Se havia algo que Chanyeol lembrava com todos os detalhes era da primeira vez que o notou. Era uma das poucas memórias que conseguia reviver quando quisesse. Conseguia sentir exatamente o que sentiu quando os olhares se encontraram apenas através da lembrança, porque achava que nunca tinha sido olhado daquele jeito antes e por alguém que fazia todo o ar de seus pulmões desaparecer em poucos segundos.
Havia tanto naquele primeiro olhar. Desejo, acima de tudo. Timidez, inocência, curiosidade, fascínio platônico... Byun Baekhyun fora capaz de transmitir tudo isso na primeira vez que trocaram os olhares naquela festa na universidade. E Chanyeol sabia que, depois daqueles primeiros segundos em que as atenções se conectaram, seria muito difícil esquecê-lo.
Não acreditava em amor à primeira vista, é claro que não. O amor surgia com o tempo, com o convívio. Mas bastou um beijo roubado no elevador para sentir o que de fato significava paixão, algo que provavelmente nunca experimentara antes. Era um encaixe inexplicável e viciante que o tornou refém em minutos. Estava disposto a correr atrás de sentir aquilo de novo e de novo, quaisquer que fossem as consequências.
O garoto não queria nada além do carnal, essa era a condição. Nenhum sentimento envolvido. E Chanyeol estava disposto, ah, se estava... tudo o que ele pedisse, muito provavelmente... Embora soubesse que seria impossível obedecer à ordem de não se apaixonar. Zombara do garoto ao ouvir aquele absurdo, como era possível se apaixonar por alguém que mal lhe dava abertura?
Sim, era possível. Porque ele sabia que existia tanto, mas tanto através daquele olhar. Byun falava com ele através do olhar, ele sabia que sim. Os olhos nunca correspondiam ao que os lábios pediam, bastava um olhar para Chanyeol saber que Byun queria muito mais do que sexo; que, se pudesse, viveria a aventura mais insana de sua vida ao lado dele.
Mas não podia.
E o olhar dele deixou Chanyeol sem saída.
Estava apaixonado quando Byun deixou seu carro, no dia que tiveram a primeira experiência sexual. Quando o banco do carona ficou vazio e ele sentiu o peito doer, porque queria passar a noite com aquele garoto, ouvir sua história, compreender suas motivações, sua curiosidade. Ele era o famoso clichê de um livro de centenas de páginas não lidas, um livro da área restrita da biblioteca. E era evidente que não seria uma leitura fácil, quando pudesse começar a ler.
E agora que pudera iniciar os primeiros capítulos, ainda não era.
Quando compreendeu que tinha despertado em Byun um sonho que nem o próprio garoto sabia que tinha, compreendeu também que a leitura seria demorada. Deveria ser demorada. Byun Baekhyun não era fácil de lidar, mas ele queria ter certeza de que o outro sabia que ele estava disposto a lidar. Queria lidar, precisava lidar. Doía imaginar-se não podendo lidar.
Ele tinha alma de artista, descobriu depois de alguns encontros. Era o tipo de pessoa que chamava a atenção, por mais que ele acreditasse que passava despercebido por vir de onde veio. Havia algo nele, ainda escondido, que clamava por atenção, por um espaço para ser visto. Chanyeol queria ajudá-lo a ser visto, a ver a si mesmo, a se encontrar e assim se permitir.
Num piscar de olhos, Byun Baekhyun virou, também, o seu sonho. Suas ambições até bem inocentes a respeito da indústria, seu desejo incansável de ser quem ele nunca pode ao menos descobrir que poderia ser... Yorun era inevitável.
Yorun era inevitável em todos os sentidos da palavra, para ambos.
E fora, por todos esses motivos, que Park Chanyeol aceitara o acordo. A relação deles começou com um acordo, não era a primeira experiência tendo de se relacionar com ele seguindo regras impostas por ele. Primeiro, não podiam se envolver emocionalmente. Agora, não podia se envolver fisicamente.
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Noites Acordado
Fiksi PenggemarAs noites de sexta-feira são as melhores noites da semana para Byun Baekhyun, um universitário simplório do interior. Manter encontros semanais com o estudante descolado da capital Park Chanyeol tornou-se uma rotina prazerosa, mas nada além de praze...