Capítulo 24

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24

O dia de hoje não foi muito movimentado na loja, as pessoas, principalmente os adolescentes e os adultos, vinha mais sexta-feira ou nos finais de semana. Então, eu basicamente tive que explicar por duas horas a diferença de um baixo, uma guitarra e um violão para uma senhorinha que queria comprar um presente para sua neta. No final, ela comprou o disco da banda preferida da menina. Como Nick falou, Alexandre realmente é um imprestável. Ele chegou atrasado mais uma vez, sempre parecia que tinha corrido uma maratona, chegava suado, descabelado, ofegante e com as roupas amarrotadas, e ficava a maior parte do tempo no depósito jogando, mas eu não me importava muito porque era realmente um prazer trabalhar ali. Quando estava sem movimento, eu ficava entre as prateleiras olhando e admirando todas as capas dos discos.

— Anna. — o dito cujo de repente surgiu de trás do balcão, me assustando. — Cadê seu celular? — ele nem fez o esforço de me olhar nos olhos.

— Tá na minha mochila. — porque diferente de você eu levo o trabalho a sério, pensei.

— A chata da Nicole mandou dizer que é para você ir para a garagem. — Alexandre ergueu o celular onde mostrava a sua conversa com Nick, mas mal deu para ler.

— Mas...

— Pode ir, eu fico por aqui. Acho que não virá mais ninguém além de pessoas desocupadas e velhas.

— Não tem problema mesmo? — eu estava receosa de sair no horário de trabalho.

— Claro que não, pode ir. Acho que é urgente. — ele deu de ombros e voltou a sumir por de trás do balcão.

Ainda incerta, peguei minhas coisas na sala dos funcionários e, a passos lentos, saí da loja. Nem quando eu filava aula sentia tanto medo e receio. Quando eu cheguei à garagem de Caio, todos já estavam lá.

— O que foi que aconteceu? Por que estão aqui nesse horário? — será que é algo sério.

— Annaju! —Nick foi a única capaz de dizer (gritar) alguma coisa.

Os outros dois me olhavam com as caras assustadas como se tivessem visto um fantasma.

— Meu Deus!O que foi? — perguntei ansiosa.

A gente viralizou. — PH falou baixinho.

— O quê? — olhei para eles e peguei o notebook que estava apoiado na perna de Caio.

O vídeo mostrava um vídeo nosso de um dos ensaios de ontem, mas não estava na galeria e sim no Youtube. Desci um pouco a página e entendi o choque de todos, em vinte quatro horas o vídeo já tinha quinhentos e vinte nove mil visualizações, cento e vinte seis mil curtidas e mais de dez mil comentários.

MEU DEUS! — exclamei quase me jogando para trás.

— Não é só isso. — Caio pegou o notebook de volta e abriu o seu e-mail, logo virando ele para mim novamente. — Uma produtora entrou em contato comigo hoje de manhã. — ele explicava enquanto eu lia. — Leia o nome.

— A JM ESTÚDIOS? — gritei ao terminar de ler o e-mail.

No e-mail, a produtora entrava em contato com a gente para que fôssemos lá conversar sobre a possibilidade de nos agenciar e produzir um disco dos Forasteiros.

AI MEU DEUS! — não me segurei. — E agora?

— Agora vamos ligar para eles e agendar um horário. — Caio digitava rapidamente, respondendo o e-mail.

— Isso, quanto antes melhor. — PH o incentivava.

Estávamos vivendo um sonho. Desde o início queríamos fazer sucesso, mas nunca tivemos a chance e agora uma agência famosa queria nos agenciar.

— Mas, calma, como esse vídeo foi parar no Youtube? — olhei para os três reunidos no sofá.

Nick e PH viraram o rosto para Caio e o mesmo ficou vermelho como um pimentão.

— Bom, eu posso ter postado achando que tava privado. — deu de ombros. — Vocês sabem que eu deixo meus vídeos no meu canal.

Um desleixo fez isso, era quase impossível de imaginar. Meu celular não parava de vibrar desde que eu saí da loja e quando eu peguei para ver, vi várias notificações no aplicativo de mensagens e no Instagram. Tinha uma mensagem da minha mãe perguntando se no vídeo era a minha banda, várias mensagens de Nick me chamando para ir à garagem urgentemente e uma mensagem de Carolina pedindo para eu ligar quando visse a mensagem. No Instagram, eu tinha ganhado vários seguidores, curtidas e comentários nas minhas fotos, principalmente naquelas com a banda. Isso estava acontecendo mesmo?

O telefone tocou.

— Amor, você viu? — Carolina falou assim que eu atendi. — Mais de quinhentas mil visualizações! — ela vibrava.

— Eu acabei de ver!

— Nicole me mandou o vídeo! Vocês arrasaram mesmo, acho que metade das visualizações é minha! — Carolina não parava de falar, demonstrando tamanha empolgação. — Annaju, eu vou ter que ir. Tenho um trabalho para apresentar agora, até mais tarde! — desligou antes mesmo que eu dissesse alguma coisa.

Eu e Carolina estávamos assim, ambas ocupadas e sem tempo. Isso não estava nos afetando como no início, ainda conversávamos quando algo nos chateava, mas o problema é que nossa vida estava tão movimentada que mal tínhamos tempo para se chatear com alguma coisa. Ela também tinha começado a trabalhar, fazia meio período em uma lanchonete ao lado da faculdade e havia se mudado para o campus.

Não tinha como negar que estávamos um pouco mais distantes

Bom, isso não é um problema.

A vida é assim. Certo?

Não é como se fôssemos terminar.

Annaju vem ler os comentários!

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