30 • Mande ele subir

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Novembro, 2018 • Nova York – NY Scarlett Johansson

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Novembro, 2018 • Nova York – NY
Scarlett Johansson

Agradeci mentalmente quando entrei no Krispy Kreme e encontrei a loja vazia, bem diferente das calçadas de Nova York, que já estavam repletas de pessoas, fossem elas residentes ou turistas. Peguei o mesmo combo de sempre: duas unidades do Chocolate Ice Glazed e uma de Strawberry Iced Glazed e segui para o frio do lado de fora, arrastando a minha mala de mão, a procura de um táxi.

Sem paciência e com apenas um cappuccino do hotel no estômago, devorei os donuts antes mesmo do táxi chegar em frente ao Madison Square Park Tower, onde os meus pais moravam. Como o porteiro já me conhecia, não hesitou em permitir a minha subida.

— FILHA! — minha mãe gritou ao abrir a porta, me abraçando em seguida — Oh, querida! Eu sinto muito!
— Não sinta, Melanie! — a voz de meu pai ecoou do sofá, com o jornal do dia em mãos — Romain não merece a nossa menina — revirei os olhos — E eu sei que você está revirando os olhos, Scarlett! — minha mãe riu enquanto o meu pai dobrava o noticiário.
— Foi inevitável! — o abracei.
— Você está bem? — assenti — Que ótimo! Assim podemos falar mal do Dauriac.
— Karsten! — minha mãe o repreendeu, indo para a cozinha, provavelmente para trazer algo de comer.
— O que é? Não estou mentindo. Ex-marido serve para isso.
— Ainda não assinamos os papéis — expliquei.
— É só para você ir se acostumando com o ex — o mais velho afagou meu ombro quando sentei ao seu lado no sofá — Você não sabe o quão aliviado estou em saber que vocês finalmente se separaram.
— Eu sei que o senhor não era grande fã dele... — ele me interrompeu.
— Não era e não sou. Quem deixa a esposa em casa sozinha nos feriados, não é um bom marido. E agora já sabemos que ele fazia isso porque ele tinha outra — suspirei — Você merece coisa melhor, sabe disso!
— Terei que concordar com o seu pai, querida — Mel voltou com uma bandeja com um bule de café, três xícaras e alguns biscoitos e os colocou na mesa de centro — Romain nunca te mereceu.
— Eu sei, mas foram cinco anos, todos jogados no lixo.
— Você tem a vida pela frente — meu pai me incentivou.
— Em breve nos dará netinhos — sorriu, Melanie, com a própria ideia.
— Vocês já tem netos — disse.
— Netos que estão há oceanos de distância. Qual é a graça? — Mel serviu o café nas xícaras — Adrian ainda me mata por ter ido morar em Londres.
— Ele vem para o Natal? — perguntei.
— Quem sabe... ele surta só de pensar em ficar horas no avião com a Elena e o Steve — nós rimos do meu pai — Por que o Hunter não veio com você?
— Ele está no consultório, pai. Não pode sair toda hora.
— Poderia, se tivesse aceitado o espaço que eu dei a ele para montar o próprio consultório.
— O senhor sabe muito bem como ele é. Não gosta de responsabilidades demais.
— Culpa da Melanie, mimou demais — ele brincou e vimos a minha mãe cerrar os olhos.
— Eu só não te darei uma resposta porque a sua filha está aqui — ela cruzou os braços.
— Fiquem a vontade para se xingarem — me encostei no sofá, com a xícara na boca — Estarei mentindo se falar que não gosto de ver essas discussões — meus pais riram.
— Como estão as coisas em Boston? — Karsten perguntou, curioso.
— Tudo bem. O apartamento é ótimo, vocês precisam ver.
— Mesmo preferindo casa? — indagou, minha mãe.
— Não posso comparar — ri fraco — Mas para morar sozinha, é um ótimo espaço. Devo comprá-lo assim que oficializar o divórcio e Romain comprar a minha parte dos bens.
— Inclusive, precisamos resolver sobre o chalé.
– Eu sei. Após a assinatura dos papéis, o senhor passa para o meu nome — ele assentiu, dando um gole do seu café.
— E o emprego? — questionou.
— Estou ganhando melhor do que ganhava aqui em NY, por incrível que pareça. Sou chefe do departamento de contabilidade de uma empresa.
— Depois agradeça a Brie e Zoe por nós — minha mãe sorriu — Sei que elas tiveram papel fundamental em sua mudança.
— Falarei com elas. Ah! Eu esqueci de comentar com vocês... Acreditam que o Romain tinha um conversível e um iate?
— O quê? — os olhos do meu pai quase saíram da órbita ocular. Mamãe também estava tão surpresa quanto ele.
— Pois é. Descobri ontem. Fiz uma pesquisa e cada um equivale a quase meio milhão de dólares — Melanie colocou a mão na boca, incrédula.
— Esse filho da puta consegue ser pior a cada dia que passa — Karsten massageou suas têmporas, nervoso.
— Modos, Kar! — ordenou, Mel.
— Acredite, estou tendo! Minha vontade é de espanca-lo! — ri alto.
— Hunter, Vanessa e Brie já estão na fila. Talvez Christian e Adrian também.
— Quanto mais gente, melhor! — anunciou o homem.
— Brie comentou que vocês tiveram um encontro com a turma de 98 — lembrou, Mel.
— Ah sim! Foi muito bom! Todo o pessoal foi, incluindo a Lizzie — lembrei — Vocês não vão nem acreditar! Graças a esse encontro, o Christopher foi o meu advogado no divórcio.
— Christopher? Chris Evans? Filho da Lisa? — assenti — Como eu gosto daquele garoto! — eu e minha mãe rimos.
— Nós sabemos, pai!
— Por que não o chamou para vir?
— Ele tinha uma reunião importante. Trabalha no Baker Mackenzie — meu pai arregalou os olhos — E pelo o que parece, é patente alta lá dentro.
— Esse era o homem que eu queria que você casasse.
— Papai! — o repreendi, causando risos em minha mãe — Ele era o meu melhor amigo.
— E daí?
— Seu pai tem uma imaginação muito fértil, Scar — talvez nem tanto.
— Não custa nada desejar algo bom a minha filha, ok? Ele sempre foi estudioso, esforçado, caseiro, foi para Harvard e ainda puxava a orelha da Scarlett sempre que precisava.
— Eu não me recordo dessa última parte — menti.
— E você acha que me engana, Johansson! — revirei os olhos — Ligue para ele e mande ele vir. Ele que ousa voltar para Boston sem vir me ver.
— Casa logo com ele. Está solteiro — provoquei.
— Você também está — minha mãe insinuou.
— Virou complô?
— Só queremos o seu bem.
— No momento, estou bem sozinha.
— Então não rola nada? — meu pai sussurrou, nos fazendo rir.
— Ai meu Deus! — coloquei as mãos no rosto.

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