Capítulo 29

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— Mãe! A Anna Júlia tá na televisão. — meu irmão chamou minha mãe que veio correndo com um pano de lavar prato nas mãos.

— Na verdade, eu estou ao seu lado. — o empurrei de leve e ele fez um sinal para que eu calasse a boca, aumentando o volume da TV.

"Hoje, a banda nacionalmente famosa, Os Forasteiros, anunciou em suas redes públicas que farão o último show antes da pausa de um ano." um tweet da equipe apareceu na reportagem. "O show vai acontecer às oito da noite, no local onde fizeram o primeiro show..."

Antes que eu pudesse escutar o resto, meu celular tocou e eu fui até a cozinha para atender.

— Alô.

Oi, Annaju — a voz de Guilherme soou na linha. — Já anunciamos publicamente sobre o show. Paula pediu que vocês fizessem uma live juntos hoje falando sobre como é está de volta, de preferência que seja onde vocês ensaiavam antes de fazerem sucesso.

— Tudo bem.

Já falei com Caio e os outros para começarem a live daqui há uma hora. Como queremos algo natural, será só vocês, sem a equipe. Ah! Eu também mandei por e-mail as informações sobre o show.

— Beleza. — desliguei a ligação e olhei o horário do celular.

— Não se esqueça de descansar após os ensaios, nada de compor! — ele me repreendeu como se estivesse falando com uma criança e eu só consegui ri. — Até mais! — desligou.

— Mãe, eu vou tô indo na Caio, vamos fazer uma live

— Tá bom, querida. — ela apareceu no batente da porta da cozinha, mas depois sumiu de novo. — Lucas, abre na live para a gente ver.

Eu ri novamente. Acho que meus maiores fãs eram aqueles dois. Subi as escadas até o meu quarto para me arrumar, tomei um banho rápido e procurei a blusa da banda  que geralmente usamos nas lives para promover nossos produtos.

Mãe! Você viu minha blusa preta com o nome da banda? — gritei.

Eu falei pra ela que não precisava desfazer minha mala, mas ela insistiu dizendo que eu não voltava há muito tempo e que finalmente podia ver meu quarto bagunçado novamente. Abri meu guarda-roupa e joguei as roupas em cima da cama atrás da blusa e de um short jeans qualquer até bater minha mão em alguma coisa e uma caixa cair no chão.

Droga! — resmunguei.

— Tá na primeira gaveta! — minha mãe abriu a porta abruptamente.

— Mãe! — resmunguei de novo, dando um pulo com o susto. Não acredito que mesmo com vinte quatros anos na cara, ela ainda não aprendeu a respeitar minha minha privacidade.

— Desculpa, desculpa. Primeira gaveta, hein, mocinha. — riu e fechou a porta.

Peguei a blusa na gaveta e a vesti, penteei meus cabelos para trás, passei um perfume e já estava pronta para sair se não fosse aquela bendita caixa caída toda aberta no chão. Finalmente a peguei e, com ela, sentei em cima das roupas amontoadas na cama.

É só uma caixa amarela amassada sem nada escrito. Abri e vi algumas coisas jogadas. Peguei a primeira coisa que vi, um caderninho, e reconheci que era o caderno do meu avô que eu peguei na casa da minha tia Viviane. Estranhei, porque normalmente eu guardava as coisas do meu avô em outro lugar, mas, quando eu folheei o caderno em suas mãos, uma folha amassada e amarelada caiu e eu lembrei do que se tratava.

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