M de Medo

147 25 2
                                    

Sinopse: Ace tinha um único e enorme medo, mas por Marco tentaria enfrentá-lo.

Ace se considerava uma pessoa corajosa, nada nem ninguém lhe botava medo, já havia visitado os pontos turisticos mais horripilantes de sua cidade, assistido os filmes mais macabros e tenebrosos existentes, visitou cada canto que diziam ser amaldiçoado, passou dias e noites sozinho em uma floresta repleta de animais, entrou em uma casa em chamas para salvar um cachorro, saltou de um carro em movimento só pela adrenalina da situação, se colocou em diversos eventos perigosos que pessoas comuns não chegariam nem perto.

Nada assustava o jovem, nem ao menos faziam suas mãos suarem ou suas pernas tremerem.

Exceto a pequena surpresa que seu namorado trouxe para casa, em uma maldita caixa de papelão repleta de furos, aguardando ansiosamente para sair e assombrar o jovem moreno que nesse momento se encontrava de cócoras sobre o sofá, uma almofada em sua mão como se fosse um escudo, seus pés prontos para a qualquer minuto saltar e sair correndo dali.

Marco teve uma enorme vontade de rir do moreno ao vê-lo dar um gritinho assustado quando a caixa se moveu e um gincho saiu de dentro, dava para ver o mais puro medo brilhando nas orbes sempre tão corajosas e aventureiras.

- M-Marco, por favor - choramingou o moreno se arrastando pelo sofá até ficar no braço do móvel, tentando de uma forma falha alcançar o namorado sem ter que pisar no chão em que a caixa estava - eu faço o que você quiser, se livra dessa criatura horrenda, Marco, eu estou vendo ele me olhar.

- Mas, amor, ele é uma gracinha e além do mais eu já comprei as coisas para ele ficar com a gente - pontuou o loiro mostrando a gaiola e os potinhos para o novo inquilino da casa - se você quiser pode até escolher o nome.

- Amor, é sério, e se ele quiser me matar a noite? Eu não quero ficar na mesma casa que ele - murmurou o moreno se encolhendo no sofá - ele pode abrir a gaiola e roer minha perna.

- Claro que não, olha o tamanho dele, menor que seu dedo - afirmou o loiro pegando a caixinha em sua mão e a erguendo na altura da visão do namorado - olha como ele é lindo, tenho certeza que vocês vão se dar bem.

- Pelo amor de Deus, Marco, onde isso é lindo? Esse olhar sanguinário, esse dentes horríveis, e esse rabo comprido que parece uma minhoca? Joga fora.

- Vai me dizer que está com medo desse ratinho? Ele é albino, por isso os olhos dele são vermelhos.

- E-eu não estou com medo, é que eu sou... Alérgico, isso, sou alérgico a ratos.

- Mentiroso, eu sei tudo o que você tem alergia, esqueceu? Fui com você buscar o resultado do exame - retrucou o loiro abrindo a caixinha e pegando o rato esbranquiçado em suas mãos - vai me dizer que essa coisinha aqui não é a coisa mais fofa que você já viu?

- Marco, tira ele daqui - pediu o moreno tentando se proteger com a almofada, seu corpo se encolhendo ainda mais ao ver o assustador ratinho de laboratório fora da caixa - ele tá me olhando, Marco, ele quer me matar de alergia.

- Ele não quer te matar, olha mais de perto, ele é bem bonzinho, amor, viu? - comentou o loiro fazendo um pequeno afago na cabeça do ratinho que ginchou alegre, fazendo o moreno se encolher mais assustado - cadê o meu namorado corajoso que não tem medo de nada, hein?

- J-já te disse que eu não estou com medo, ele só é feio e não combina com a decoração.

- Essa foi a pior desculpa que eu já ouvi, você está se tremendo de medo por causa de um ratinho inofensivo - comentou o loiro dando alguns passos para mais perto, vendo o moreno se afastar em um pulo e cair do sofá no desespero de fugir - viu? Você está com medo.

- N-não estou não.

- Então prova e pega ele na mão.

- Eu não, e se ele me morder e me passar raiva?

- Ele foi criado em laboratório, amor, não tem raiva, todos os exames estão em dia, ele é um ratinho totalmente saudável.

- M-mesmo assim, prefiro não me arriscar a ficar doente - murmurou o moreno rolando para ficar mais longe.

- Vai, amor, por favor, eu juro, se ele te morder eu arranjo outro lugar para ele ficar.

O moreno franziu o cenho e fez um biquinho trêmulo olhando para o namorado, sua cabeça se moveu freneticamente para os lados em negação, enquanto murmurava "não" algumas vezes.

- Por favor - pediu o loiro arrastando a última sílaba, tentando soar o mais manhoso e pidão possível, vendo o moreno engolir em seco - se não o segurar vou confirmar que você está se cagando de medo por causa de um bichinho que não tem mais de dez centímetros.

- Eu não estou com medo, porra - reiterou o moreno se levantando em um pulo, as pernas trêmulas se direcionando para mais perto, seu coração batendo de forma frenética quanto mais perto chegava do namorado e do assustador rato albino - se ele me morder você vai mesmo levá-lo embora?

O loiro assentiu com um pequeno sorriso, a mão do moreno se aproximou um tanto trêmula, recuando e se movendo para mais perto em seguida, a respiração se tornando mais profunda e lenta conforme ficava ainda mais próximo.

Para o ajudar, Marco elevou a mão em que estava o rato, fazendo os dedos do moreno tocarem nos pelos brancos, um grito horrorizado saiu da boca do sardento que se jogou no sofá cobrindo a cabeça com a almofada.

Marco riu alto da reação do moreno e o esperou voltar sua atenção para o animal, retomando sua tentativa de pegá-lo. Um tanto temeroso e após longos segundos, seus dedos tornaram a encostar no rato, a saliva sendo engolida ruidosamente, enquanto seus olhos demonstravam o mais puro desespero.

Enfim, Ace juntou toda coragem que tinha e pegou o ratinho, deixando-o em sua palma, prendendo a respiração ao mesmo tempo em que sentia as patas pequenas tocando sua mão, podia ouvir seu coração bater ruidosamente em cada canto de seu corpo.

- Viu? Ele não é bonitinho?

- U-um pouco... P-pega de volta, Marco - choramingou o sardento fechando os olhos e estendendo a mão com o rato para o namorado.

- Com a convivência você vai perdendo o medo do pequeno Stuart - comentou o loiro pegando o ratinho em suas mãos e o aproximando de seu rosto - logo ele vai te chamar de mamãe e roer seus chinelos.

- Ei, você disse que eu poderia escolher o nome...

- Pensei que estivesse com medo demais para escolher um nome, como quer chamá-lo?

- Shirohige?

- É um ótimo nome, você gostou, Shirohige? - questionou o loiro dando um largo sorriso para o ratinho que o olhou de volta sem entender o que o homem dissera para si, apenas deu um gincho confuso.

Ace suspirou ao ver o sorriso contente do namorado ao observar o ratinho, um pequeno e trêmulo sorriso se formando em seus próprios lábios. Se fosse para ver o loiro feliz daquela forma enfrentaria até o seu maior medo.

Marace - alphabet projectOnde histórias criam vida. Descubra agora