𝐅𝐈𝐑𝐒𝐓 𝐋𝐎𝐕𝐄 | ✓

Epílogo

Outubro, 2030 – Boston, MA
Chris Evans

Estacionei o carro em uma das vagas livres para visitantes e saí do carro rapidamente, enquanto abotoava o blazer em meu tronco. A caminho da entrada, reconheci o Porsche Macan cor de sangue há alguns metros de distância, brilhando no meio do estacionamento. Suspirei fundo, aguardando o sermão que estava prestes a receber.

Os extensos corredores eram idênticos aos que eu tinha a capacidade de lembrar. O piso continuava reluzente, graças ao enceramento que recebia quinzenalmente; a longa fileira de armários azuis herdaram um tom envelhecido devido ao tempo; a vitrine de prêmios tinham mais taças...

Como eu sabia disso? Bem... pelo simples fato de ter sido aluno do Boston College High School.

— Tio Chris — olhei para trás, avistando Olivia — Tá fazendo o quê aqui?
— Hey, Olie. Como vai? — ela se apressou para me abraçar — Parece que seus amiguinhos aprontaram.
— O papai disse que eles puxaram a tia Scarly — ri fraco, imaginando o Anthony contando histórias do nosso tempo de colégio — É verdade?
— Um pouco — acariciei seus cabelos escuros — Por que você está fora da sala de aula?
— Estava no banheiro — a menina sorriu amarelo, apontando para a porta do banheiro feminino logo à frente — Preciso ir.

Depositei um beijo casto no topo de sua cabeça e acenei em uma despedida, voltando a concluir o percurso que eu já sabia de cor.

— Está atrasado. De novo.

De longe, pude identificar o perfil da mulher com a qual havia me casado, tão furiosa quanto da última vez que nos vimos. Os braços cruzados e as batidas ligeiras da sola do salto no chão, indicavam arduamente que a nossa última briga ainda a aborrecia.

Respirei fundo e afrouxei o passo antes de enfrentá-la.

— Eu estava em audiência, Scarlett.
— Seus filhos deveriam ser mais importantes — retrucou, em um tom nada amigável.
— E são. Interrompi a sessão judicial por eles.

Scarlett balançou a cabeça insatisfeita mas não devolveu, encerrando a conversa. Se pôs em frente a porta que indicava ser do diretor e bateu três vezes, anunciando nossa chegada. A placa dourada que antes era Lockwood, foi substituída por Mr. Simmons.

Uma voz masculina ordenou de dentro da sala para entrarmos, e assim fizemos, nos deparando com os dois jovenzinhos que colocamos no mundo sentados nas enormes poltronas em frente a mesa do responsável pela escola.

— Ferrou — ouvi Charlotte murmurar para o irmão, que se encolheu ainda mais no assento.
— Senhor e senhora Evans — o homem com a aparência de ter por volta dos sessenta anos se levantou para nos cumprimentar — Sinto muito precisar chamá-los. Sei que tinham afazeres mais importantes.
— Nada é mais importante do que meus filhos, senhor Simmons — Scarlett impôs em posição de mamãe loba.
— Claro — ele respondeu sem jeito, sentindo a indireta atingi-lo.
— O que tão urgente precisou de nossas presenças aqui? — perguntei, percebendo quando o movimento das perninhas de Benjamin aumentou.
— Infelizmente a Charlotte e o Benjamin se meteram em uma briga. Machucaram um coleguinha de turma por uma besteira.
— Não foi besteira — a loirinha retrucou, encarando a mãe, como se pedisse permissão para expor seu ponto de vista.
— O que aconteceu, Charlie? — perguntei, afagando o ombro da minha filha.
— O Timothy bateu no Brian só porque ele tem dois pais. Então eu bati nele.
— E você, Ben? — o pequeno deu de ombros.
— Segurei o Timothy pra Charlie bater.