Deitei a cabeça cansado sobre as pedras,
Mas não sonhei.
Não vi o céu se abrindo e nem escadas de acesso ao paraíso.
Não havia seres de luz.
Deitei a cabeça sobre a pedra com 09 anos e ali não batizaram de casa de Deus,
continua se chamando calçada.
Deitei a cabeça sobre a pedra,
e por mais que eu implorasse não se transformou em pão.
Passou o bisbo, passou o levita e também passou o desconhecido,
Talvez voce também tenha passado.
Mas não foi como na parábola,
ninguém parou para me pagar um hotel e cuidar das minhas feridas,
Se bem que eu penso não haver remédio que cure o mal da indiferença.
O sol não parou para mim hoje, enfrentei uma madrugada congelante.
Olho e vejo carros de Lucho, mas não vejo o rosto de quem está dentro,
E nem eles o meu.
Fico me perguntando se eles tem pesadelos comigo,
Se perguntam a si mesmos como pode um ser humano viver nas minhas condições.
Parei na porta de um salão muito lindo,
E lá se contava histórias de um mundo melhor,
Mas eu não tinha o convite, não tinha roupas adequadas.
Me identifiquei com o jovem desesperado da história,
que dormiu sobre uma pedra,
O céu se abriu para ele,
Cara de sorte!
Mas no meu caso só aguardo o momento em que o chão vai se abrir e cessar a minha dor.
Eu acho...

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NAO ME ESCUTE
PoesiaOnde santo e profano, vida e morte escorrem da mesma fonte. Uma leitura para quem não tem medo de mergulhar em seu interior. Você verá em cada texto um fragmento da sua escuridão e luminosidade. Você não pode esconder-se de si mesmo. Todavia, Não me...