Capítulo 15

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Mas será que somos todos estrelas perdidas
Tentando iluminar a escuridão?
Lost Stars, Adam Levine.

EDA

Fechei os olhos, respirando fundo e abrindo a boca em seguida para colocar o ar para fora.

Repeti as mesmas ações, respectivamente, não uma, não duas, mas cinco vezes; tentativas falhas em que eu continuava a insistir por resultados. Entretanto, o exercício de respirações profundas não faziam efeito contra o meu organismo nervoso.

Olhei para o aparelho telefônico guarnecido em minhas mãos quentes e o apertei contra o peito, com força. No meu registro de chamadas e mensagens, havia apenas trocas de conversas entre mim e algumas pessoas especiais em minha vida.

Titia pedia por atualizações da viagem, pedindo por fotos e relatos dos meus dias.

Leyla pedia por socorro. Segundo a mesma, Erdem era um tirano autoritário, exigindo que ela estivesse junto a ele, 24 horas por dia, 7 dias da semana. Minha amiga turca completou seu ponto ao dizer que sempre poderia processa-lo e terminou me desejando uma boa semana.

Piril, ansiosa por novidades, dizia que mal podia esperar para ler as minhas anotações e pediu para que eu me divertisse ao máximo.

Ceren, sempre divertida, esperava um vinho de minha parte para que pudesse desfrutar de uma noite quente com o seu marido, Ferit.

Melo, uma romântica incurável, perguntava se os encantos do ruivo sexy já haviam me conquistado.

Figen, ainda que séria, dizia que eu poderia voltar a qualquer hora e, caso precisasse de alguma ajuda, eu sempre poderia ligar para ela. Ela sabia muitas formas de matar alguém.

Agradeci por suas considerações, embora nenhuma delas tivesse conhecimento sobre a traição de Deniz.

Meu coração aquecia com as mensagens das minhas amigas tão queridas.

Era engraçado que o último quarteto citado e eu, mesmo diante do curto tempo, estabelecemos uma conexão extraordinária que iluminava nossas auras, nem mesmo a diferença de nossa faixa etária parecia uma problemática.

Suspirei, meus olhos voltados para o jardim ao lado de fora. Pensando em como não havia nenhum sinal de vida advindo do homem que se propusera a colocar um anel em meu dedo.

E diante desse cenário dramaticamente trágico, um conhecimento me atingiu com força e eu apertei forte a borda do móvel amadeirado ao meu lado, na janela, que rangeu ao receber o meu peso de uma só vez.

Todas as nossas conversas, ligações... Eu quem havia iniciado. Parecia que se eu não tomasse uma atitude ou tentasse me fazer visível de alguma forma, eu não existiria para Deniz.

O seu silêncio ensurdecedor era a prova disso.

Joguei meu celular sob a cama, mordendo o lábio inferior com força e tentando me acalmar. Eu não iria deixar que esse cafajeste traiçoeiro arruinasse essa viagem que era tão importante não só para mim, mas também para Aydan e Serkan.

Tomei mais uma respiração e franzi o cenho, apertando os olhos perante a uma mudança no cenário outrora tranquilo que eu vigiava atentamente.

Uma sombra escura estava esparramada no gramado plano do jardim. A figura se movimentou um pouco para o lado ao tentar ajustar a sua posição e foi neste momento, com a luz da lua refletindo seus cabelos alaranjados de forma brilhante, eu tive a certeza de quem era.

Sorri, sentindo meu peito aquecer e algumas batidas do meu coração falharem. Como eu podia atingir este estágio de sensações com apenas a visão de uma sombra como precursora?

Cartas para Julieta| EdSerOnde histórias criam vida. Descubra agora