Cap. 24

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• Azriel Pov

Ela estava diferente, eu sentia na alma a dor que sentia e lutava para não demonstrar. Era uma luta tira-la do quarto. Já fazia uma semana desde que ela tinha acordado, mas de alguma forma, preferia dormir.

Noor estava se afundando na própria escuridão, e eu precisava mudar a situação. Mudei Noor para o meu quarto, ela dormia e vivia lá, raramente ela arriscava sair do quarto para comer com medo de tropeçar em algo, ela nem mesmo havia tentado.

Minhas sombras faziam companhia  com ela a maior parte do tempo, apesar de não as ter mais, as sombras a reconheciam, e ainda as amava. Eu ouvia Noor chorar enquanto dormia, trancava a respiração e dava seu espaço, a abraçando inocentemente, como se fosse um ato que eu fizesse inconsciente.

Apesar de termos aceitado a parceria, não havíamos passado de limites além de beijos. Eu sabia o quão desesperador seria para ela sentir alguem a tocando e não saber onde, não queria desencadear memórias sombrias.

Os cabelos que antes eram negros, viraram brancos como a neve, a cor de seus olhos âmbar se transformaram em verdes esmeraldas. Ela estava ainda mais linda, me doía que ela não pudesse se admirar no espelho. Noor passou a falar menos, pouco ria, muito menos sorria.

Eu havia causado isso a ela, tinha roubado sua felicidade. Eu me martirizava todos os dias, me sentia culpado e odiava o fato de estar mais poderoso, mais forte. Passava o dia inteiro fora recolhendo informações, e sentia raiva de Rhysand por me afastar da minha parceira.

Cassian e Nestha passavam um tempo com ela quando podiam. Faziam jogos de perguntas, nas quais tinham que ler notas, como Noor não podia ver, as perguntas eram todas para ela, e isso de certa forma, ajudava minha parceira em conhecimentos gerais. A pouca força de vontade que tinha, era de se blindar com algo que pudesse se defender, já que não tinha mais sua visão.

Feyre sempre tentava visitar minha parceira quando podia. Eu estava no Refúgio do Vento, onde os illyrianos brutamontes na qual eu fazia parte, lutavam. Rhysand pediu para que eu o acompanhasse para aproveitar e espiar entre as cabanas qualquer informação útil que fosse sobre uma possível revolta dos illyrianos.

   - Devlon. - Rhysand disse com um um sorriso de desprezo.

   - Rhysand. - Devlon respondeu com um olhar de ódio e desgosto, me coloquei a frente de Rhys, meus cifões brilhavam como faróis azuis.

   - Pra você é Grão - Senhor. - falei com uma voz calma e fria. O sorriso de Rhysand alargou.

   - Grão - Senhor, o que faz aqui sem avisar? - Devlon perguntou com raiva pairando pela sua órbita.

   - Sou seu Grão - Senhor, você está no meu território, venho quando bem quiser, não preciso pedir permissão a você, muito menos te avisar. - Rhysand rosnou, ali era meu Grão - Senhor que falava com a voz exalando poder.

Devlon se encolheu assim como outros illyrianos que nos olhavam com desprezo. Um olhar meu foi o suficiente para que tremessem.

   - Ao menos posso saber a que devo a horna da sua presença, Grão Senhor? - Devlon fez questão de debochar na última parte. Rosnei para ele que fez o mesmo, Rhysand me olhou avisando.

   - Gostaria de saber por quê as fêmeas não estão treinando. - Rhysand respondeu recebendo um olhar entediado de Devlon.

Devlon sempre que podia, fazia com que as fêmeas deixassem o treinamento de lado para fazerem suas "obrigações". Cassian havia comentado que maltratavam as fêmeas que saíssem da submissão de suas famílias.

Illyrianos eram desprezíveis. Esperavam as fêmeas sangrarem para cortarem as asas e as venderem como se fossem objetos qualqueres. Após Rhysand se tornar Grão - Senhor, ele proibiu o corte de asas das fêmeas. Mesmo assim, a tradição illyriana continuou, fêmeas sendo tratadas como escravas e com tratamento parecido com o que Noor havia recebido no passado.

Com Amor, Azriel Onde histórias criam vida. Descubra agora