D de Desordem

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Sinopse: Marco desde que se entende por gente se julgava alguém que prezava totalmente pela ordem, contudo, chegou a sua desordem.

Marco sempre prezou pela ordem, gostava de ver tudo em seu devido lugar, conhecer cada canto, ter o máximo possível em seu controle.

Claro que esse fator não o impedia de às vezes agir de forma imprudente ou se deixar levar pelo momento, mas ele sempre sabia como contornar e voltar para a ordem natural das coisas.

A primeira desordem de sua vida ocorreu quando ainda era jovem e por imprecação do destino ficara órfão, perdido no mundo do caos e do abandono, era mais um entre os vários que se encontravam em uma situação semelhante.

As ruas de sua vila natal eram sujas e desordenadas, ratos e baratas apareciam com frequência em seu caminho, saindo dos esgotos e latas de lixo, ora ou outra até mesmo pareciam olhar para o loiro com desdém.

Sua antiga vida tão ordenada e planejada fora esmigalhada e pisada pelos pés imundos do destino, pelo acontecimento fatídico e mortal que ceifou a vida de seus progenitores.

Tinha todos os seus próximos passos traçados, iria crescer e virar um grande médico, curar as pessoas com as habilidades que sua akuma no mi o proporcionava, suas chamas azuladas que não queimavam, mas sim, cuidavam.

Ele era uma criança quando a comera e recebeu os poderes daquela zoan mítica que o permitia transformar-se em uma fênix, curando instantaneamente suas próprias feridas e também as de outrém.

Estava se dedicando ao máximo para dominar e melhorar suas habilidades curativas, mesmo com pouca idade sabia exatamente o que fazer com sua vida.

Compreendia que seu poder não deveria ser somente para si, via isso como um egoísmo sem fundamento e para tal ansiava poder dividí-lo com os demais, protegê-los e cuidá-los.

Contudo, sua vida ordenada fora arrancada de debaixo de seus pés, jogando-o em um buraco que parecia não ter fim, vendo atrocidades que aconteciam por aquele submundo abandonado e caótico, esquecido até mesmo por Deus.

Foi então que algo mudou, uma luz brilhou em frente aos seus olhos, uma enorme mão se estendeu para si e as coisas voltaram a se ordenar.

A bordo do navio baleia ele conheceu sua nova família, traçou novos planos e se deixou sonhar novamente, colocar novamente a ordem que tanto prezava em seu devido lugar.

Começou como um simples aprendiz naquela enorme embarcação, mas não demorou muito para galgar e alcançar o patamar de comandante da primeira divisão e imediato do grande Yonkou, graças a suas habilidades de luta, sua organização e sua mente agil e sagaz, capaz de discernir e tomar atitudes até mesmo em momentos de grande urgência.

Marco cresceu e se tornou alguém de confiança, leal e com quem todos podiam contar. Logo o loiro era responsável por manter a ordem no navio, dividindo as tarefas entre as divisões, iniciando reuniões quando necessário, era de longe um fiel e prestativo imediato, ao qual o capitão do navio se orgulhava em chamá-lo de filho.

Entretanto, a ordem que Marco tanto prezava era novamente arruinada, não por acaso do destino, nem por alguma guerra iminente, muito menos a morte de um ente querido.

Sua vida entrara em uma total desordem, como se um furacão tivesse passado por ela, arrastando e arrancando tudo em sua frente, estava uma enorme zona, o caos instalado, não sabia nem ao menos por onde começaria a arrumar aquela bagunça.

E tudo graças ao rapaz sardento que ousava enfrentar Barba Branca dia após dia e que por sabe-se lá qual razão instaurou um caos desordenado no coração do comandante, implementando sentimentos bagunçados em seu interior, emoções que pareciam chutar e socar toda sua organização interna, quebrando todas as suas certezas, jogando para o alto toda sua sanidade e concentração.

Não havia um único dia em que não se sentisse perdido dentro de si, naquele lugar que deveria ser o mais semelhante a si, o mais organizado e ordenado, o moreno fora capaz de simplesmente entrar com seu jeito arrisco e queimar tudo o que estava em sua frente, incendiar o comandante da primeira divisão com as emoções mais retorcidas e desesperadas possíveis.

Depois de instaurar a própria desordem no interior do loiro, o jovem moreno ainda teve a coragem e imprudência de trazer e expandir o caos para o navio.

Ele era esquentado e briguento, arranjando briga com tudo e todos, revirando a embarcação de cabeça pra baixo, tornando os momentos que deveriam ser os mais pacíficos em uma guerra. Não havia um único dia em que não houvesse um acidente no navio, seja pelo fato do sardento tentar atacar Barba Branca e falhar miseravelmente, seja porque o rapaz incitou alguma briga com algum tripulante, ou ter caído da embarcação por simplesmente pegar no sono enquanto observava o mar fazendo com que alguém tivesse que resgatá-lo, ou por comer toda a reserva de comida durante a noite.

Aquele moreno era o inimigo natural da ordem que Marco ansiava e tentava aplicar em sua vida.

E, talvez por brincadeira do destino, o moreno decidiu por fim ficar na tripulação, o que trouxe ainda mais caos e desordem para a vida do pobre comandante que teve que dividir seu próprio quarto com aquela figura que representava a confusão em pessoa.

Depois disso, nunca mais teve paz, o rapaz se dedicava ainda mais para instaurar o caos na embarcação e no coração do comandante loiro, todo dia se envolvia em confusão, roubava a comida alheia, pregava peças a torto e a direito, xeretava os demais comandantes e sempre era um dos primeiros a atacar navios inimigos, além do fato de que dormia em qualquer lugar possível e nos piores momentos.

Para Marco, aquele rapaz se tornou a própria desordem, aquilo que lhe tirava dos trilhos, jogava seus planos para os confins do inferno.

E, para sua infelicidade, o comandante loiro passou a amar aquela desordem.

Marace - alphabet projectOnde histórias criam vida. Descubra agora