EDA
— Ok, já chega.— Tentei puxar mais uma vez, sem sucesso, meu caderno que residia todas as minhas ideias, conceitos e desenvolvimentos da viagem das mãos enormes de Serkan.
Seu olhar era concentrado, como se não pudesse deixar passar uma só palavra sequer, querendo absorver tudo por completo. E o vinco entre as sua sobrancelhas o deixava malditamente adorável.
Ele me ignorou outra vez e deu uma grande mordida no seu sorvete de cereja.
— Aí! — Serkan colocou o caderno sobre a mesa e fui rápida em pega-lo de volta.— Isso é gelado!
— Oh, jura?
Ele fez um biquinho ofendido ao passo que levava sua mão livre para massagear a têmpora esquerda.
— Meu cérebro congelou.
— Isso é para você aprender a não chantagear as pessoas.— Dei uma lambida despreocupada em meu sorvete de limão.
— Mas olha...— Serkan levantou a tela agora desbloqueada do seu celular, em que dezenas de fotos minhas se espalhavam por sua galeria.— Você conseguiu o que queria, não é?
— É, as fotos ficaram boas. Mas de qualquer forma,— estalei a língua no céu da boca.— são minhas por direito.
— Não se esqueça que estão em minha posse.— Ele revirou os olhos, divertido.
— Por enquanto.
Serkan sorriu por um momento, me analisando de uma forma que eu não pude dar nome ao que se refletia em suas feições.
— O quê? — Arqueei a sobrancelha em questionamento.
— Você escreve muito bem.
Sorri, sentindo algo quentinho começar a se espalhar pelo meu peito e atingir todas as terminações do meu corpo. Como era bom ouvir outro alguém elogiar algo que você faz com tanto carinho e esforço, e ser reconhecida por isso.
— Obrigada.
— Não! Eu quis dizer que você escreve realmente bem.— Serkan fez um gesto esquisito com as mãos para frisar o que dizia.
— Por quê está tão surpreso com isso? — Juntei as sobrancelhas encabulada com o seu tom de voz enquanto ele arfava.
Serkan me respondeu com outra pergunta.
— Por quê nunca mostrou seu trabalho para ninguém?
— É complicado.— Suspirei, desviando os olhos de sua figura e relembrando das minhas tentativas fracassadas do passado.— Nunca acho que terminei.
Serkan parecia genuinamente confuso.
— Por quê?
— Hm... Sou um pouco perfeccionista.
— Isso é um jeito diferente de dizer que está com medo.— Ele me lançou um maldito olhar de sabichão.— Escuta, você não precisa ter medo. Você é talentosa! Não é uma checadora de fatos, é uma escritora!
Serkan sorriu, curvando seu corpo sobre a mesa em minha direção, me analisando de uma forma tão fervorosa que eu prendi a respiração, com medo que ele percebesse o quanto ela ficava descompassada quando ele estava por perto.
Eu não era capaz de suportar o peso de olhares tão intensos e, a fim de escapar dessas sensações tão estranhas, olhei para o sorvete em minha mão e em seguida para o rosto de Serkan e, fiz a primeira coisa que passou por minha mente.
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Cartas para Julieta| EdSer
RomanceEm uma viagem à cidade italiana de Verona com seu noivo, a jovem aspirante a escritora Eda Yildiz visita um muro onde desiludidos de todas as partes do mundo deixam cartas em busca de conselhos da trágica heroína de Shakespeare, Julieta Capuleto. Ao...