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Quando chegamos minha tia realmente tinha acabado de fazer um bolo. Ficamos na sala conversando com ela, comigo me sentindo bem mais ansiosa do que imaginava por ele estar ali perto falando com ela sobre aquelas notícias todas de politica e economia e eu viajando sozinha se não tinha sido essa pessoa babaca que cortou qualquer clima entre a gente com meu nervosismo no carro e esse pedido pra passarmos batidos.

Realmente não tinha contado pra ela sobre o que tinha acontecido entre a gente. Só o casal, a Pati e Fran que sabiam e eu tinha uma consciência de que não divulguei tanto por ter aquele receio de ser uma situação tão pontual por essa nossa distância, de que não deveria ficar alimentando tanto uma continuidade.

Lembrei do Marcos me falando mil vezes de que eu não deveria ficar me prendendo nisso, que se continuasse com essa ansiedade não conseguiria aproveitar nada da viagem.

Eles continuavam firmes naquela discussão sobre o Presidente do Brasil e como o país não estava tão bem como poderia. Aproveitei a deixa pra sair de fininho pro quarto pra mandar os textos pra Fran revisar e olhar as roupas separadas pra colocar na mala. Logo em cima estava a roupa que tinha escolhido pra encontrar com ele hoje junto com o casal e sem essas ideias de tantos pensamentos pessimistas. Fiz as respirações do Marcos, repetindo pra mim que estava pirando à toa.

Voltei pra sala, eles pareciam estar no mesmo argumento. Minha tia era especialista nesses temas e minha pesquisa era toda nessa área, mas não conseguia me imaginar sentando com eles pra conversar. Pelo horário o casal já devia estar chegando em casa, confirmei com o Gus e sim, em mais ou menos 1h já poderíamos ir encontrar com os dois pro jantar.

Fui tomar um banho e voltei pro quarto pra me arrumar, ainda me sentindo triste de não ter sido um reencontro como planejado. Minha tia bateu na porta avisando que já estava saindo, ia pro aniversário da amiga e que eu devia mandar um beijo pros dois. Sim, claro. Gustavo seguia na sala, eu devia ir lá.

Pedi pra ela falar pra ele ir lá no quarto, ia só me maquiar e já poderíamos ir pro casal. Logo depois ele bateu na porta, ficando em pré encostado no batente e olhando pra dentro com aquele monte de roupas em cima da mala.

_Tem mais alguma coisa te incomodando.

_Como assim? - peguei a sombra, continuando sentada em frente ao espelho me maquiando e vendo ele pelo reflexo.

_Te conheço Mona, você está se escondendo. Não me diga que vai ficar o mês inteiro assim.

_Sabe que passei o ano todo numa pilha depois que te encontrava, de que estava imaginando coisas, que nem adiantava pensar que você me dava bola?

_E você continua pensando isso depois do casamento?

_Então, o casamento acabou com essa ideia. Mas ano que vem eu fico aqui e você no Brasil. E não consigo ver isso tudo como só uma noite.

_Sim. Mas até 10 de janeiro eu estou aqui na Europa. Além do mais foi uma noite, manhã e almoço.

_Acho que eu já estou sofrendo pelo 11 de janeiro.

_Desse jeito você nem vai conseguir curtir a viagem - parei antes de passar o rímel, sentindo que meus olhos se enchiam de lágrimas. Respirei fundo virando pra ele.

_Eu sei, to me sentindo muito idiota de ainda estar com esse tanto de inseguranças. Tinha todo um outro plano pra hoje à noite.

_Você está sendo dramática - ele riu, abaixando na minha frente - você acha que eu não fiquei ansioso também?

_Aposto que infinitamente menos do que eu.

_Diferente. Não faço ideia de como será depois que eu voltar pro Brasil, mas antes queria muito conhecer esses lugares novos com essa mulher que sempre borra a maquiagem.

Amores de MonaOnde histórias criam vida. Descubra agora