Promessa é dívida

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É claro que ele não esqueceu. Lembrou de tudo. De cada detalhe. De como havia sido a sensação de tê-lo uma última vez antes de voltar para casa por meses e ficar longe não só dele como da liberdade de poder ser Yorun, e de começar a poder ser ele mesmo aos poucos.

Apesar de ter sobrevivido a última semana do semestre na universidade e de ter tido uma despedida incrível — porque a noite anterior havia sido uma despedida para si, estava voltando para casa e ficaria longe de todas aquelas pessoas por um tempo — ainda estava se recuperando do cansaço que fora aquele mês final. Tivera uma reunião com Luhan e Chanyeol na qual decidiram que Yorun iria precisar de conteúdo pré-gravado para postar durante aquela pausa. O que significava gravar muitos vídeos de coreografias novas, tirar fotos de si mesmo nas salas de treino, no quarto, até algumas fotos com Kim Lip. Todo o conteúdo havia sido planejado para que parecesse que nada fora do normal estava acontecendo, Yorun continuaria treinando como estava fazendo nos últimos meses. Quando, na realidade, estava voltando para casa para uma pausa involuntária e longa.

Não era a melhor sensação do mundo. Ser obrigado a parar de trabalhar porque estava trabalhando escondido da família era frustrante, e ele sabia que o corpo iria sentir a pausa absurda. O corpo e a mente, que já estava acostumada a passar coreografias novas e pegá-las com muito mais facilidade do que no início.

Psicologicamente, seria um desafio. Luhan e Chanyeol o fizeram prometer que iria comparecer à terapia virtual toda semana, a psicóloga havia sido contada por eles para trabalhar com Kim Lip e Yorun durante aquela fase de treino e posteriormente, quando já fossem artistas debutados. Era um gesto muito sensível da parte deles e Byun era muito grato, e esperava que as conversas semanais fossem aliviar sua ansiedade.

Não estava triste, não tinha como estar. Ganhava cada dia mais seguidores e atenção nas redes sociais, suas habilidades tanto na dança quanto na composição estavam melhorando e Yorun já tomara forma e já tinha uma presença única na vida de quem convivia com ele. Só estava apreensivo com a mudança repentina na rotina, mas a psicóloga lhe dissera que era normal se sentir assim.

Enquanto fazia as malas naquela tarde de sábado, o único em meses que não iria trabalhar à noite porque planejava chegar cedo na estação de trem no dia seguinte, permitia-se sorrir bobo em meio a toda aquela apreensão. Porque lembrava de tudo e estranhamente fora poupado de qualquer ressaca. Era como se uma força divina tivesse interferido em sua própria biologia, porque tomara um porre daqueles e lembrava de todos os detalhes sem consequências. Ou talvez apenas tivesse passado por algo tão extraordinário que nem o álcool era capaz de interferir.

Havia beijado Chanyeol depois de muito tempo. Fora o melhor beijo da sua vida, talvez empatando com o primeiro que deram no elevador do dormitório. Quer dizer, não fora apenas um beijo... fora um amasso daqueles que durou uma boa meia hora. Mantiveram a compostura, pelo menos parte dela, porque estavam em público, mas lembrava de mãos por partes de seu corpo que ninguém mais tocava, e lembrava de tocar em partes dele que desejara por meses.

Gostaria de ter continuado em casa, e sabia que Chanyeol também. Mas ambos também sabiam que aquele momento era uma exceção e apenas uma exceção, que não podiam continuar nada. Passaram a respeitar o acordo e aprenderam a conviver com ele apenas com a força de vontade e...

O amor que sentiam um pelo outro. Quando lembrava que finalmente haviam confessado aquele sentimento incontrolável, que crescera e se estabelecera entre eles durante o convívio, durante todos os momentos simples que tiveram, durante as risadas que deram quando trabalhavam ou jantavam juntos na bancada da cozinha... o rosto ficava todo vermelho e o estômago ardia. Amava Chanyeol pelos momentos simples, mas também pela grandiosidade que era tudo o que estavam vivendo, o sonho que compartilhavam e como ele mudou sua vida para sempre.

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