Capítulo 16

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  Acordei no dia seguinte com um mili-segundo de angústia ao abrir os olhos, rapidamente substituído por borboletas no estômago ao lembrar do Alex. Sentimento que se intensificou ao lembrar de ontem a noite. Euforia parecia querer me dominar. Me esprequicei, afundando meu rosto no travesseiro. As borboletas passaram, dando lugar a uma imensa empolgação quando lembrei que vamos nos ver hoje. Peguei meu celular assustado, com medo de ter perdido o horário. Suspirei aliviado quando vi que ainda era meio-dia. Soltei todo meu peso sobre o colchão mais uma vez, então levantei.

Desci as escadas depois de alguns minutos, já vestido e um pouco mais arrumado. Meu pai já estava sentado na mesa, almoçando uma marmita que ele costuma pegar num mercado próximo. Ele parou de comer ao me ver, limpando os lábios com a mão.

- Dia.

- Bom dia!

- A sua está no microondas. Não sabia que horas ia acordar. Não quis te chamar no primeiro dia de férias.

Ele deu um riso rouco, pouco genuíno. Acenei com a cabeça.

- Certo, obrigado!

  Disse indo em direção ao microondas. Meu pai me observava com curiosidade, quase estranheza. Peguei minha comida e olhei para ele confuso, pensando se ele tinha algo a dizer.

- Aconteceu alguma coisa?

- O que quer dizer?

  Me sentei à frente dele na mesa. Ele apontou pro próprio rosto fazendo movimentos circulares, tentando dizer alguma coisa parecendo não saber como.

- Você tá sorridente.

  Percebi e abri um sorriso maior, envergonhado. Abaixei minha cabeça e escondi meu sorriso com a mão, tentando conte-lo. Então a tirando quando consegui um pouco.

- Ah, é, não tinha percebido.

Comecei a comer, mas ele continuou olhando para mim.

- E então?..

- O que?

- Aconteceu alguma coisa?

  Sorri de novo, sem saber como responder. Precionei os lábios e dei de ombros, dando mais uma garfada.

- Nada de mais, não.

- Aham...

  Ele respondeu sem acreditar, estreitando os olhos, então relaxando o corpo e voltando a comer. Me sinto idiota por ser tão óbvio. Nesses momentos agradeço a falta de insistência do meu pai. Continuamos em silêncio alguns minutos, com minha cabeça nas nuvens, então o celular dele começou a vibrar. Ele o pegou meio desleixado, o segurando enquanto o apoiava na mesa. Ele pareceu esconder um sorrisinho de canto, então voltou a comer. O encarei.

- E então?

- O que?

- Aconteceu alguma coisa?

  Eu disse com um sorriso um pouco brincalhão. Ele sorriu de volta, entendendo a ironia da situação e continuou comendo sem responder.

- Não vou estar em casa hoje.

- Trabalho? Sábado?

- Não. Outra coisa. - Fiz um sinal de afirmação e voltei a focar na comida. Meu pai fez um som com a garganta. - Talvez eu só volte de madrugada. Ou amanhã...

- Tudo bem.

As vezes penso em perguntar onde ele vai, como se eu não soubesse a resposta. Porém, é estranho ele me avisar. Normalmente ele só vai e volta qualquer hora, de qualquer forma. Terminamos e fui eu para o meu quarto, pensando em que roupa usar hoje, e meu pai para o dele, saindo de casa alguns minutos depois.

His Words (Yaoi)Onde histórias criam vida. Descubra agora