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Com a meta de passar de semestre só com a entrega da primeira prova e trabalhos complementares, os dois meses seguintes passaram rápido.

A transferência do meu pai pra filial em Portugal não tinha dado certo, eles ainda iniciariam o ano seguinte do Brasil mas com o plano de procurar uma vaga em uma empresa portuguesa.

Em compensação minha extensão pro semestre seguinte foi aprovada. Fui selecionada pra uma vaga com bolsa de pesquisa cientifica que poderia estender até o final do ano e me formar lá. No dia que saiu a aprovação fiquei em Coimbra com a Fran, fiquei tão feliz com a notícia que antes das 14h já estávamos em um bar comemorando e mal lembro como chegamos no dormitório dela de tão bêbadas que ficamos.

Eu ficava encantada com as descobertas da pesquisa da Fran sobre mulheres com esse viés de psicologia, mas meu tema seria sobre inovações em empresas públicas. A Adriana tinha dado essa dica de viés, uma vez que o cenário político do Brasil é bem diferente e eu precisaria estar em Portugal pra conseguir finalizar esse artigo durante o ano seguinte.

Final de outubro a Rosa passou um final de semana conosco, estava de férias na Espanha e veio conhecer Porto. Ficou comigo na minha tia, facilitava os passeios e pra nos atualizarmos de tudo que vinha acontecendo.

Ela e a Kamila já tinham conversado com o proprietário do apartamento e iam renovar o contrato por elas. Estavam super felizes nessa vida de morando sozinhas e com estágios próximos, conseguindo dividir inclusive as caronas.

Sobre nossos amigos não tinham tantas novidades, maioria estava na correria de final de semestre querendo fechar as matérias e se planejando pra virada de ano que cairia em uma terça-feira, com possibilidade de um feriadão de quatro dias.

Contou também que estava de namorado novo, tinha conhecido em uma das festas de publicidade e agora mal encontrava com a turma do time de vôlei.

_Aliás, achei que você já teria perguntado do Benjamin a essa altura - estávamos abrindo nosso terceiro vinho, dei de ombros.

_Já não falo com ele desde agosto. Fico naquela ideia de que ele está bem.

_Sim, perdi um pouco o contato com ele. Acho que mês passado que ele estava no aniversário da Gabi, mas sozinho.

_Ah, logo mais ele arruma alguém pra acompanhar sempre.

_Kamis acha que ele vai esperar você voltar.

_Não faz sentido. Ele nem me tem mais nas redes sociais.

_Mas você também não está saindo com ninguém aqui?

_Não, quero aproveitar que já estou por aqui pra fazer o mochilão com uns amigos em dezembro. Pra isso estou estudando feito uma louca.

_Então se quando você voltar pro Brasil e o Benja estiver solteiro...

_Ele continuará, até porque talvez eu volte só de férias ou depois de formada. Tenho um carinho gigante por ele, mas não faz mais sentido voltarmos.

_Sim. Você sabe que eu gostava muito de vocês juntos, mas falando aqui contigo estou te achando diferente mesmo Mona.

_Estou me sentindo mais mulherão Rosa. Se antes o Benja já ficava incomodado com algumas coisas, agora ele ia pirar comigo dando essa de independente que dirige todo dia esses tantos quilômetros pela auto estrada.

_É mesmo, até tua postura mudou. Esses meses aqui te fizeram um bem danado hem amiga. Só falta um português pra esquentar tua cama hem.

_Admito que não sei mais se quero voltar depois que passar a pesquisa e realmente estou pensando muito mais nisso agora. Aliás, você aplicou pro próximo semestre?

_Aham. Imagina se eu venho?

_Seria sensacional!

O resultado dela só sairia em dezembro, mas ela mesma admitia que preferia terminar o curso em São Paulo pra não ter que encarar essa saída de trabalho ou mesmo um término com esse novo namorado.

Dia 25 de novembro o Luiz começou uma contagem regressiva pra chegada do Gustavo. Nesse meio tempo tínhamos feito só mais uma chamada de vídeo, ele estava em uma trilha com o Murilo e mais dois amigos na serra do mar e ligou pra mostrar aquela vista toda.

Eu já tinha uma mala prévia de todas possíveis roupas, maquiagens e penteados que faria nessa viagem. Faltavam dois professores confirmarem as notas pra eu poder viajar. Já não conseguia mais parecer tão tranquila também, ele não tinha passado o roteiro completo e eu sabia que teríamos esses primeiros 14 dias sozinhos. O casal só conseguiria nos encontrar quase no Natal.

Nesses últimos dias todas as inseguranças surgiram com força total, eu estava há todo esse tempo sem sair com ninguém, será que ele ainda gostaria do meu beijo? Será que o que eu sabia de sexo era o que daria certo entre nós dois? Eu sabia o que gostava no sexo? Chamaria ele por apelido carinhoso? Cabiam apelidos carinhosos ou só o Gus de sempre bastava? Íamos nos apresentar nos lugares e pra quem conhecêssemos no caminho como casal ou amigos? Será que ele ia reparar nesses quilos a mais? Eu estava gostando desse corpo com mais curvas, mas quando era mais nova sempre fui super magrinha. E se encontrássemos com alguma ex dele? Será que ele já tinha saído com muitas mulheres antes?

A lista de perguntas era infinita. Conforme a contagem regressiva ia diminuindo eu sentia que elas aumentavam. Ligava pro Marcos, que sempre respirava fundo junto comigo cinco vezes e depois perguntava se eu realmente achava que isso tudo era importante ele teria pego um mês inteiro de férias pra ficar com alguém tão horrível assim.

Depois eu sempre desligava um pouco mais tranquila, me olhando no espelho e gostando desse corte novo que a Luz tinha feito, deixando um cabelo mais curto e que eu realmente parecia diferente da garota que saiu de Campinas há três anos.

Amores de MonaOnde histórias criam vida. Descubra agora