Sinopse: Ace constrói um espantalho para afastar as aves de sua plantação, mas o que consegue é uma fênix mal-humorada que tinha sérias críticas ao design.
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Ace estava farto daqueles pássaros irritantes gritando o dia inteiro e ainda por cima devorando sua plantação, já não sabia mais quantos porcento de sua venda fora comido por aqueles animais que não possuiam um pingo de juízo.
Depois de muitas buscas e pesquisas, decidiu por fim fazer um espantalho para afastar os terríveis animais de sua plantação.
Não era um grande mestre do artesanato, nem tinha muitas habilidades manuais além de colher e plantar, mas isso não o impediu de montar o espantalho mais feio e horripilante que já vira em sua vida.
Se vivesse em um filme de terror certamente não conseguiria dormir a noite por saber que algo tão horroroso estava há poucos metros de seu quarto.
Felizmente o espantalho pareceu cumprir sua missão, o jovem fazendeiro não mais via os inúmeros pássaros devorando sua plantação, nem suas cantorias desenfreadas logo de manhã.
Estava contente com o bom funcionamento de seu primeiro espantalho, até mesmo contara a novidade para seus dois primos da cidade, mostrando o seu trabalho bem feito, aquela sua primeira conquista como um jovem agricultor.
Seus dias seguiam pacíficos, dedicando-se para a colheita e o replantio, entrar em contato com a distribuidora e fechar orçamentos para a venda de seus produtos orgânicos.
Ace estava entusiasmado, pelas suas contas seria a melhor colheita que ele teria, um enorme lucro o esperava e tudo corria extremamente bem, seu espantalho era seu amuleto de boa sorte.
Todavia, um dia se deparou com uma de suas árvores frutíferas com algumas frutas bicadas e pela metade recobrindo o chão, um tanto irritado começou a procurar a maldita ave que fizera aquele estrago.
Seus olhos logo foram atraídos para o som de asas batendo e o som da palha de seu espantalho sendo apertada por grandes garras.
Um grunhido irritado saiu dos lábios do moreno ao ver a enorme ave azulada pousada sobre seu espantalho, bem no ombro do objeto como se ele lhe servisse de puleiro.
- Saia daqui, anda, xô - ordenou o moreno se aproximando a passos duros, abanando suas mãos para que o pássaro saísse.
A ave o olhou com indiferença e fechou os olhos como se dormisse, deixando o sardento ainda mais furioso, aquele pássaro lhe estava tirando do sério e parecia imune ao seu horripilante espantalho.
- Cai fora, sua galinha azul, saia do meu espantalho - mandou o moreno dando um tapinha na lateral da ave que sacudiu suas asas acertando o rosto alheio - olha aqui, ou você sai agora ou eu vou te assar e comer.
- Não enche o saco, pirralho, além de ter um péssimo mau gosto ainda é irritante-yoi - comentou a ave movendo o bico enquanto falava, fazendo o moreno arregalar os olhos em espanto e dar alguns passos para trás pela surpresa.
- V-você fala? - questionou o fazendeiro olhando incrédulo para o pássaro, esfregando seus olhos e se beslicando para ver se não estava sonhando.
- Claro que eu falo, sou uma fênix, também sei fazer um espantalho bem mais bonito que esse seu-yoi.
- Você não tem vergonha na cara não? Primeiro come minha plantação e agora está fazendo pouco do meu espantalho? - resmungou o moreno sentindo a raiva subir por seu rosto, odiava quando desmereciam seus esforços, ainda mais se fosse uma galinha azulada que zombasse de si.
- Eu estava com fome e aqui tinha comida a vontade, além disso, seu espantalho é péssimo, essas amarras estão frouxas - comentou a ave usando sua garra para soltar o barbante que mantinha as palhas do braço juntas, fazendo os fios dourados caírem e se espalharem pelo chão - além dessa cara dele, parece que foi uma criança de cinco anos que a desenhou.
- Vai a merda, quem é você pra falar o que é um bom espantalho ou não? Eu me esforcei fazendo ele, sabia? Arruma agora, galinha estúpida.
- Sabia, eu vi quando o fez, fiquei com pena e pedi para as outras aves não se aproximarem por um tempo para não jogar seu trabalho no lixo-yoi - pontuou a ave caminhando pelo espantalho, soltando os demais barbantes, fazendo-o se desmanchar por completo.
- Espera, então... Meu espantalho não funcionou de verdade?
- Exatamente, ele ficou tão esquisito que causava risos e não medo-yoi - afirmou a ave caminhando sobre as palhas.
O moreno rangeu os dentes irritado, seus olhos ardendo levemente pelas lágrimas raivosas que se controlava em não deixar cair, não em frente aquela ave estúpida que fez pouco caso de seu espantalho, destruindo por completo seu trabalho e dedicação em um piscar de olhos.
- Ei, garoto, você vai mesmo chorar por um monte de palha-yoi?
- Não estou chorando, merda, vai se foder, seu pássaro estúpido e sem coração - retrucou o sardento esfregando as costas da mão em seus olhos e virando para ir embora.
Em poucos segundos o moreno corria irritado pela plantação, proferindo xingamentos para a ave irritante e azulada, desviando das árvores, chutando as frutas podres que caíram de tão maduras ou deixadas pelo pássaro.
Estava quase saindo da àrea da plantação quando uma mão larga segurou a sua, fazendo-o recuar e virar o corpo, seu cenho se franziu ao perceber um homem loiro que nunca vira antes pela redondeza, as orbes azuis contendo um brilho divertido, além do sorriso pequeno e presunçoso em seus lábios, o que fez o moreno querer desferir um soco naquele rosto bem marcado e quadrado, nem ao menos o conhecia, mas já sentia seu estômago fervilhar de irritação.
- Ei, foi mal por agora pouco, não quis te fazer chorar por falar a verdade-yoi.
- Você... Como... Você é aquela galinha? - questionou o moreno puxando sua mão de volta, dando alguns passos para trás, um tanto confuso e raivoso com aquela situação, as lágrimas quentes se acumulando em seus olhos negros.
- Além de mau gosto também tem poucos neurônios-yoi? - provocou o loiro dando um sorriso de lado, mas que logo se desfez ao ouvir o fazendeiro fungar e as lágrimas escorrerem de seus olhos - ei, espera, olha, não chora, desculpa, eu não... Hm... Quis soar tão rude assim-yoi.
- Não quis, mas foi um idiota, estúpido, brutamontes, destruidor de plantação - murmurou o moreno passando as mãos pelo rosto, secando suas lágrimas de raiva - vai embora, filhote de cruz credo.
- Ei, agora é você que está me ofendendo de graça-yoi - reclamou o loiro cruzando os braços e fazendo um bico contrariado - acho que podemos recomeçar e fazer as pazes-yoi.
O moreno ergueu a sobrancelha em descrença e encarou o loiro, esperando por alguma outra palavra, que ele lhe dissesse que era mentira ou apenas uma brincadeira, mas em vez disso o homem lhe estendeu a mão em sinal de amizade.
- Faz um bom tempo desde a última vez que conversei com um humano, acho que perdi a prática em interagir com pessoas normais, desculpe por ter te ofendido, meu nome é Marco e o seu, garoto-yoi?
- Ace... Desculpe por ter te xingado.
- Acho que mereci por destruir seu espantalho... Posso te ajudar a fazer outro-yoi.
- Mesmo? Você me ajudaria? Por quê?
- Por nada em especial... Tenho alguns bons anos de vida pela frente sem nada para fazer, não custa passar meu tempo com você-yoi.
- Tudo bem, só não destrua mais nada - avisou o moreno inflando as bochechas e girando em seu próprio eixo seguindo para sua casa.
- Ei, Ace, mais uma coisa - anunciou o loiro adiantando os passos para acompanhar o sardento que o olhou esperando que prosseguisse - eu não tenho uma casa para voltar então espero nos darmos bem enquanto morarmos juntos.
- Oi? - questionou o sardento parando de andar, encarando incrédulo o homem loiro.
O loiro nem ao menos o respondeu, levando suas mãos até sua nuca e caminhando até a porta da casa, esperando que o moreno a abrisse para si.
Um tanto contrariado, o fazendeiro permitiu que a fênix entrasse em sua casa e quando deu por si, o loiro já se instalara em seu lar como se fosse o seu próprio.
Seu querido e amado espantalho agora estava em frangalhos, mas ao menos tinha arranjado alguém para lhe fazer companhia naquela fazenda e quem sabe o que o futuro lhe reservaria com aquela estranha e inusitada convivência.
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Marace - alphabet project
Fiksi PenggemarSérie de drabs e ones de Marace inspirada em uma letra do alfabeto. 24/26