A Teia

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Quando Yaman chegou à sala de estar, percebeu que apenas restou Ali e Baba Arif dos convidados, o restante havia ido embora. Agora um pequeno grupo o aguardava para a longa conversa que viria.

Pisou na sala e olhou em volta, ao lado do grande arco da entrada estava em pé Nedim com a expressão preocupada, um pouco mais adiante, próximo a grande porta que dava acesso ao jardim estava Cenger com sua serenidade de sempre, sentado no sofá estava Baba Arif ao lado de Seher que se mantinha de cabeça baixa, em uma poltrona estava Firat olhando curioso para o recém-chegado e em pé ao lado da lareira se encontrava Ali com uma expressão grave.

Yaman ficou ali parado, estranhamente sereno, olhando para todos, esperando que a inquisição começasse.

- Como conseguiu armar todo esse circo? – Ali perguntou com um tom grave.

- Foi relativamente simples. – Yaman então olhou para Nedim com um olhar de puramente sarcástico, como se lembrasse de algo engraçado, fazendo o homem tentar esconder seu divertimento sob um discreto sorriso.

***

Muitos Meses Antes...

- Ele está acordando. – Baba Arif comunicou aliviado.

Yaman olhou confuso em volta, sem entender muito bem o que estava acontecendo. Estavam no quarto de uma casa humilde: Baba Arif, Nedim e Cenger. O que o deixou preocupado, para Cenger estar ali é sinal de que as coisas foram bem complicadas, e a expressão de alívio dos três homens confirmava ainda mais a gravidade das coisas.

- O que aconteceu? – O homem perguntou com a voz rouca, reflexo dos dias sem falar.

- Essa é a pergunta que gostaríamos de fazer para você. – Nedim falou preocupado. – Seher ligou dizendo que estava ferido, me passou a localização, quando cheguei lá, você estava praticamente morto.

- Seher... – Yaman fala preocupado.

- Não se preocupe, um dos nossos homens está acompanhando à distância, como não sabemos o que aconteceu, preferimos assumir esse protocolo.

- Água. – Depois de saber que ela estava bem, o corpo começou a pedir por suas necessidades básicas.

Cenger se apressou em servir um copo e ajudá-lo a beber:

- Aqui está, Senhor.

- Quem atirou em você, Yaman? Precisamos procurar quem foi o mais rápido possível! – Nedim falou sério, estava preocupado com a situação, além do sentimento de urgência.

- Seher.

- Como? – Os homens perguntaram em uníssono, com pura descrença.

- Seher atirou em mim. – Yaman confirmou com calma.

- Com que arma? Como assim? – Nedim perguntou preocupado, alarmado.

- Com a minha arma, eu entreguei para ela e ela atirou. – Yaman falou calmamente.

- Você enlouqueceu? – Arif Baba solta toda sua indignação, não aguentando mais esse excesso de loucuras.

- Eu não consigo crer que a Senhora Seher possa ter feito algo tão extremo. – Cenger falou pela primeira vez, estava chocado.

- Imagina se eu contasse que ela tentou me matar com uma foice. – Os homens presentes na sala eram a pura expressão de choque. – Ela estava desesperada. Ela queria ir para longe, mas eu não conseguia deixá-la ir, o que a deixou furiosa de uma forma que jamais imaginei, então dei a opção dela me matar, pois só iria embora por cima do meu cadáver. Pelo menos assim, ela ficaria protegida pela minha herança e cuidaria do Ziya.

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