6 • Inicio de uma amizade

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Agosto, 1998 • Boston – MA Scarlett Johansson

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Agosto, 1998 • Boston – MA
Scarlett Johansson

O auditório do colégio estava escuro quando passei por sua entrada. Senti o ar condicionado alcançar a minha epiderme enquanto a sola dos meus tênis entravam em contato com os degraus da escada central, que eram forrados com um tapete vermelho de aspecto aveludado. A imensidão daquele ambiente era completamente diferente de quando aconteciam os comícios ou peças semestrais, com familiares interagindo entre os assentos.

Ao me aproximar do palco mal iluminado, apertei as minhas mãos dentro dos bolsos frontais da jaqueta do time, tentando conter a ansiedade. Eu não deveria estar nervosa, inclusive, soava de forma vergonhosa. A co-capitã do time das cheerleaders com medo de palco. A mesma que ficava sobre o topo de uma muralha humana com roupas extremamente curtas e justas, para centenas de pessoas.

— A aula só começa em trinta minutos — uma voz masculina assustou-me o suficiente para que eu desse um pulinho, reagindo a surpresa de ter uma outra presença ali — Desculpe, não quis te assustar.

Ainda recuperando do susto, virei na direção da voz que me assustou sorrateiramente, descobrindo a presença de Evans ali. Ele estava sentado na segunda fileira com os pés na poltrona da frente, um caderno com capa de couro marrom em suas mãos e um lápis comum. Seu olhar encabulado me fitava, procurando uma reação diferente da qual eu tive segundos atrás. Talvez Chris estivesse esperando que eu o repreendesse por me surpreender.

— Você realmente sabe ser invisível — disse, entre risos e notei a sua feição mudar de receoso para envergonhado.
— Anos de prática.

Cautelosamente, caminhei até ele, ainda com as mãos no interior dos bolsos da jaqueta e, mais uma vez, ele me observou, porém dos pés a cabeça, retirando as pernas esticadas sobre a poltrona da frente na intenção de manter uma posição mais receptiva. Sem perguntar, sentei ao seu lado e fitei o palco mal iluminado a nossa frente.

— Você já fez aulas de teatro antes? — perguntei.
— Não.
— Sua mãe é professora de teatro e ela nunca te pressionou para isso? — o olhei e percebi que ele evitava retribuir o olhar.
— Esse é o principal motivo para eu não fazer teatro. Já sou alvo de muitas perturbações.
— Isso tornaria tudo pior — completei o seu pensamento e o vi assentir — Confesso que nunca reparei em você no colégio antes.
— Isso deveria ser um elogio? — ele retrucou, tentando não sorrir.
— Para alguém que se esforça tanto em ser invisível, sim — Chris suspirou.
— Devo agradecer? — dessa vez, eu quem tentei não sorrir.
— Talvez — um silêncio pairou sobre nós.
— Não tive a oportunidade de te agradecer pelo o que você fez por mim.
— Não precisa agradecer — dei o meu melhor sorriso e mais uma vez, o vi corar — Robert é um idiota!
— Ele me tira do sério há dois anos — admitiu.
— Por que nunca falou isso a ninguém?
— Não é como se a escola se importasse com isso — infelizmente ele estava certo — Mas naquele dia, ele realmente me pegou em um mal momento.
— Você revidou? — perguntei, surpresa.
— Consegui pelo menos causar um olho roxo nele.
— Se quiser, te ensino a quebrar ombros alheios — finalmente ele liberou a sua risada e me vi encantada com sua naturalidade. Chris podia ser espontâneo quando queria.
— Eu te dei um problemão.
— Não tanto quanto eu dei ao Downey — disse, orgulhosa.
— Tenho a impressão que você sonhava com isso — nós rimos, sem escrúpulos.
— Você não faz ideia! Ele não é a minha pessoa favorita nesse colégio.
— E você tem alguém favorito aqui? — Chris perguntou, curioso.
— Se eu continuar sendo a sua heroína, talvez seja você — seu olhar caiu miseravelmente envergonhado após meu comentário — Mas no momento, Brie é minha pessoa favorita.
— Eu achei que iria dizer seu irmão.
— Eu já nasci grudada com ele, não preciso que seja a minha pessoa no colégio também — ele riu fraco.

O som da porta invadiu o ambiente acompanhado de passos abafados sobre os degraus. Olhei para trás afim de ver quem eram os visitantes, já que a aula não começaria por agora, mas apenas me deparei com Sebastian e Hunter, conversando aos risos, como se fossem velhos amigos.

— Falando nele... — eu disse, fazendo o Chris rir.
— Desde quando vocês são amigos? — Evans perguntou, observando os rapazes sentarem nos assentos atrás de nós.
— Desde quando a gente precisou te carregar por cinco corredores e dois lances de escada — Sebastian respondeu.
— Isso meio que une os homens — gargalhei — Desde quando vocês são amigos? — Hunter perguntou, referindo-se a mim e Christopher.
— Desde quando eu quebrei o ombro de Robert por ele — sorri, como se fosse óbvio.
— Justo — disse, Sebastian.
— Somos amigos? — Chris perguntou e eu fingi estar ofendida.
— Eu mereço — lamentei.
— Eu também não perderia a oportunidade de ver a minha maninha em cima do palco.
— Não é como se eu fosse interpretar a Sininho no primeiro dia, Hunter — ele deu de ombros.
— Talvez no quinto — disse Chris, e eu o olhei procurando respostas. Hunter e Sebastian riram atrás de nós — Calma, é brincadeira.
— Eu realmente mereço — me afundei na poltrona.
— Vocês já tentaram entrar para o time? — eu e Chris nos viramos bruscamente para trás — O quê? — Hunter nos olhou sem entender — Como novo capitão, preciso ficar de olho em possíveis integrantes.
— Esse cara aqui tem dois pés esquerdos — Sebastian afagou o ombro do amigo — Vocês não assistiram o tombo dele no treino há uma semana atrás?

Hunter gargalhou tão alto que causou eco no auditório. A última vez que o vi rir dessa forma, foi quando o papai ficou bêbado na ceia de Natal e fez xixi dentro do closet da mamãe. Foi um assunto que rendeu até a festa de Ano Novo.

Vi Chris revirar os olhos repugnando o espetáculo de risos que contagiou a todos após o meu irmão iniciar. Eu tinha quase a certeza de que, se eu continuasse a rir nos próximos dois minutos, meus pulmões iriam explodir.

— Eu ainda não consegui achar a graça — disse Chris, visivelmente descontente.
— Você vai achar graça quando eu contar o motivo da sua queda para eles — os olhos de Chris pareciam que iriam saltar da órbita ocular.
— Não foi por causa dos dois pés esquerdos? — perguntei curiosa, ainda ofegante pelos risos.
— Também — Evans o fuzilou com o olhar.
— Você não faria isso! — o loiro disse, tentando controlar a própria respiração.
— Faria! — Sebastian o provocou.
— Então faz logo! — Hunter incentivou — Eu quero saber!

E Sebastian realmente iria contar, mas a senhora Capuano entrou no auditório com os seus alunos, indicando que a aula começaria em poucos instantes.

— Salvo pela mamãe! — Stan brincou, me fazendo rir.
— Eu vou te matar enquanto você estiver dormindo — Chris retrucou, causando o riso de todos.

— Eu vou te matar enquanto você estiver dormindo — Chris retrucou, causando o riso de todos

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