Aberração

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O policial trouxe Zuhal até a sala de interrogatórios. Ela se sentou na cadeira diante da mesa que ocupava o centro do ambiente dominado por sombras que possuía apenas um único foco de luz. Assim que o policial saiu, ela ficou sentada, ansiosa, esperando por quem entraria para conversar com ela, qual seria o teor da conversa.

- Desta vez você vai ter que pagar por tudo que fez. – A voz áspera de Yaman tomou a sala.

- Eu já dei todas as provas que eu tinha e já disse tudo o que eu sabia para você. - Ela olhou em volta, procurando o homem freneticamente nas sombras.

O baque dos punhos de Yaman contra a mesa metálica, faz um ruído tão alto que assusta a mulher.

- Mas precisávamos ter essa conversa, ainda mais depois de tudo que eu descobri com cada um dos sócios da sua irmã. Você se aproveitou muito bem nestes últimos meses de tudo que herdou dela, de todo o dinheiro sujo, dos contatos obscuros. Você se beneficiou bastante de tudo que aquela cobra deixou para você, as custas do sofrimento de muitas pessoas. – O tom do homem era ameaçador.

- Eu soube apenas após a morte da minha irmã. Eu não sabia de nada disso. – Zuhal falou entre lágrimas, chorosa, fazendo drama.

- Poderia ter denunciado, poderia ter vindo até a polícia para entregar todas as provas, como eu entreguei, teria sido muito mais simples e teria evitado que pessoas continuassem sendo traficadas, que drogas continuassem a ser vendidas e em consequência disso causando a morte de pessoas. Mas você preferiu a vida de luxo, tão ambiciosa quanto a sua irmã. O único erro que cometeu, foi não estar satisfeita com que tem e resolver acabar com a paz da minha esposa. Esse foi o seu erro. Acreditou que ela estava só, que não tinha ninguém para protegê-la. Você acreditou mesmo?...na sua tamanha idiotice...que eu...Yaman Kırımlı...ia deixar...a minha família desamparada? – Outro baque na mesa. – ACREDITOU MESMO!?

Deu a volta na mesa, rapidamente, como uma força da natureza, o rosto furioso a milímetros do dela, com olhos vermelhos de fúria:

- Mesmo que eu estivesse morto, teria que passar por cima do meu cadáver, para fazer mal para alguém da minha família. E você vai apodrecer na cadeia por tudo que fez e por ter sido burra ao acreditar que teria após depois de tudo que fez para a minha família.

Zuhal tremia, até que a expressão de pobre coitada dá lugar a expressão de ódio.

- Você ainda vai sofrer muito. Vai pagar por tudo isso. Tudo que eu sofri. Tudo que a minha irmã sofreu. As humilhações. – Ameaça a mulher tomada por uma coragem, falando entredentes.

- Eu tratei vocês duas como um membro da minha família e vocês duas me traíram como duas cobras venenosas, mas agora você vai se afogar no próprio veneno e vai queimar no inferno que você mesma criou – Yaman esbravejou com fúria.

- Eu o amei! – Zuhal devolveu no mesmo tom de fúria. – Tudo que eu fiz foi por amor.

- A única coisa que você ama é o dinheiro, o poder, é ter tudo a sua volta. – Ele falava baixo e com muito desprezo. – Você não ama ninguém. Nem a si mesma. Porque se sujeitar a fazer tudo que fez, a passar por tudo que passou....É não ter amor-próprio. Eu tenho desprezo por uma pessoa tão baixa e pequena como você, que é capaz de fazer mal a uma criança, de tentar matar uma pessoa. A minha vontade é... – o homem se controla para não falar uma besteira. – Mas eu deixarei que a justiça aconteça. O que você vai passar na cadeia, vai ser bem pior do que a morte, e eu vou me certificar que isso aconteça.

Ele se afasta da mulher, olha nos olhos dela com desprezo, enquanto ela era puro choque. Se afastou e saiu da sala dando um grande baque na porta. Começou a andar de um lado para o outro, tentando se livrar de toda a energia de raiva que carregava.

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