Capítulo 05

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EDA

— Sim, somos nós.— Piril respondeu me despertando.

Allah, Allah. Por que eu estava encarando esse homem tanto assim?

— Ótimo. — Sua voz era firme.— Posso saber qual de vocês escreveu esta carta para a minha mãe, Aydan Bolat? — Ele retirou seus óculos escuros e eu pude ver que seus olhos eram da cor de um verde impressionante.

Arfei surpresa, um grande sorriso começando a tomar conta do meu rosto.

— Eu escrevi.— Me levantei em êxtase e fui em sua direção.— Não acredito que chegou até você.

Seus olhos verdes se fixaram em mim, encarando-me de cima a abaixo em uma inspeção minuciosa que me fez estremecer.

— Pois é.— Ele sorriu, mas percebi que seu sorriso não chegou aos olhos.— Os britânicos não costumam mudar de casa.

— Isso é incrível. Faz apenas uma semana que eu escrevi!

— Foi uma carta muito... amável.— Ele franziu os lábios, como se a última palavra fosse tóxica e colocou uma das mãos na base das minhas costas, nos conduzido para um canto mais afastado da sala, sob os olhares atentos das outras mulheres.— Mas agora me diga, o que diabos você estava pensando?

Abri a boca em choque pela sua mudança de comportamento.

— Eu pensei que ela merecia uma resposta.

— Trinta anos atrás, talvez, não agora! — O homem parecia estar perto de uma síncope.

— Não sabia que o amor verdadeiro tinha data de validade.— Rebati, cruzando os braços em desafio a sua audácia.

Ele riu de mim. Uma risada rouca que arrepiou todos os pelos do meu corpo. Mas o quê?

— Amor verdadeiro? Está brincando? — Ele me olhava como se eu fosse uma louca.— Tem ideia do que teria acontecido se ela não tivesse fugido?

— Tenho sim, você não estaria aqui. E a ideia por si só é ótima!

Ele bufou e eu comemorei internamente pelo seu pequeno descontrole que era um verdadeiro contraste com sua vestimenta e cabelo muito bem alinhados.

— E quanto a você? O que faz aqui? — Pelo brilho de seus olhos eu soube de imediato que aquilo era uma provocação.— É uma mulher solitária vivendo a vida através dos outros?

— Não sou solitária, tenho um noivo! — Levantei o queixo orgulhosa e sorri por dentro ao ver sua arrogância enfraquecer.

Ele rapidamente se recuperou e soltou um riso de zombaria.

— Meus pêsames ao noivo, então.

E antes que eu pudesse refutar, ele me deu as costas e saiu depressa. Fiquei parada alguns instantes tentando absorver o que diabos tinha acabado de acontecer, minha boca abrindo e se fechando tal como um peixinho.

Mas quem ele achava que era para falar comigo dessa forma? Isso não vai ficar assim, mas não vai ficar assim mesmo!

Andei apressada em seu encalço.

— Ei, você! — O chamei, mas era óbvio que o riquinho idiota estava me ignorando.— Então, é assim? Veio de Londres até aqui para me dar um sermão?

— Não.— Ele olhou para mim por cima de seu ombro enquanto andava.— Vim para não deixar minha mãe vir sozinha.

— A Aydan está aqui? Por que? — Soltei um gritinho entusiasmado.

Cartas para Julieta| EdSerOnde histórias criam vida. Descubra agora