Porto {1}

487 39 2
                                    

Estava voltando do meu primeiro dia de aula, reparando na estrada que já tinha dirigido duas vezes antes com o Luiz pra conhecer o caminho e acostumar com o carro. Aumentei a música, cantando junto com a Liniker e pensando como parecia fazer tão mais tempo que eu estava lá.

    Ainda mandava mensagens todos dias pro Benja, tínhamos feito só uma chamada de vídeo quando cheguei na minha tia pra mostrar meu quarto nos próximos meses. Vi que ele não estava tão à vontade como nas outras vezes e lembrei da Pati reforçando que depois que terminássemos era bom reduzir o contato pra ir abrindo espaço pra pensarmos em nós mesmos e até conhecer outras pessoas.

    Bom, ainda não queria conhecer outras pessoas. O Marcos tinha falado mais de uma vez sobre um tanto de caras que eu poderia encontrar no campus e tantos outros amigos de amigos que ele poderia me apresentar.

    Eu sorria e dizia que ainda não era o momento, se nem tinha tirado as fotos dele dos meus perfis de rede social, imagina se ia ter essa cara de topar conhecer gente nova. Claro, tinham lembrado que na quarta o Gustavo chegava e tínhamos um jantar os quatro no apartamento do casal. Não era uma pessoa nova, mas também não estava na minha imaginação agora até por morar em São Paulo.

    E talvez justamente por estar com tantas coisas diferentes na minha vida, nem sentia aquele frio na barriga que imaginei que sentiria quando nos víssemos e eu estivesse solteira. Estava terminando de me arrumar pra esse jantar quando ele chegou na minha tia. Ouvi eles conversando na sala, dei uma última olhada no espelho feliz com as roupas novas pra essa fase de estudante em intercâmbio, onde eu me sentia mais mulherão com um top e saia midi. Logo que cheguei o Marcos desmontou minha mala dizendo que aquele era um ótimo momento pra eu ter uma nova imagem e chamando uma amiga dele que trabalhava com moda pra montar esse novo guarda roupa com algumas coisas que eu tinha levado e outras que compramos em um brechó ali próximo.

    Deixaram de canto todas as roupas que ele chamava de "cara de namorada chata", montou propostas novas com peças que eu nunca tinha imaginado e ganhei o Marcos esse top e saia, indicando mais algumas alternativas que sempre me deixavam com essa confiança de que poderia arrasar quarteirões assim que colocasse o pé na rua.

    Cheguei na sala com eles apoiados na janela e minha tia apontando alguma coisa longe. Fui até eles e parei ao lado do Gus o cumprimentando com um abraço rápido. Se já estava pronta? Concordei, mostrando a bolsa e me despedindo da minha tia.

    O apartamento do casal era próximo e conseguíamos ir caminhando ali por aquela vizinhança que já começava a me parecer mais familiar. Estava falando justamente isso com ele, que eu já me sentia mais à vontade nessas duas semanas e que parecia tão distante quando há pouco mais de um mês eu nem considerava a ideia de mudar pra Porto.

    _Mas você realmente parece mais tranquila aqui, como se tivesse resolvido um problemão na sua vida.

    _Não quero romantizar tanto porque é o começo ainda, mas foi amor à primeira vista. Até o primeiro dia de aula foi gostoso... Aliás você ia pirar naquele campus com as fachadas tombadas, até eu fiquei um tempo parada em frente reparando nos detalhes.

    _Mona, logo mais é você que não vai querer voltar pro Brasil. Aqui dá pra se apaixonar a cada esquina com essa arquitetura. Acho que volto pro Natal e Ano Novo nas férias, ai te levo pra conhecer alguns outros lugares, tipo próximo da França.

    _Achei que você ia ficar direto no Brasil.

    _Só mais dois anos no máximo, depois quero voltar. Pelo menos por enquanto.

    _Entendi... Estou curiosa pra saber se em novembro vou tentar prorrogar mais um semestre aqui ou voltar pra São Paulo.

    _Seu pai me disse que pretende vir.

Amores de MonaOnde histórias criam vida. Descubra agora