Eu sabia que esse momento ia chegar mais cedo ou mais tarde, mas não agora!
O Brutus deve ter falado com o Don sobre o que aconteceu no túnel no outro dia. Se for assim, eu não só vou ter alguém bem perigoso atrás de mim, como também ele vai saber sobre a minha habilidade... Eu só achei que ia demorar um pouco mais pro Don vir atrás de mim.
Eu, literalmente, acabei de acordar!
Sem falar que eu ainda não tenho todas as informações que eu preciso. Se ele acabar descobrindo sobre a minha perda de memória por causa disso, aí eu vou acabar me expondo totalmente.
É muito perigoso falar com ele agora.
— Agora não é um bom momento. – Eu digo com seriedade. – Se ele quiser, nós podemos marcar outro dia pra isso.
— Infelizmente, você não tem a opção de recusar dessa vez. – O guarda sorri e me mostra a marca de ativação do Sigilo na parte de trás de sua manopla.
É então que eu reconheço o guarda.
Esse é o mesmo tenente que nos escoltou no primeiro dia de trabalho até as minas. O mesmo que me deu um choque e matou o idoso. Claro que é ele!
E mais uma vez ele me faz refém do maldito Sigilo e eu não tenho escolha se não obedecer.
— Entendi. Vamos então. – Eu digo, me irritando.
— Zet. – Arthion me chama rapidamente. – Não se preocupa, pra falar com ele é só não esquecer quem você é. – Ele põe o dedo na numeração do meu uniforme.
— Não vou esquecer. – Eu sorrio, entendendo o que ele quer dizer.
Os guardas olham e parecem não entender o que está acontecendo, mas eu não dou tempo pra eles pensarem e falo:
— Vamos logo então. Eu não tenho o dia todo! – Quando eu digo, indo em direção à porta, os guardas parecem hesitar por um momento e logo começam a me guiar.
Arthion fica na cela e eu vou com eles pra finalmente encarar o Don.
Todos ficamos em silêncio durante o caminho e eu tento ficar com a feição o mais séria possível sempre.
O mais difícil nesse momento é esconder meu nervosismo. Eu tenho quase certeza de que ele vai querer falar sobre o que aconteceu no túnel e eu não sei se vou conseguir manter a compostura como Zet e ainda me explicar sobre o que aconteceu.
O maior problema é se o Brutus tiver falado sobre o poder que eu usei.
Saco! Já estou começando a me arrepender de ter deixado ele ir...
Eu continuo andando com os guardas e eles me levam pela prisão por uma parte que eu nunca fui antes, passando por corredores e escadas que nos levam cada vez mais para baixo.
Conforme nós descemos, o ambiente parece ficar cada vez mais frio.
Parece extremamente fácil se perder por aqui. Todos os corredores são parecidos e tudo ainda é feito do mesmo ferro negro e iluminado com os mesmos cristais brancos.
Mesmo assim eu tento prestas o máximo de atenção no caminho e nos meus arredores. Cada porta parece ter uma numeração simples e quanto mais nós descemos, maiores ficam os números.
Finalmente, depois de descer por mais de 20 lances de escadas, nós chegamos até uma porta dupla quadrada. Os guardas se posicionam do lado de fora e o tenente vai à frente, põe as mãos na porta e a empurra com força para abrir os dois lados ao mesmo tempo.
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Aço Carmesim - As Paredes de Ferro Negro
FantasySe a esperança é o combustível da vida, o desespero seria o combustível de que? Pior do que ter memórias que te assombram, talvez seja não lembrar de nada enquanto um passado desconhecido te persegue. Quanto sangue ainda precisa ser derramado? Todo...