Decisões

708 40 4
                                    

- Bom dia, Seher! – O rapaz fala de forma sorridente assim que entra na sala de jantar e senta-se a mesa.

- Bom dia, Firat! – Ela abre um delicado sorriso para o irmão e em seguida dá um gole de chá.

Em silêncio eles ficaram presos naquela confortável rotina do café da manhã, até que Firat baixa os talheres com um rosto grave e fala:

- Sei que não quer falar sobre isso. Mas não consigo ficar calado, irmã. Eu nunca pensei que voltaria a dizer isso alguma vez na vida, mas eu concordo com Ele. Depois de tudo que o Senhor Nedim me disse, é imprudente essa sua decisão.

Seher baixa a xícara de chá, lentamente sobre a mesa, olha para o irmão de forma concentrada e então fala com sua voz mais calma:

- Firat, meu irmão, a decisão já está tomada. É o melhor a fazer neste momento. Certamente o Senhor Nedim encontrará a forma mais segura de fazermos isso.

- Irmã, isso é uma irresponsabilidade! Há muitos inimigos dele lá fora, que agora ficam rondando essa casa como abutres, esperando o momento de atacar. Você não vê que ainda é muito cedo? Esse não é o momento. Veja o Cangöz! Ele jurou vingança! – O rapaz mostrava toda a sua preocupação em sua voz.

- Eu conversei com ele, esse homem não é mais um problema. – A moça fala serenamente e então dá um gole de chá.

- COMO!?! – Firat pergunta quase como um grito, chocado ao saber que a irmã tinha se arriscado daquela forma.

- No dia do enterro, eu conversei com ele...

- ...Você está me dizendo que no dia que aquele homem foi até aquele cemitério para ter certeza que o Kırımlı estava morto, você conversou com ele? – Firat interrompeu transtornado, preocupação em cada traço do seu rosto.

- Sim! Conversei! Falei que o problema que tinha, era com Ele! A pessoa que queria se vingar era Ele! Que agora todo o ódio e a vingança estavam envolvidos por uma mortalha, enterrado no fundo daquela cova. – Seher falou duramente, olhando nos olhos do irmão e então acalmou a voz, voltando a postura relaxada. – Ele disse que aceitava. Que cada um seguiria seu caminho desde que eu não estragasse os negócios dele. E nada como um aperto de mão para selar a paz.

- Não acredito que você fez isso! – Firat falou descrente. – Não percebe que está agindo como Ele.

- Eu estou agindo da forma necessária pela segurança desta família. – Ela olha em tom de censura para o irmão.

- E os demais inimigos? – O jovem policial a desafia, de forma implacável.

- Eu já estou lidando com isso. Não se preocupe. Não terá riscos. O Yusuf precisa disso, já se passou tempo demais, ele mal olha para mim, ele me culpa por tudo que aconteceu com o tio.

- Com um tempo isso vai passar. Tenha fé. – O irmão coloca a mão sobre a mão da moça.

- Fé...Ai está algo que fico admirada de não ter perdido. Mas não vê, já se passaram três meses, já tentei de tudo, desde o cachorrinho até a psicóloga, essa é a minha última saída. E foi um conselho da nossa mãe. – Ela dá a cartada final.

- Se ela soubesse de tudo que eu sei, não aconselharia isso. – Retruca o rapaz.

- Ela sabe como eu me sinto, não posso viver com o Yusuf sentindo tanto rancor por mim. Então sim, ele vai para a Escola, o convívio com outras crianças vai ajudá-lo.

Naquele momento, Cenger entra na sala de jantar seguido de Baba Arif. Seher logo se levanta com o um sorriso.

- Senhora Seher...o Senhor Arif. – Fala Cenger educadamente.

HerançaOnde histórias criam vida. Descubra agora