3 - Azul Ciano

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Merda... por quanto tempo eu dormi? E... que lugar é esse?

Um lugar que não faz sentido.

Eu vejo com clareza todo o meu corpo. Mãos, braços, pernas... tudo. O que me incomoda é que isso é a única coisa que eu vejo. Olho pra cada detalhe das minhas mãos como se estivessem me iluminando com uma forte luz branca, mas quando eu olho pra frente, pra cima e para os lados, nada! Só uma grande escuridão que me cerca de todos os lados. Eu só sei que tem um chão pra eu pisar porque eu o sinto embaixo dos meus pés.

Pensando bem agora... eu acordei de pé, não foi? Que que tá acontecendo aqui?

Talvez eu tenha finalmente morrido depois de tudo que aconteceu. Se for isso eu vou me afogar em decepção por ter morrido em menos de uma semana depois de ter decidido que eu ia sobreviver, mas talvez não seja, né? Então, como ficar teorizando não vai me levar pra nenhum lugar, eu vou tentar testar pra entender.

Eu tento dar alguns passos. Ao contrário de antes, meu corpo não dói e eu não sinto qualquer sinal de fraqueza. Quando eu mexo meus pés eu sinto uma fina camada de água que cobre o chão e conforme as ondas se formam a partir dos meus movimentos, elas se colorem de um lindo azul ciano que brilha iluminando meu corpo enquanto eu as vejo dançar sob meus pés.

É lindo.

Essa é a primeira vez que algo me faz sorrir desde que eu acordei. E ver isso me traz uma sensação que preenche meu corpo, me esquentando por dentro. Talvez essa sensação esteja aqui pra me mostrar que eu ainda não posso desistir. Talvez esse calor seja a vida dentr...

— Ai!!! – Meus pensamentos são abruptamente interrompidos porque eu acabei batendo o nariz – Que merda é essa? Tem uma parede aqui?

Eu apalpo e confirmo a existência da parede enquanto a sensação de ter batido o nariz persiste. Que tipo de pós vida te deixa sentir esse desconforto só por uma batidinha?! Vamos pensar... É desconfortável demais pra ser o céu e bobo demais pra ser o inferno. É, agora é certeza que eu não morri (não que essas sejam provas concretas, mas, ei... Otimismo, né)! Mas nesse caso, eu tenho que descobrir onde eu estou.

Eu continuo andando enquanto sinto as várias paredes que vão aparecendo no caminho. Depois de pouco tempo andando eu cheguei em uma conclusão...

Isso é um labirinto!

Então eu estou perambulando sem destino definido por um labirinto de paredes invisíveis no meio da escuridão... Isso é algum tipo de piada? Até se for um sonho, é um sonho de mal gosto! Só uma mente doente conseguiria criar uma coisa dessas e isso mostra o quanto eu preciso ter um descanso apropriado assim que surgir a oportunidade.

Ai, ai... fazer o que, né? Se é um labirinto, o jeito é seguir. Mas pra onde? Eu parei pra verificar e o labirinto continua em todas as direções, como se eu tivesse acordado no centro dele. Eu paro por um instante.

Fechando os olhos por um momento, eu tento me concentrar pra pensar, mas algo me interrompe. Um sussurro suave e baixo alcança com leveza os meus ouvidos, vindo da minha direita. Ele é tão discreto e gentil que eu mal me surpreendo ao escutá-lo, como se ele estivesse lá desde o começo, quase como se um velho amigo estivesse me chamando.

No momento essa é minha única pista então não há muito o que eu fazer.

Me concentrando o máximo que eu consigo, eu sigo o sussurro, tomando cuidado pra não o perder. A cada passo, eu sinto meu corpo mais quente e a cor das ondas, formadas pelos meus passos, se torna cada vez mais intensa. Eu consigo ouvir o sussurro com mais clareza e ainda que eu não consiga entender o que ele diz, suas palavras me trazem alguma tranquilidade.

Aço Carmesim - As Paredes de Ferro NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora