capi. 23

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Rafaela

O som alto desperta meu sono, me obrigando a abrir os olhos e a xingar em pensamento.

Me levanto meio tonta, pego meu celular na cômoda e confiro as horas. 10:00h da manhã.

Uau! Eu nunca consegui dormir tanto assim, não sem estar sob efeito de alguma coisa, até hoje.

A noite foi tranquila, mas teve a parte que Maria Isabel me agarrou e enterrou a cabeça no meu pescoço, no começo eu até estranhei e quase a afastei, mas não demorou muito para eu me acostumar com a ideia, e quando me dei conta já estava em um sono bem pesado e tranquilo.
É nítido o que ela causa em mim, e eu nem tento mais negar, apenas evito pensar, porque seria tempo perdido.
Exatamente como agora, tempo perdido.

Saio da cama com um pouco de dificuldade. Meu corpo nunca esteve tão relaxado como está agora. Obrigada, Maria Isabel!

Faço um coque em meu cabelo, saio do quarto e sigo para a sala.
A música rola solta, bem alta e eu rezo para que nenhum vizinho esteja dormindo até agora ou então logo teremos confusão.

Atravesso o corredor, encontrando a Maria Isabel na sala. Meu deus!
Os móveis estão afastados, tem balde, produtos de limpeza e a senhora confusão está com uma vassoura e fazendo movimentos estranhos.

- Maria Isabel.. - Chamo mas ela parece não escutar. Vou até o som e abaixo o volume, chamando sua atenção.

- Quem foi a puta que desligou meu sonho? - Coloca a mão na cintura.

- Eu mesma. - Levanto o braço e ela rir. - O que está fazendo?

- Não está na cara?? Estou arrumando a casa.

- Sim, mas por que...??

- Uia porque eu quis e porque estava precisando.

- A diarista já faz isso.

- Mas eu quis fazer, uma distração. - Ela insiste.

- Não quero você fazendo isso, já está cuidando de mim!

- Para de ser chata, porra! E me ajuda a arrumar aqui. - Fala autoritária mas eu apenas rio. É impossível levar a sério.

Ela está com um top preto, tomara que cai, um short de borboletas meio praiano, o cabelo em um rabo de cavalo misturado com um coque e está suada. É estranho como ela consegue ficar linda ate assim.

- Sabe, se você fosse uma diarista, eu iria te contratar em! - Sorrio maliciosa e ela me mostra o dedo do meio.

- Vai fazer alguma coisa para eu comer. Por favor! - Pede.

- Eu não! - Levanto minha mão e observo minhas unhas, ignorando seu pedido.

- Vá antes que eu enfie esse cabo de vassoura no teu cu! - Ela fala estressada e eu caio na gargalhada.

- Tá achando que eu sou um encanamento de rua pública?

- Quase isso, tá mais para uma boca de valão mesmo. - Começa a rir.

- Você me machuca com essas palavras. - Coloco a mão no coração e me curvo, encenando dor.

- Vá fazer meu café. - Ela acerta o cabo de vassoura na minha cabeça de leve. - Ou sua ratinha de esgoto podre!!! - Levanto e passo a mão no local que ela bateu. A mesma está segurando a risada.

Por diversas vidasOnde histórias criam vida. Descubra agora