A cabana

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Chanyeol o deixou no escuro após Byun lhe passar o endereço da cabana. Naquela semana seguinte à discussão por mensagem, treinar na cabana havia sido como andar de montanha-russa. Ele podia aparecer a qualquer momento, e Byun não saberia quando, porque estavam sem se falar. Totalmente. Não trocavam mensagem desde a briga e nenhum deles havia ligado um para o outro.

E se ele não viesse? E se tivesse decidido cortar relações e passar Yorun para Luhan de vez, irritado com a teimosia do mais novo? Não achava que Chanyeol iria fazer isso sem que tivessem uma longa discussão antes, mas aquele silêncio o estava assustando um pouco.

Vai ver merecia mesmo aquele gelo. Era, de fato, um maluco por chantageá-lo à ponto de fazê-lo ir até a cabana. Inconsequente mesmo, mas queria provar à Chanyeol e a si mesmo que a cabana era segura, que sua ideia havia sido boa. Que se virava sozinho independente dos obstáculos.

E qual o melhor jeito de provar que a cabana era segura?

Colocando Chanyeol ali, é claro.

Seus dois maiores segredos, juntos. O profissional e o pessoal protegidos por um telhado e quatro paredes no meio de uma floresta da sua cidade natal.

Sua teimosia e seu orgulho poderiam fazê-lo caminhar na beirada do precipício, mas precisava convencer Luhan, Chanyeol e a si mesmo que era capaz de dar conta dos obstáculos. Iria ser um idol de K-pop independente de tudo o que possivelmente o impedisse.

A chuva caía forte e constante do lado de fora da cabana naquela tarde de sexta-feira. Kiwi descansava em uma das cadeiras da varanda, que tinha um telhado para evitar que a área molhasse. Quando treinava do lado de dentro, deixava o gato do lado de fora para que não ficasse incomodado com a música alta. Os graves de Streets, da Doja Cat, faziam todo o seu corpo vibrar. Havia encontrado uma coreografia perfeita no Youtube para copiar, precisava trabalhar movimentos longos e lentos, que exigiam muita força e concentração. A coreografia era de hip hop, mas com alguns passos de dança contemporânea equilibrando o ritmo.

A música o fazia se lembrar do dia em que fez a tatuagem na virilha. Tocava no carro, quando voltavam do estúdio. Se havia algo que seu cérebro sabia fazer, era decorar as melodias de cada momento de sua vida. Sua tatuagem tinha aquele som, se desenhos na pele pudessem emitir algum. Da música e das palavras ditas entredentes por Chanyeol, um tanto revoltado por não poderem fazer o que queriam.

"Não ia ter pausa nenhuma, até você ficar completamente sem forças depois de um orgasmo atrás do outro. Eu iria atrás de todos os orgasmos possíveis, e iria induzir outros. Ia deixar você exausto, e, então, nos últimos que induzi, esperar você choramingar, cansado, meu nome. Esses iriam ser os prolongados, metendo bem devagar. Bem devagar mesmo. Sabe quando vem de repente, mesmo devagar, e dá muita vontade de chorar de tão gostoso?"

Ele não lembrava só da melodia que tocava, claro que não. Lembrava também das palavras ditas por ele, todas elas. Seu cérebro também conseguia decorar aquele tipo de informação... mais íntima.

Cada passo forte no chão, na batida da música, era mais raivoso. Era uma coreografia de padrão bastante másculo, apesar da música sensual cantada pela voz feminina. Gostava daquela dualidade de movimentos, quadril e tronco soltos e braços e pernas de músculos enrijecidos. Talvez fosse seu tipo favorito de dança. Se Yorun fosse um tipo de dança, seria aquela. A dualidade perfeita, o equilíbrio perfeito de todas as expressões que tinha dentro de si. Levou a semana para pegar todos os passos e agora já havia decorado tudo, aperfeiçoando de frente para o espelho improvisado, que eram as janelas de vidro fechadas da cabana. Na escuridão do tempo de nuvens carregadas, seu reflexo ficava muito evidente com as luzes todas acesas, como um espelho mesmo. Mal conseguia ver o lado de fora.

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⏰ Última atualização: Nov 17, 2021 ⏰

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