levantou e me seguiu em silêncio - Sabia que eu era uma bailarina como você?

  Contei abrindo uma sala vazia

- Sério? - Ela me olhou compenetrada - Sua perna...

  Nina percebeu que eu mancava disfarçadamente, e com sua sensibilidade infantil  deduziu que era complicado dançar assim.

- hoje não consigo mais dançar como antes, mas amo a dança e a musica - suspirei feliz e ela sorriu 

- também amo dança .Um dia serei famosa - falou rodopiando 

  Meu coração se apertou com suas palavras, pois era o mesmo que eu pensava em sua idade quando minha mãe me levava para a aula; eu sonhava com o grande dia, no qual seria reconhecida

  Tempos bons... Eu sentia falta da minha mãe.

- Com certeza você será famosa. Porém precisa treinar duro, dar o seu melhor e sorrir muito - expliquei, ligando o som - Bailarinas sorriem, são disciplinadas, levam alegria e sonhos para as pessoas

- é! - bateu palmas, contente - Vou ser assim

- Então vamos ver como você se sai. Plié

Ela sorriu  e se agarrou a barra, fazendo o passo que solicitei

- Tendu

  Mais uma vez ela fez, Nina era aplicada, a dança estava em sua alma e me senti viva olhando para ela; Eu me senti vibrar. Aquela menina era achando e eu Dar na meu melhor para ajudá-la.

-Rond de jambe - Ela me fez ainda desajeitada mas com alma - Isso, princesa.  Você é uma verdadeira bailarina

Bati palmas, feliz, e ela gargalhou de felicidade. Esse som encheu minha alma de alegria.

Quebra de tempo

  Olhei para meu quarto e peguei minha mala para descer as escadas. Ouvi a voz do meu pai na cozinha, ele estava chateado  por saber que estava indo morra na casa do meu novo chefe, não se conformava, mas era melhor assim. Meu pai se casou de novo depois da morte da minha mãe, tinha um filho pequeno e minha madrasta fazia questão de não esconder o desgosto com minha presença.

  Sei que meu pai me amava, mas não tinha lugar para mim naquela nova família, com tudo que aconteceu, eu perdi a amizade deles, não conseguia me comunicar mais como antes e era difícil ver todo o meu sonho indo por água abaixo.

- Ela precisa de ocupação, Inácio - A voz da minha madrasta era alta - Nunca mais vai dançar, entenda! Nós não temos condições de manter mais uma boca.

- Ela é minha filha  não é mais uma boca! Eu odeio como você fala da Sina - ele resmunga

  Fiz barulho, enquanto descia as escadas para que os dois me ouvissem 

 - Filha...-  Meu pai saiu da cozinha e veio me ajudar com as malas - Tem certeza?

- tudo bem, pai. é só por um tempo, pois eu preciso trabalhar - Dei de ombros - Ficará tudo bem 

Salva-me ᵃᵈᵃᵖᵗᵃᵗⁱᵒⁿ ⁿᵒᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora