Marace - alphabet project

S de Sereiano

Sinopse: Marco é um pescador que se vê encantado por um sereiano que acaba por roubar seu coração.

♤

Era um lindo sábado, o Sol a pino brilhava e refletia na imensidão azulada. No pequeno barco bem longe da costa estava um jovem pescador loiro, esperando pacientemente pelos peixes que fisgaria naquele dia.

Seu nome era Marco e a pesca era sua forma de viver e ter uma renda fixa. Amava o mar e aquela gigantesca calmaria que havia em sentir as ondas balançarem e embalarem o pequeno barco.

Era mais um dia tranquilo e sereno, apenas o som da brisa marinha se fazia presente ali, rodeando a pequena embarcação, trazendo o cheiro salgado para as narinas do loiro.

Um pequeno movimento na água fez o loiro voltar sua atenção para lá, esperando ver algum peixe pular para fora do mar, entretanto, o que viu foi completamente diferente.

Viu um rapaz extremamente belo, tão lindo e radiante quanto aquela manhã ensolarada, os fios úmidos e negros grudavam em seu rosto angelical e gracioso, pintado por diversas manchinhas fofas que o davam um aspecto ainda mais inocente e puro, aquelas orbes negras e brilhantes eram extremamente atrativas, pareciam possuir uma força inimaginável de atração.

A cauda avermelhada surgiu logo depois, quando o rapaz apoiou suas mãos na beirada do barco e elevou seu corpo metade humano metade peixe para se aproximar mais, seu rosto ficando tão perto do loiro que ele podia sentir o cheiro forte de mar e algo mais sair daqueles lábios que pareciam tão macios.

Marco estava hipnotizado por aqueles olhos, estava perdidamente encantado por aquele rapaz tão bonito e atraente, seu corpo se inclinou inconscientemente sobre o sereiano, como se houvesse uma força o puxando de encontro ao moreno, seus olhos se fechando lentamente enquanto o rosto alheio se tornava mais iminente.

Seus lábios se selaram aos do moreno, sua língua mergulhou naquela boca, assim como seu corpo imergiu na água quando as mãos firmes do sereiano o puxaram para o mar, tombando-os para fora do barco.

Seus corpos giravam submersos, juntando-se efusivamente naquela dança hipnótica, os lábios se buscando sem realmente se separar. O mar os envolvia como se aprovasse aquela paixão tão abrupta e tão certa que surgiu dentro do pescador, como se fosse seu destino se ver perdido, fisgado e atraído pelo sereiano e seus encantos.

Suas línguas se tocavam e se exploravam, indo o mais fundo naqueles oceanos em forma de bocas, tentando desvendar os segredos que se encontravam nas profundezas frias de seus interiores.

Aqueles beijos levavam Marco aos céus, era pouco a pouco absorvido pelo moreno e cuspido ao Paraíso, sentia seu corpo ficar mais leve a cada beijo, como se flutuasse naquela vastidão azulada que não parecia ter fim.

Enquanto isso, a água ao redor do barco se tornava rubra, tingindo-se lentamente pelo vermelho carmesim, o sangue emergindo e se espalhando pela superfície, como se fosse fumaça subindo para os céus.

As víceras boiavam em torno da embarcação, os restos dos membros recém devorados eram arrastados pelas ondas suaves, as correntezas arrastavam os pedaços de carne humana cada vez para mais longe da embarcação.

As roupas do pescador seriam apenas trapos quando fossem encontradas na baia, apenas as vestes de alguém que ninguém reconheceria o dono.

Naquela ilusão apaixonante do rapaz meio homem meio peixe, Marco se permitiu perguntar o nome do sereiano, com um sorriso doce o moreno lhe respondeu de forma lenta e suave "Ace".

Aquela paixão abrupta e fugaz foi o findar da vida do pescador que ao mergulhar naquela atração teve seu coração roubado e devorado pela boca voraz de seu predador.

No desfecho não era destino, era um truque, uma isca a qual Marco abocanhou como um peixe.

O pescador se tornou o pescado, preso na rede invisível daquela paixão ilusória e mastigado sem piedade pelo maxilar forte do sereiano. Ace satisfeito voltou a seguir seu caminho, deixando para trás os restos mortais que lhe escaparam em sua devoração, talvez o dia seguinte também fosse belo e lhe trouxesse outro pescador ingênuo para se alimentar.