Cap. 22

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• Rhysand Pov

Acordei ao lado de Feyre. Ela estava com a cara amassada por conta do travesseiro. Inalei seu cheiro e memorizei os traços de seu rosto, como fazia todos os dias.

Anos depois de aceitar a parceria e eu ainda não acreditava que o Caldeirão havia me abençoado com ela. Minha Grã Senhora, rainha da corte, minha querida, a mãe de meu filho, minha fêmea, minha parceira.

Não conseguia imaginar pelo que meu irmão estava passando. Já faziam mais de 2 meses que Noor estava no mesmo estado, coração pouco batia, mas ela ainda respirava. Todo dia ele se prendia naquele quarto e desabafava sobre seus sentimentos com a parceira, mesmo adormecida, ele acreditava que ela podia ouvir.

Azriel sempre foi quieto, mas depois do que aconteceu com sua parceira, se falava duas vezes por dia era muito. Ele passou a treinar três vezes mais, agora que a essência de uma entidade corria pelas suas veias, a essência que antes corria no sangue de Noor.

Ele carregava um fardo. Ela havia feito aquilo para salvar a vida do parceiro sem ao menos saber as consequências. Feyre estava evitando conversar sobre o acontecido havia tempos. Elain mal falava com ela, assim como Azriel, se trancou em seu próprio mundo.

Azriel além de encantador de sombras, era o rei delas. Suas habilidades de espionagens aumentaram consideravelmente. Ele conseguia transformar qualquer sombra em algo material, como se desse vida a elas.

Me levantei da cama cuidando para que eu não fizesse nenhum movimento brusco para não acordar a fêmea mais linda de Velaris. Vesti a mesma roupa de sempre e joguei água gelada no rosto.

Abri uma porta específica no corredor e sorri ao ver Nyx nos braços de Nuala. Ao me ver, ele voou dos braços da espectro de encontro aos meus.

   - Acordou tão cedo assim morceguinho? - perguntei a ele. Os seus olhos violetas brilharam ao encontrarem os meus.

   - Eu quero brincar com o tio Cassian papai. - ele disse fazendo bico. Não contive um sorriso e girei com ele nos braços pelo quarto.

   - Do que você que quer brincar? - perguntei e ele colocou um dedo ao lado da boca pensando.

   - Quero ver Velaris de cima. - ele respondeu e meu sorriso alargou. Voar com Nyx por Velaris era uma das minhas distrações favoritas.

   - Vamos tomar um café primeiro, o que acha? - perguntei descendo para a cozinha com meu filho nos braços. Ele sorriu e balançou a cabeça.

Cerridwen estava fazendo o café da manhã junto com outras serviçais. Coloquei Nyx na cadeira e sentei na cadeira ao seu lado.

"Cassian" - chamei meu irmão.

"Ocupado" - ouvi a voz do meu irmão ofegante, segurei o riso.

"Cassian" - chamei de novo.

"PORRA CACETE ELA VAI GOZAR, ESPERA UM POUCO" - Cassian gritou pela comunicação e não consegui conter o riso.

   - Pela sua cara, pegou alguem sendo montado. - olhei para o lado e vi a fêmea mais linda de Prythian vindo em minha direção com um sorriso malicioso nos lábios. Sorri de volta.

   - Podemos andar de cavalo? - Nyx perguntou e fez Feyre corar.

   - Um dia morceguinho. - falei fazendo cócegas na barriga dele.

"Quem saiba eu também não possa montar em você" - Feyre falou de um jeito sensual me mandando uma imagem vulgar. Revirei os olhos.

"Mais tarde Feyre, querida"

"O que têm de tão importante para não irmos agora?" - Feyre perguntou manhosa, me fazendo gargalhar.

   - Nosso filho. - respondi em voz alta. - Irei com ele depois do café sobrevoar Velaris. - completei e ela sorriu.

   - Adoraria ir com vocês, mas preciso resolver algumas questões na galeria. Noor faz falta, não só no trabalho. - disse com a voz triste. Coloquei uma mão por cima da dela.

   - Eu sei que faz, ela é da família também. - Feyre ofereceu um sorriso fraco.

Tomamos café e depois voei com Nyx pela cidade, de cima seguiamos Feyre indo até a galeria. Nyx se esforçava para voar mais alto que eu, mas suas asas ainda eram muito pequenas para isso. O coloquei encima das minhas costas, ele ficou em pé encima de mim com os bracinhos abertos, assim como as asas, enquanto eu nos levava por toda Velaris.

"Fala" - Cassian respondeu ofegante.

"Deixou ela tremendo?" - perguntei o provocando.

"Melhor, ela não vai andar por pelo menos dois dias" - Cassian falou com uma voz provocativa, gargalhei.

"Só isso? Achei que ela fosse usar cadeiras de rodas."

"Vai se foder, o que queria?"

"Preciso que busque Madja e a leve para ver Noor"

"Não acredito que tu atrapalhou minha foda pra isso, por que tu mesmo não busca?"

"Porque estou com meu filho e porque sou seu Grão - Senhor" - ouvi Cassian resmungar, mas ele assentiu.

• Azriel Pov

Três socos, dois chutes, um gancho. Dois meses, dois foocking meses. A essência dela corre dentro de mim, eu a roubei. Sou um bastardo bruto que acabou com a vida da própria parceira.

O que Isis falaria para mim? Continuo socando o saco de pancadas sem parar. Meu único foco é esvaziar a mente, mas parece impossível, já que cada soco é uma lembrança. Como eu sinto falta do sorriso dela, aqueles olhos vermelhos quando ela está irritada ou nervosa demais, o som da risada, seu calor no meu.

Pela mãe, eu estou morrendo por dentro. Todo santo dia, eu sinto o laço da parceira balançando, como se em qualquer movimento brusco fosse se romper. O suor escorre pela minha testa, grudando meu cabelo. O couro illyriano está totalmente fedido.

E para melhorar, estamos com uma guerra a frente. Hybern está se movimentando para o território humano, uma provavel tentativa de escraviza-los novamente. Se o merda do Tamlin já estivesse se reestabelecido, isso não seria um problema.

Fomos a Corte Primaveril há quatro dias, saber de que lado está, e como previsto, está nulo. Fraco demais para lutar. Feyre fez um grande estrago em Tamlin. O que ele sente pela minha Grã - Senhora, não é amor, é obsessão.

Lucien, Jurian e Vassa já estão ciente da ameaça. Após a queda da muralha, as terras mortais vêm sendo ataques de feericos apenas por diversão, o que é um puta de um trabalho, pois essas ações fazem com que os humanos não confiem em feericos, e podemos precisar deles na guerra.

Agora que Helion descobriu que Lucien é seu herdeiro, uma guerra interna entre a Corte Outonal e a Corte Diurna está para estourar. Meus espiões estão tentando trazer informações sobre a situação da Outonal, mas as notícias não são boas.

Eris havia informado que a situação em casa estava complicada na última visita a Corte dos Pesadelos. Não tivemos informações dele desde então. Se tivesse morrido, seria uma pena que não fora pelas minhas mãos, mas apesar de odiar Eris com todas as forças, ele era o menos pior dos irmãos.

Sou tirado dos meus pensamentos com um golpe do laço. Cambaleei para trás com a mão no peito pensando o pior, ouço gritos, tanto em minha mente quanto vindo da casa. Tento andar até lá mas não consigo, o laço pesa mais que qualquer coisa. Sinto como se estivesse carregando montanhas nas costas e acabo caindo de joelhos. Um soluço se instala em minha garganta e não me seguro em soltar.

Sinto o baque novamente, mas dessa vez o laço se enrosca na outra metade. Arfo tentando respirar. Olho para o céu e não consigo impedir as lágrimas de cair, não quando estou sozinho. Um sorriso invade meus lábios sem minha permissão. O laço está completo e fortificado. Eu a sinto viva como nunca.

"Ela acordou" - Rhysand diz mentalmente.

"Eu sei, eu senti" - respondo e corro para a Casa do Vento.

Com Amor, Azriel Onde histórias criam vida. Descubra agora