Cap. 26

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• Noor Pov

Estava nos braços de Azriel quando abri os olhos. A batida calma compassada do seu coração era como uma melodia que trazia paz, sorri ao lembrar da voz de Azriel cantando para mim enquanto eu fingia dormir.

Uma tristeza rápida passou por mim ao lembrar que jamais veria novamente, sendo que fazia pouco tempo que eu tinha sido jogada no mundo e realmente o descobrindo, pouco a pouco.

Estava aninhada em seus braços e envolvida pelas suas asas. Eu poderia ter ficado na cama, mas algo me chamava para longe de lá. Mesmo sem ver nada, consegui levantar da cama sem acordar meu parceiro. Ouvia sua respiração muito bem, mas além disso, ouvia vozes a quilômetros.

Caçei meus couros illyrianos, o que por sorte não foi difícil de encontrar. Toquei os desenhos e as costuras da roupa, me despi e coloquei o couro. Meu corpo pareceria ter se acostumado com a escuridão. Eu não sabia ao certo o que estava fazendo, já que eu não via nada.

Levei a mão aos meus cabelos, sentindo a maciez deles, que agora viraram fios brancos, por toda a extensão. Não encontrei um amarrador, então sai mesmo assim. Eu revirei memórias de quando tinha estado naquele quarto e contei, um, dois, três, quatro, seis, dez, doze passos até a porta.

Abri devagar e a fechei, torcendo não fazer nenhum barulho. Minha mão tocou a parede e segui para o ringue, eu sentia os cheiros mais forte do que nunca, meus ouvidos pareciam ouvir três vezes mais.

Enquanto eu andava, eu contava os passos, memorizando cada um deles para não me perder. Minhas mãos alcançaram a porta de vidro e por fim, entrei no ringue. Olhei para baixo vendo se tinha algum obstáculo em minha frente, e sendo lembrada pela minha mente que eu não podia enxergar.

Um riso escapou percebendo a piada que havia acontecido na minha frente. Acabei tropeçando na maldita escada para entrar no ringue.

- Filha da puta, achei que ficasse mais longe! - exclamei xingando a escada.

Subi um degrau de cada vez, esticando os braços como se fosse me equilibrar. Andei com os braços esticados, procurando o saco de pancadas que ficava preso no chão. Ao senti-lo, abracei o saco e suspirei em alívio.

Lembrava da distância do ringue até o quarto do meu parceiro, que era uma distância considerável. Sorri comigo mesma pelo progresso. Me afastei do saco tentando encontrar os pedaços de panos para envolverem minhas mãos, me impedindo de me machucar. Tropecei em alguma pedra no chão e xinguei o chão.

Encontrei dois rolos de panos, exatamente onde eu tinha deixado os meus pela última vez. Pressionei os lábios lembrando da minha última luta, meu último treino. Enrolei nas minhas mãos firmemente, provavelmente estava fazendo errado, mas não me importava.

Após amarrar a proteção em minhas mãos, voltei ao saco de pancadas. Toquei ele duas vezes para ter certeza. Estiquei os braços me afastando para uma distância que alcançaria o alvo. Um nervoso veio à tona mais balancei a cabeça ignorando o sentimento.

- Eu consigo fazer isso, eu consigo... - repeti para mim mesma respirando fundo.

Soquei dois-um de um jeito fraco, apenas para ter certeza que acertaria, sorri ao sentir o impacto. Arrumei minha postura e firmei os pés no chão, mantendo o equilíbrio. Uma onda de pássaros passaram voando pelo céu, ouvi o canto e o farfalhar das asas, sorri com o som, como se fosse um alarme, "comece".

Ainda receosa, comecei uma sequência de um soco de cada vez, errando a direção algumas vezes. Fiz careta nas vezes que soquei o vento, mas eu me aproximava tentando sentir o couro do saco lembrando da sua direção.

Com Amor, Azriel Onde histórias criam vida. Descubra agora