13 - Respostas

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Meu cabelo... Quem diria...

Provavelmente essa seria a última coisa que eu pensaria, talvez por isso eu não tenha reparado. Segundo Arthion, cabelos loiros, vermelhos, castanhos, brancos ou de qualquer outra cor são comuns por aí e algumas cores até tem significados diferentes como afinidade com certos tipos de energia ou a benção de um deus específico.

Mas o cabelo preto, além de extremamente raro, é considerado um tabu por todas as raças inteligentes e as pessoas costumam abandonar bebês que nasçam com essa cor de cabelo e chegam a linchar ou até matar pessoas que a tenham.

O cabelo de cor preta é considerado antinatural e você pode nascer com ele ou seu cabelo pode mudar de cor depois de uma certa idade. Seja qual for o caso, a conclusão é sempre a mesma... você agora é desprezado pelos deuses.

— Odiar alguém por causa da cor do cabelo... – Eu digo depois de ouvir a explicação do Arthion. – Quem diria que as pessoas poderiam ser tão estúpidas!

— Você não viu nada ainda! – Arthion responde. – As pessoas fazem muito pior por muito menos. Elas usam costumes e superstições como desculpa pra diminuir, descriminar e odiar tudo que é diferente ou que eles não entendem, até eles mesmos.

— É por isso que eles também te tratam assim? – Eu pergunto, mas em seguida me arrependo. Eu não sei como ele lida com esse assunto e acho que nem todo mundo se sente confortável em falar de algo assim abertamente. – Não precisa responder se não quiser...

— Não tem problema. – Ele sorri levemente. – No meu caso, eu sou considerado uma aberração até entre outros elfos. Eles geralmente são considerados criaturas puras com uma forte ligação com os espíritos da natureza, mas um a cada dez mil elfos nasce diferente. Minha pele e meus olhos escuros e meu cabelo prateado fazem de mim uma "raça diferente". Uma variante "impura" dos outros elfos que eles chamam de Elfo Negro.

— Mais uma vez por causa da cor?

— Não é só a cor. Tem outras diferenças também, mas nada que seja uma desvantagem ou que eu diga que me torne impuro. Por isso eu sempre achei tudo isso uma completa besteira, mas isso não me impediu de ser maltratado, exilado e vir parar aqui no final das contas...

— É por causa disso que você está aqui?

— Sobre isso... Eu prefiro não tocar nesse assunto.

— Tudo bem... – Eu deixo acontecer um silêncio constrangedor.

— Mas então. – Arthion interrompe o silêncio. – Eu sei que tem muito mais coisas que você precisa saber, então eu vou tentar falar sobre tudo pelo menos um pouco, mas antes disso eu queria voltar no assunto que começou a nossa conversa.

— Sim, acho que é o que eu mais quero saber também. Você sabe o que foi tudo aquilo?

— Pra falar a verdade, eu esperava que você tivesse essa resposta... – Arthion parece um pouco decepcionado. – Mas já que você não tem como lembrar se já tinha feito algo do tipo antes, tudo que a gente pode fazer é deduzir.

— Eu te contei tudo que eu sei. Eu não tenho nenhuma teoria específica, até porque eu não tenho referência ou conhecimento sobre esse tipo de coisa pra começar a criar uma... Não sei nem se eu consigo ajudar muito com isso.

— As coisas que você contou já ajudam bastante. Existe a possibilidade de você ter esse poder desde antes de chegar aqui, mas não tem como saber isso, então eu vou partir da teoria de que você não tinha nenhuma habilidade ou que ela estava dormente quando acordou sem as suas memórias. Nesse caso, seu poder despertou em algum momento depois disso.

Aço Carmesim - As Paredes de Ferro NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora