Capítulo 4

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Noah Urrea

Desci para jantar e uma dor aguda apertava minha cabeça. Já previa uma crise de enxaqueca para mais tarde.

A mesa estava posta como sempre, e no mesmo horário. Sentei e comecei a ser servido.

Uma gargalhada chegou meus ouvidos, e a funcionaria me olhou sem graça, em seguida voltou a me servir.

Outra gargalhada de criança acompanhou a primeira, era um milagre, nina nunca sorria. Depois da morte da mãe eu jamais ouvi uma gargalhada daquelas.

Coloquei o guardanapo na mesa e levantei

- Senhor, elas estão apenas conversando - minha empregada tentou argumentar

Olhei para ela com uma cara feia e a silenciei

Fui até onde as de duas se encontravam e fiz questão de não ser visto, as duas estavam sentadas à mesa, jantando e rindo. Sina falava ou fazia alguma coisa, que Nina ria muito, ao ponto da minha garotinha jogar a cabeça para trás de tanto que sorria.

Meu coração vibrou, um calor subiu e me aqueceu, ela estava bem, estava feliz e graças àquela moça com aparência de anjo.
Voltei para a mesa solitária, uma pontada de inveja se alojou, elas estavam se divertindo sem mim, elas sorriam sem mim, olhei para todos
os lados e suspirei. Nasci para ser sozinho, não merecia mais nada.

- Senhor?

- Perdi a fome. Vou para o escritório.

Não consegui dormir bem, o que não era novidades há muitos anos.

Levantei e fui correr aos arredores da vinícola.
Era meu exercício diário para manter o corpo e a mente sã.

As vezes tinha a sensação de que ia enlouquecer, perder o equilíbrio mental.

Parei alguns metros e tentei respirar, estava molhado de suor pela corrida, tinha sonhado mais uma vez com a morte de Liana e suas palavras, aquelas que colocaram toda as minhas crenças de cabeça pra baixo 

  Uma respiração ruidosa veio da trilha, assustado, porque a pessoa parecia estar passando mal , eu me dirigi para lá. atrás das folhagens das uvas , vi, Sina de roupa de ginastica, estava sentada no chão , massageando a perna, com cara de dor 

  Fiquei a observando, sem saber como tabular uma conversa, ela fazia sentir ansioso, como se eu estivesse sempre errado 

- droga - ela resmungou com a mão na perna - você também podia cooperar 

   Ela estava conversando com a própria perna ? serio? muito estranha aquela garota..

  Tossi para que ela me notasse 

- Ah senhor Urrea.... eu , eu desculpa, eu.... - Atrapalhou toda tentando levantar, mas nao consegui 

   Aproximei-me e abaixei para  ficar com o olhar em seu nível- Alguma coisa com sua perna? - perguntei 

- Não na verdade eu preciso fazer caminhada sempre, mas acho que fui muito longe e agora travou - explicou, ficando com as bochechas vermelhas - não consigo levantar 

- Dói ?- olhei para sua perna e seu perfume adocicado invadiu minhas narinas. Sina cheirava fores e frutas -venha, eu vou ajudar você 

- Eu estou bem, daqui a pouco ela volta a funcionar - tentou sorrir, mas falhou 

- Venha eu levo você

- Senhor Noah

- Venha Sina é uma ordem 

Salva-me ᵃᵈᵃᵖᵗᵃᵗⁱᵒⁿ ⁿᵒᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora