Capítulo 4

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♪ ♥

— Eu odeio matemática.

Não sei se eu repetia sempre essa mesma frase porque de fato odiava matemática ou porque Rogério Eugênio era o professor.

Acontece que, por incrível que pareça, nem matemática e nem Rogério Eugênio estão no topo da lista de coisas que eu odeio profundamente. Acima de tudo, eu odeio fazer trabalho e ter que apresentá-los. Qual é! Não é mais fácil fazer uma prova ou sei lá? Além de que Rogério não faz o mínimo esforço para prestar a atenção na apresentação e a nota é de acordo com sua avaliação pessoal.

— Annaju, nem é tão difícil. — Larissa tentava, mas aposto que até ela mesma já desistiu.

— Olha, Lari, eu só to aqui porque não acho certo você fazer o trabalho todo, mas não aguento mais. — me joguei sobre o tapete rosa felpudo de seu quarto.

— Fique de boa. — ela se jogou ao meu lado, pegando o seu celular e colocando uma das músicas da playlist que eu fiz para ela. O silêncio se instalou e pude escutar ela suspirar profundamente uma, duas, três vezes. — Eu preciso te contar uma coisa... — Larissa começou com um tom brando, me fazendo entrar em estado de alerta para o que viria a seguir.

— Larga o doce, mas, se for mais alguma coisa sobre a fanfic que você leu, saiba que-

Eu beijei uma garota.

Ãn?!

— Ãn?! — levantei abruptamente e a encarei, mas ela se recusava a me olhar de volta.

— Eu beijei uma garota, Annaju, e eu curti pra caramba. — suas bochechas branquelas coraram rapidamente.

— Uma garota? — eu parecia mais com um disco arranhado, mas, veja bem, ela de repente disse que beijou uma garota e eu precisava de um tempo para digerir isso.

Não que eu fosse homofóbica ou coisa do tipo, mas Larissa nunca demonstrou interesse em garotas e sempre fomos muito abertas uma com a outra. Se ela tivesse interesse teria me contado, certo?

— Então, você é lésbica? — arqueei uma das sobrancelhas tentando entender.

Até onde eu sei Larissa, só tinha beijado um garoto em toda a sua vida.

— Eu sei lá. — deu de ombros.

— Como "sei lá"? Você beijou uma garota, isso não te faz lésbica?

— Ai, Annaju, as coisas não são assim e tipo assim, para mim, ainda é complicado, sabe? Não quero determinar isso agora. Só sei que ela é tipo linda. Ontem eu saí com meu cachorro para passear com ele no parque. Aí ela veio e ficou brincando com o Chaves e depois me chamou para dar uma volta, quando eu vi já estava beijando.

Beijando uma garota.

— Uma garota.

Não sei o porquê, mas meus pensamentos foram até Carolina, seus lábios carnudos e vermelhinhos. Como é beijar uma garota? Ou melhor, como é beijar Carolina Almeida?

Balancei a cabeça, não acreditando nos pensamentos sem noção que eu estava tendo.

E aí? — a estimulei a continuar.

— E aí que trocamos o telefone e vamos marcar um rolê no cinema. — Larissa parecia verdadeiramente animada.

— Massa. — apenas fiz um movimento com a cabeça.

Sobre Músicas e Chicletes Tutti-FruttiOnde histórias criam vida. Descubra agora