Capítulo 22

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Alex me explicou o que era o banquete socrático e me disse um pouco sobre cada filósofo que participou. Agora vinha a parte importante.

- E Aristófanes?

Perguntei o olhando. Alex disse que Aristófanes era comediante e escritor de peças de teatro. Que ele odiava Aristóteles e que era gay. Bem, praticamente todos eram naquela época. Mas Alex pareceu corar um pouco. Apesar disso pareceu um pouco incomodado. A cena do dia que ele esteve na minha casa repetiu ja minha cabeça, e só consegui pensar que o Alex é a pessoa mais confusa que eu já conheci. Ele parecia fácil de ler no início. Mas quanto mais eu acho que conheço o Alexander, mais parece que não conheço.

- Ele tinha uma teoria com titãs. - Levantei uma sombrancelha, o olhando. - Titãs eram criaturas gigantes e poderosas que naquela época já diziam que eles viveram à muito tempo antes das pessoas. Os mitos diziam que os titãs foram divididos em dois, e assim surgiram almas humanas. Eram duas metades... - Alex me olhou com um olhar um pouco diferente ao dizer isso. Meu coração ferveu e a primeira coisa que se passou na minha cabeça foi "Segure minha mão outra vez..." - Ele dizia que essas almas passam a vida se procurando, e não se sentiriam completas até que finalmente se encontrassem.

- Como eles saberiam que se encontraram?

Alex desviou o olhar e respirou fundo.

- Eu acho... Que quando você encontra sua alma gêmea você sente... - Ele me olhou de canto. - Bom... Talvez não com todas as palavras. Mas você sabe que é alguém diferente. Que tem mais sobre aquela pessoa, como se você soubesse sem saber. Como um magnetismo que continua te puxando pra pessoa mesmo sem entender.

Meu coração bateu rápido no meu peito, meus olhos fixos nos dele.

- Não sei se gosto dessa teoria... - Murmurei.

- Por que?

- Significaria que alguém que não encontra a alma gêmea nunca vai ser completo de verdade.

- Hmm... - Ele apoiou o rosto na palma da mão, me olhando. - Bom, acho que poderia existir uma teoria melhor do que essa. - O olhei pedindo pra ele continuar, com o olhar. - Talvez as almas já estejam conectadas. Desde o início até o final. Não importa a distância.

- Como aquele mito japonês? - Ele me olhou confuso. - É a teoria dos laços. - Mostrei o mindinho. - Duas pessoas que estão destinadas à se encontrar, que se pertencem, são conectadas por uma linha vermelha em volta do mindinho. Elas são guiadas até a pessoa por aquele fio, porque é o destino delas. - Abaixei a mão. - Pode demorar anos, dias, décadas. Mas a linha não se quebra. Só quando um dos dois morre. Então em algum momento, algum dia, você vai encontrar o outro lado da linha. Até então, existe uma conexão que você sequer percebe. Vocês se sentem, de alguma forma.

- Essa teoria da alguma esperança, não acha? - Alex deu um sorrisinho. Corei um pouco, então assenti. - O que aconteceria quando os dois se encontrassem?

- Eles saberiam. - Dei um sorriso. - De alguma forma...

O sorriso do Alex aumentou devagar. Então ele olhou pro meu caderno, na minha frente.

- Acho que temos o nosso trabalho

- Acho que sim...

Olhei pra folha com um sorrisinho.

- Acha que já encontrou?

Levantei o olhar, um pouco surpreso. Então corei, um pouco sério. Essa pergunta...

- Você acha que já?

Ele deu de ombros e desviou o olhar.  Deitando sobre os braços outra vez.

- Achava que sim...

- Mas..?

Ele me olhou de canto, ainda deitado. Então desviou o olhar e fechou os olhos.

- Acho que seria demais pra mim...

Franzi o cenho, o olhando. Eu sabia sobre o que ele estava falando.

- Você podia ser mais direto as vezes...

- O que quer que eu diga?

Ele me olhou.

- Nada... - Abaixei o olhar. Envergonhado. - Você é um idiota... - Murmurei e comecei a escrever.

Alexander deu um um sorrisinho de lado, me olhando.

- Eu sei...


Continua...

His Words (Yaoi)Onde histórias criam vida. Descubra agora