Cap. 17

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• Noor Pov

A Casa do Rio era mais bela ainda no pôr do sol. Elain fizera um bom trabalho com o jardim. Era uma beldade, aquelas flores coloridas montavam um arco íris terrestre. Existiam tantos tons de mesmas cores, nunca me acostumava com a beleza das coisas.

Azriel ainda segurava minha mão quando entramos pela porta do hall de entrada. Eu estava nervosa, fora chamada para um café em família, eu fazia parte de algo, de uma família. Feyre nos encaminhou para uma sala de jantar. Os móveis eram diferentes do da Casa do Vento. A casa trazia um ar acolhedor, simples, mas ainda sim moderno.

Por impulso ao ver Elain me encarando feio, soltei a mão de Azriel. Não me atrevi a olhar sua reação, apenas abaixei a cabeça e dei dois passos para o lado. Feyre colocou a mão nas minhas costas me guiando para duas cadeiras vazias. Azriel sentou em uma e eu ao seu lado.

Na minha frente estava Elain, ao seu lado esquerdo Nestha e do lado dela estava Cassian. No outro lado de Elain estava Amren. Do meu outro lado estava Mor, e ao lado de Azriel, uma cadeira de bebê, Feyre se sentava em uma ponta ao lado de Nyx, enquanto na outra estava Rhysand.

Nuala e Cerridwen nos serviram com pedaços de pães e frutas. Não me atrevo a olhar para frente, sinto o olhar de Elain sobre mim. Aquela fêmea é assustadoramente linda, possui uma feição simpática e inofensiva, mas seu olhar me causa arrepios.

   - O que está achando de Velaris Noor? - Rhysand me pergunta e eu agradeço a mãe pela sua intervenção em meus pensamemtos.

   - É simplesmente lindo aqui, todos os lugares, os cheiros, as cores, as pessoas... - digo lembrando de cada sensação.

   - Tenho certeza que sua visão favorita pela manhã sou eu, não é mesmo Noor querida. - Cassian diz com um olhar matador e um sorriso provocativo.

Sinto as mãos de Azriel se fechar ao meu lado com força, fazendo com que suas veias saltem. Ponho minha mão encima da dele sem o olha-lo, tentando o reconfortar. Cassian me faz gargalhar.

    - Oh sim Cassian, você é uma beldade, não tem como negar, mas minha visão favorita é quando Nestha chuta sua bunda illyriana. - respondi com um sorriso provocante fazendo todos rirem, inclusive Nestha. Quer dizer quase todos.

   - Como foi em Hybern Az? - apesar da voz de Elain ser suave, me irrito com o jeito que pronuncia o apelido.

Tento não demonstrar raiva, mas não consigo. Graças aos céus Rhysand conversa paralelamente a fala de Elain, não prestando atenção na veia saltada em meu pescoço. Retiro a mão de cima da mão de Azriel e agarro a estufaria da cadeira com força.

   - Foi bem. - Azriel responde simplesmente. Elain balança a cabeça.

   - Iremos no Rita's a noite, teria interesse de ir? - Elain pergunta forçando uma voz sedutora, olho pera ela incrédula, mas engulo seco quando ela me olha por cima dos cílios.

Sinto meus dedos amaçarem o material metálico embaixo do estofado. Pisco algumas vezes. Essa fêmea literalmente chamou Azriel para um encontro na minha frente. Tecnicamente, ela disse "iremos", mas quem seriam os outros? Que fêmeas ela convidaria? Quantas delas se esfregariam em Azriel?

Por que diabos eu estava preocupada com isso? Azriel e eu não estávamos compromissados. O que eu era para ele? Será que eu era apenas uma diversão?

"Pare de ser estúpida Noor, claro que não é" - a voz de Rhysand ecoou em minha mente.

Merda os escudos. Tento me concentrar em construi-los com um tipo de metal que eu havia descoberto ser um dos mais fortes. Enquanto me concentrava em proteger minha mente, ouvi batidas no material metálico. Deixei que uma porta se abrisse e vi Rhysand exatamente como estava na mesa.

"Azriel se importa com você"

"E o que ele tem com Elain? A fêmea ta quase babando na frente dele." - respondi receosa, vi Rhysand revirar os olhos enquanto encarava o prato.

"Elain é um caso a parte, Azriel apenas a vê como amiga" - ele disse e o olhei nos olhos.

Não estava mentindo. Fechei meus escudos e senti a mão de Azriel sobre a minha, olhei para baixo e vi que a sua mão com veias e cicatrizes saltadas estavam acariciando a costa das minhas mãos e pedindo espaço para entrelaçar seus dedos nos meus. Dei espaço e relaxei os ombros com seu toque. Olhei para ele e depois para Elain, que espiava por cima da mesa para ver o que fazíamos.

   - Adoraria ir Elain, obrigado pelo convite. - Azriel respondeu sem demonstrar nenhum sentimento.

Ele olhou para mim e seus olhos brilharam. Franzi a testa em resposta, tentando entender o que queria dizer. Ele levou nossas mãos entrelaçadas para cima do seu colo.

   - Gostaria de ir comigo? - Azriel me perguntou esperançoso e engoli seco.

• Azriel Pov

A retirada da mão de Noor sob a minha pela segunda vez, me fez me sentir vazio por dentro. Será que ela tinha nojo das minhas cicatrizes? Sentia repulsa? Não queria sentir meu toque? Tinha vergonha de mim?

Tentei manter a calma enquanto Elain me olhava esperando uma resposta. Continuei comendo o pedaço de pão que já havia sido mastigado, porém evitava engolir. Sinto a raiva de Noor pairando no ar, me pergunto se era por minha culpa. Será que ela tinha cansado da minha presença?

"Pare de ser um imbecil Azriel" - a voz de meu irmão invadiu meus pensamentos.

"Não fiz nada"

"Noor acha que você gosta de Elain" - fiz uma careta para ele.

"Mas o quê?" - perguntei.

Elain me olhava de um jeito esquisito, parecia estar se insinuando para mim. Olhei para Noor de canto, que agora encarava o prato a sua frente. Foquei nas batidas do seu coração e percebi o quão acelerados estavam.

Toquei sua mão devagar pedindo espaço para meus dedos se prenderem aos dela. Tinha medo de sua rejeição, mas alguns segundos depois ela me deixou passar, respirei aliviado e engoli o conteúdo em minha boca.

   - Adoraria ir Elain, obrigado pelo convite. - respondi voltando a encara-la.

A mesma estava um pouco levantada na cadeira para ver o que fazíamos embaixo da mesa. Aproveitei e levei nossas mãos para cima do meu colo, para que pudesse ver melhor. Eu jamais falaria por palavras, mas talvez por ações ela percebesse que eu estava com Noor.

Olhei para a mesma que franzia a testa. Admirei cada traço daquela deusa primitiva, a fêmea mais bela que o Caldeirão havia concebido. Pela mãe, essa era a fêmea dos meus sonhos. Sorri ao imagina-la usando um vestido como o que Nestha havia usado no dia da sua cerimônia de parceria com Cassian.

Por que diabos eu estava a imaginando usando algo como esse? Pouco me importava o laço de parceria, se minha parceria tivesse perdida por ai, continuaria com Noor, pois ela era a única que de certa forma não me deixava sozinho. Se bem que eu adorava ficar sozinho, mas sozinho com ela, isso faz algum sentido?

  - Gostaria de ir comigo? - perguntei com medo da sua resposta. Ela engoliu seco, pressionei os lábios. Eu seria rejeitado em frente a todos.

   - Adoraria. - ela murmurou com um sorriso tímido em seus lábios.

Puta que me pariu, pela mãe, pelos deuses e pelo Caldeirão, aquela fêmea aceitou a sair comigo. Não era bem só comigo que ela sairia, todos nós iríamos, mas imaginar aproveitar mais um tempo com ela fez meus olhos brilharem. Sua bochecha por sua vez, se tornou rosada.

Com Amor, Azriel Onde histórias criam vida. Descubra agora