Capítulo 25

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25

É hoje. Finalmente chegou o dia em que vamos à produtora para conversar sobre sermos agenciados e, quem sabe, fechar o contrato. Assim como eu, Nicole estava ansiosa e nervosa. Todos nós nos vestimos combinando as roupas para passar uma boa impressão. Afinal, estávamos já com a resposta na ponta da língua: queríamos sim ser agenciados pela JM Estúdios. É uma oportunidade única, o sonho de qualquer banda ou cantor de Serro Azul do Agreste.

Enquanto estávamos assinando o contrato, a mão tremendo de felicidade e um sentimento de reconhecimento tomando todo o nosso ser, pensei em meu avô. Como ele sempre me apoiava e incentivava a seguir a música e, agora, ali estava eu, fechando um contrato com uma das melhores agências de talento de Serro Azul. Pronta para seguir meu coração e ser feliz fazendo a única coisa que eu sabia fazer e fazia bem.

— Bom, meninos, é basicamente isso. Vamos ir marcando outras reuniões durante a semana para vocês irem à gravadora, acertarmos as faixas para o disco, as sessões de gravação, o show que vai estrear vocês e o visual do grupo. Pode parecer muita coisa, mas iremos cuidar de tudo pra vocês! Deixem suas agendas livres.

— Obrigada! — nós agradecemos.

— Estamos extremamente animados para trabalhar com vocês. — Caio apertou a mão da produtora.

Eu estava dando um passo grande em minha vida, estava extremamente feliz que não conseguia me conter. Só queria compartilhar isso logo com minha mãe, meu irmão, meu avô e Carolina.

Assim que pensei na garota dona dos olhos grandes e redondos mais lindos que eu já vi, puxei o celular do bolso traseiro da minha calça jeans e olhei o aplicativo de mensagens.

Annaju:

Oi! Você tá bem? Não atendeu minha ligação.

Annaju:

Amanhã eu vou assinar o contrato com a gelara.

Me deseje sorte.

Annaju:

Você tá' muito ocupada? Acabamos de assinar com a produtora.

Annaju:

Quando ler as mensagens, me liga

Ela nem chegou a ler as mensagens, o que me deixava preocupada. Será que estava mais uma vez dobrando no trabalho e cheia de exposições para planejar? Carolina não costumava ficar muito tempo sem entrar em contato ou pelo menos avisar que está ocupada.

— O que foi? — Nick sussurrou em meu ouvido, provavelmente notando a preocupação em meu rosto.

— Não consigo falar com Carolina. — dou de ombros, guardando o celular em seguida e tentando prestar atenção na reunião.

Nick ficou me encarando por longos minutos até o namorado dar um toque nela. Eu senti que ela queria me dizer alguma coisa e seu olhar de certa forma pesava muito, tanto que mal conseguia encará-la de volta.

— Se vocês tiverem alguma dúvida ou precisarem de algo, entrem em contato por esse número. — ela distribuiu seu cartão pessoal para cada um. — Por ora, peço que desativem as redes sociais e qualquer meio de contato público. A agência vai criar novas contas para vocês e mandar um e-mail com todas as orientações necessárias. Não se esqueçam que vocês farão sucesso e serão famosos, manter a imagem é tudo o que importa.

(...)

— Oi, tia! — a senhora que estava de costas para mim, cortando caule das flores em uma cesta de madeira, se virou para mim.

— Annaju! — ele veio me abraçar. — Pensei que não viria hoje. Quando eu passei pela sua casa, seu irmão disse que você estava lá no Sul.

— Foi, precisava de um tempo... — tentei não entrar muito em detalhes.

— Que bom que você voltou! Veio só para visitar seu avô ou voltou de vez? — ela pegava os girassóis.

— Voltei de vez! — agradeci enquanto pagava a ela.

— Que bom, menina! Vá logo. — ela chacoalhou as mãos indicando para que eu fosse ver meu avô.

— Obrigada, dona Lurdes!

A mesma recepcionista de sempre sorriu para mim e liberou minha entrada, agradeci a ela e segui pelo caminho até o túmulo dele. Peguei um lenço do bolso da minha calça jeans para limpar sua foto e tirei as flores murchas, colocando as novas.

— Oi, vovô. — sorri, colocando as mãos no bolso e olhando para o céu que estava um azul claro e limpo. — Eu estou bem. Finalmente o senhor não precisa mais se preocupar comigo. — voltei a olhar para seu rosto enquadrado. — Nesse último ano aconteceram muitas coisas, eu fui para Santa Catarina, onde você e a vovó moravam, foi legal. Eu acabei lendo o seu diário e, como sempre, o senhor me ajudou de novo, mesmo de longe. Então, obrigada, vovô, por está sempre comigo. — as lágrimas rolaram pelo meu rosto, mas já não doíam tanto quanto a última vez que eu estive aqui. — Quase ia me esquecendo, um vídeo da nossa banda fez sucesso e agora vamos ser agenciados! Eu estou tão feliz, vovô! Meu sonho virando realidade, eu poderia viajar pelo mundo todo fazendo as coisas que eu mais amo nesse mundo: cantar e compor. É isso, eu achei minha verdadeira vocação que é compor músicas, a banda adorou as músicas que eu escrevi quando estava em Santa Catarina e me apoiaram, o Lucas também amou! Está tudo finalmente indo bem, sabe? Eu sinto muito a sua falta, mas eu também quero viver vovô e, principalmente, te dar orgulho aí de cima. — suspirei.

Como eu queria que ele estivesse ali para dizer que já estava orgulhoso.

— Lembra da Carolina? Eu falei dela da última vez. — comecei a corar e desviei o olhar como se ele realmente estivesse ali me olhando provocativo. — A gente meio que está saindo, mas... — abaixei a cabeça. — Sinto que as coisas não estão indo bem ultimamente, a gente não tem tempo mais uma para outra. Sei que não somos mais crianças e agora temos novas preocupações e responsabilidades da vida adulta, mas eu sinto a falta dela, sinto falta de passar a tarde com ela só escutando música e rindo... Mas como eu disse, é só impressão minha. — voltei a sorrir. — Então, é isso vovô. No próximo ano, eu estarei aqui de novo. — acenei.

Como de costume, fiquei um tempo admirando o seu sorriso sincero na foto até meu celular vibrar e tirar minha atenção.

Carolina:

Parabéns!

Carolina:

Estou ocupada agora, mais tarde eu te ligo.

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