In Love

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Se falassem para Gaara há anos atrás que ele se apaixonaria, ele zombaria da pessoa, pois não havia espaço para a luz na escuridão em que se mantinha. E quem iria querer ficar com um ser tão desprezível como ele? Matou tantas pessoas até se perder na contagem, ignorava e machucava seus irmãos a troco de nada — ninguém se relacionaria com ele a não ser por medo. 

Isso mudou até o fatídico dia da sua morte. 

Se Gaara achava que sabia o que era viver sozinho, estava enganado. Desde o momento em que sentiu a Besta de Caudas ter a sua última gota de chakra extraída de si, Gaara entendeu o que era solidão. 

Irônico, não? Sentir falta de um ser que tornou sua vida num verdadeiro inferno. E por mais que se odiasse por ter se entregado ao Ichibi, ele proporcionou o primeiro sentimento de acolhimento — embora distorcido — que o Sabakuno sentiu, afinal, todos o queriam morto, menos o Shukaku. Não eram amigos, mas sabiam o que era o ódio, a dor e a traição, e nisso eles se entendiam como ninguém. 

Então, desde que percebeu o vazio deixado por ele, Gaara viu o quão quebrado estava. Parecia ter durado uma eternidade, mas ele reviveu tudo que aconteceu após se marcar com o kanji do amor na testa.

Todos os dias em que humilhou seus irmãos, viu a primeira vez que sua irmã disse que tinha medo dele, o dia em que Kankuro chorou pedindo para que não o matasse. O ataque a vila da Folha, todas as mortes provocadas no exame chunnin, sem nunca ter sentido nenhum remorso. Também reviveu uma das cenas que mais se arrependeu: A batalha com o Lee. Sentir e ver o amor que Gai-sensei dizia sentir pelo seu aluno o causou um tremendo ódio, e não só isso, pela primeira vez, Gaara sentia inveja de alguém. E por pensar que jamais teria aquilo pra si, não se controlou, e quando foi ver, sua areia já estava quebrando os ossos de Lee.

E então, reviu o dia em que teve seu controle de volta na marra, na sua luta com Naruto. Não saberia quantas vezes seria necessário dizer ao Uzumaki que era grato por ter trazido de volta um fragmento do que foi no passado, por isso sempre sentia-se em dívida com o loiro, que se tornou um dos seus melhores amigos desde então. E se não fosse Naruto naquele dia, ele nunca iria retomar o controle do Shukaku. Porque sabia que não teria a coragem e a determinação necessária para retomar sua vida em Suna e com seus irmãos. 

E conforme sentia suas forças acabarem, se sentia feliz. Conseguiu ter o perdão dos irmãos, e se esforçou para ser perdoado pela vila, ganhando também sua confiança para ser o maior protetor dela, ser seu Kazekage. E que honra ele sentia ao morrer lutando por Suna! E já estava conformado, por isso, finalmente se entregou a escuridão que o envolvia, sentindo que merecia a solidão da morte.

Ledo engano.

Nunca tinha sentido tanta angústia e pavor ao ver que não haveria nada além do escuro e eterno silêncio. Ali, ele se arrependeu de não ter vivido o bastante, nunca saberia como seria sua vida se não tivesse tido um demônio dentro de si. E, embora nunca o tenha feito antes, se pegou rezando. Não ligava para quem ouviria, só queria que fosse atendido. Não queria que fosse a sua hora, almejava poder viver e aprender sobre todos ao seu redor.

Queria ter uma chance de ser genuinamente feliz.

E Gaara sabia que, após Chyo ter lhe dado uma segunda chance para viver, ele se esforçava ao máximo para honrar seu sacrifício, buscando sua própria felicidade.

Tudo o que desejou no seu leito de morte estava se realizando. Tinha amigos, amava e era amado por seus irmãos, era respeitado e amado por todos da vila, e pensava que não precisava de mais nada na sua vida para que se sentisse feliz.

Learning to Love - GaaHina - EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora