Noites Acordado

A lista

Por um momento teve uma breve sensação de abandono involuntário. Era incrível como a presença de Chanyeol lhe dava segurança; o acordo não fazia diferença naquela situação. Sabia que o produtor estaria ali para si com ou sem acordo, e sua ausência repentina de algumas horas, horas que estaria extremamente ocupado e impossibilitado de ser a presença que era para si lhe causou aceleração nos batimentos cardíacos.

Estava exagerando, tinha amigos ali, mas Jinsoul estava bêbada. Ela era sua segunda presença de segurança, e havia tomado um porre. Junmyeon estava cuidando da irmã — a expressão de profundo incômodo em seu rosto dizia tudo — e Kim Lip parecia estar se divertindo com Yibo, que agora também era seu professor.

Olivia, mais deslocada do que o próprio Byun, escolhera se aproximar de Junmyeon e lhe oferecer um apoio silencioso enquanto ele tentava controlar a irmã. Lançou um olhar breve para Byun e sorriu, acenando para si e fazendo sinal para a sua roupa, logo em seguida levantando o polegar num sinal de aprovação. Byun sorriu de volta, ajeitando o blazer de forma teatral para a estilista em formação.

Jongin não estava ali com eles, o que o deixou curioso. Será que estava ocupado com outra coisa? Será que estava cansado demais do novo emprego? E Luhan também não estava à vista, nem no camarote nem em lugar nenhum da pista. Pensou em se juntar à Yibo e Kim Lip, mas eles pareciam imersos demais na música que tocava e nos passos de dança que compartilhavam. Encarou o bar e considerou-o uma opção interessante, já que Jinsoul estava devidamente monitorada por Junmyeon e Olivia.

A pista em um pequeno intervalo de tempo se abarrotou. Quando entrou com Chanyeol não estava daquele jeito, mas parecia que as pessoas estavam entrando rapidamente. Não se deu o trabalho de avisar seu grupo de que sairia dali por um momento, todos estavam ocupados, então se afastou por entre as pessoas tentando manter a personalidade confiante de Yorun viva dentro de si. Ainda estava se acostumando a ser a melhor parte de si mesmo, que naquela altura ainda parecia outra pessoa em sua pele.

Seus amigos estavam ali, apesar de ocupados. Não estava sozinho. Respirou fundo e seu coração se acalmou. Sorriu, se permitindo curtir a música que tocava enquanto caminhava. Aquele ambiente deveria lhe deixar confortável, e deixava, mas a presença das pessoas o encarando e o julgando ainda era difícil de administrar na própria mente. E sabia que aquele exercício era necessário, porque um ídolo de kpop lidava com pessoas o encarando e o julgando o tempo inteiro. Precisava se acostumar com o fato de que alguns o iriam achar atraente e outros o achariam estranho, até patético. E era assim que funcionava a vida pública, não tinha outro jeito.

Ele iria conseguir, o sonho era muito mais forte, a ambição muito mais poderosa do que a insegurança. O medo que acelerava seu coração não era páreo para o novo mundo que havia descoberto após aquela primeira festa com Jinsoul e Chanyeol, meses atrás. Aquela noite o havia mudado como nenhuma outra, e seu coração não era mais o mesmo. Agora, havia a vontade de ser quem nunca pode ser. De por em prática todos os novos gostos que nem sabia que poderia ter, afinal música não fazia parte de sua vida antes. E agora, parecia insano viver sem. Despertara tarde, talvez, mas não importava. Antes tarde do que nunca, não era o que diziam?

Ia conseguir superar as adversidades da própria mente por si mesmo, em primeiro lugar, mas também por quem estava acreditando em Yorun. E a expectativa daqueles que apostaram em si e tinham carinho por si não deveria lhe causar desespero. Deveria ser um incentivo.

Bem, era fácil falar. O discurso mental soava inspirador o suficiente. Agora colocar o ideal em prática era um pouco mais complicado. Não se separava teoria e prática por nada. Havia um motivo por serem conceitos diferentes.

Percebeu que esse seria, na verdade, o seu maior desafio. Lidar consigo mesmo, controlar a própria mente. Sua mente era o início e o fim de tudo. Se não aprendesse a se relacionar com ela, poderia ter todas as oportunidades do mundo, e não seria o suficiente, porque as desperdiçaria.