Capítulo 7

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7

Carolina Almeida estava em todo o lugar e agora estava deitada ao meu lado na cama, compartilhando da mesma música. Tocava Exagerado do Cazuza em um volume considerável para que não atrapalhasse Lucas e Emily, que estavam no quarto ao lado. Carolina estava calada, os olhos fechados e a boca entreaberta, as duas mãos repousadas sobre a barriga que mexia conforme sua lenta respiração. Meus olhos estavam sobre ela, a admirando e pensando na noite anterior, quando a mesma me contou um pouco sobre ela e deixou um beijo no canto dos meus lábios. Depois daquilo, Carolina parecia não querer sair da minha cabeça, fazia questão de estar lá e lembrar o toque dos seus lábios em minha pele.

Por você eu largo tudo. Vou mendigar, roubar, matar. — seus lábios mexem lentamente com graciosidade, a voz soa sussurrada e calma. — Até nas coisas mais banais... — as pálpebras levantam calmamente e logo seus olhos voam em minha direção. — Pra mim é tudo ou nunca mais.

Depois de alguns minutos a música acabou e ficamos em silêncio, eu e Carolina nos entreolhando sem dizer uma só palavra ou fazer sequer um movimento.  Parecia tão bom e caloroso está assim com ela, sem fazer nada e apenas curtindo o momento ao seu lado, mas isso durou até minha playlist, no modo aleatório, começar a tocar Toda Forma de Amor do Lulu Santos. A música cortou todo o clima da bolha em que estávamos, mas serviu para Carolina levantar da cama em um pulo e começar a movimentar o corpo no ritmo da música.

— Vem. — ergueu o dedo indicador e fez um sinal para que eu me aproximasse. Carolina exalava sensualidade.

Levantei da cama e fiquei ao seu lado no centro do meu quarto. Não fazia a mínima ideia do que fazer, apenas coloquei a mão nos bolsos traseiros do meu short de moletom e mexi a cabeça no ritmo da música, o olhar nunca deixando de admirar Carolina está que mexia as curvas sem se importar com nada. E realmente nada parecia importar além dela ali dançando.

— Bora, Annaju! Eu adoro essa música. — suas mãos agarraram as minhas e ela me puxou, de forma desengonçada, para acompanhá-la.

Eu realmente não tinha ideia do que fazer. Tocar para as outras pessoas dançarem não me fazia uma dançarina nata. Por isso, balancei a cabeça no ritmo e continuei a encarar seu rosto. Ela estava tão perto, a mão envolta da minha cintura e o rosto sereno. Se de longe ela já era bonita, de perto então... Uau. Carolina parecia uma obra de arte, pintada com cuidado e delicadeza.

— Por que você fica me encarando assim? — ela parou de dançar e me encarou, os braços se apertaram mais em torno da minha cintura.

Porque eu te acho linda. — as palavras saíram no automático, eu mal tive tempo de processar, pareciam está ansiando para serem ditas há muito tempo. Minhas bochechas coraram e eu abaixei a cabeça, os cabelos soltos caindo sobre meu rosto e me ajudando a me esconder.

Esperei que ela se afastasse, dissesse algo ou apenas ignorasse, mas ela riu. Carolina riu e se aproximou mais, como se fosse possível. Os dedos finos foram até as mechas do meu cabelo e as colocou atrás da orelha, tendo a visão completa do meu rosto vermelho como tomate.

— Eu também te acho linda, Annaju. — e aquela merda de sorriso de novo.

Ela estava ali, me tocando, dizendo que me achava bonita também e tão perto. Carolina estava tão perto que eu pude sentir a sua respiração calma em meu rosto, seus olhos grandes aos poucos se fechando e aquele sorriso encantador. Eu me sentia em outro mundo, no mundo dela, completamente anestesiada pelos seus toques delicados e as sensações que ela me causava.

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